terça-feira, 30 de abril de 2013

SALÁRIO NÃO É RENDA


          
 
A Línguagem é, para o ser humano, um instrumento vivo e dinâmico de representação do mundo e das experiências nele vividas. Nada existe que não tenha um nome para sua designação, fazendo com que nossa linguagem determine a visão que temos do mundo e de tudo que ocorre a nossa volta. Neste sentido, os significados que atribuímos a determinadas palavras, constituem o conjunto de crenças que direcionam nossas vidas e determinam nossas ações concretas diante de cada situação vivenciada. Além disso, o conjunto de palavras definidas no dicionário de qualquer língua tem valor de lei, por representar um consenso nacional sobre os significados atribuídos a determinados vocábulos, os quais servem de base para a compreensão das leis jurídicas instituídas neste mesmo país. Quando paramos para analisar mais profundamente palavras que fazem parte do nosso cotidiano, deparamo-nos, às vezes, com surpreendentes descobertas Numa destas freqüentes incursões pelas páginas dos dicionários, e pelas leis instituídas sobre termos específicos, encontramos alguns aspectos muito interessantes com relação aos termos salário e renda, que passamos aqui a questionar, até por se tratar de um assunto pertinente a todos nós brasileiros:
O termo salário tem origem nos tempos épicos do Império Romano, quando os soldados eram pagos com sal, estabelecendo-se, desde então, uma relação intrínseca entre salário e sustento da vida. No Brasil, quando instituído, em 1º de Maio de 1940, através do Decreto -lei 2.162, pelo Presidente Getúlio Vargas, em seu artigo 1º, o salário-mínimo destinava-se à satisfação das “necessidades normais de alimentação, habitação, vestuário, higiene e transporte”, caracterizando, mais uma vez, a destinação do salário à manutenção das necessidades de vida do trabalhador.
            Por sua vez, no Dicionário Etimológico Nova Fronteira (pág.675) o termo renda está assim definido: resultado financeiro de aplicação de capitais ou economias, ou de locação ou arrendamento de bens patrimoniais”. Por esta definição depreende-se que renda e salário não são sinônimos lingüísticos, já que renda é o rendimento obtido com a aplicação de economias constituídas pelas sobras de salário. Se renda não é o mesmo que salário, por que o chamado Imposto de Renda tem incidência sobre o valor bruto dos vencimentos do trabalhador? Por que o imposto de renda, ao invés de incidir apenas sobre os lucros financeiros obtidos através das diferentes formas de aplicação das sobras salariais, retira, na fonte de recebimento salarial, um percentual dos recursos destinados à alimentação, habitação, vestuário, higiene e transporte do trabalhador? Em que momento da trajetória legislativa esta distorção lingüística ocorreu? Será que um trabalhador, já considerado de classe média, que ganhe em torno de R$2.000,00, sobre cujo salário incide o desconto de imposto retido na fonte, supriu todas as necessidades normais de alimentação, habitação, vestuário, higiene e transporte, para si mesmo e para sua família?” Ou será que ele está sendo obrigado a repassar para o Estado, recursos que ainda seriam necessários para o sustento e para a melhoria da qualidade de vida de seus familiares?
            A partir da definição lingüística dos termos salário e renda, entende-se que o trabalhador citado no exemplo acima, somente deveria pagar imposto caso aplicasse as sobras do seu salário no mercado financeiro ou locação, ou ainda arrendamento de bens patrimoniais, passando a usufruir de lucros desvinculados de qualquer atividade laborativa. O que nos parece bem definir o termo renda é o fato de que, aquele que vive de rendas, não necessita trabalhar, mas usufrui lucros originários de outras fontes.
            Talvez alguns leitores estejam se perguntando por que, um tema tão específico de Direito e Economia está sendo abordado por uma Psicóloga. Os Psicólogos são agentes de transformações sociais e a eles, cabe justamente questionar o status qüo da sociedade, naqueles aspectos relacionados com os condicionamentos aos quais somos submetidos, sem percebermos a quem eles podem favorecer. Além disso, este é um assunto de interesse de todos os brasileiros que ao final de cada ano fiscal, fazem malabarismos financeiros, muitas vezes prejudicando a qualidade de vida e o sustento de sua família, para não se transformarem em sonegadores fora da lei.
            Como este, entretanto, não é um assunto específico de minha competência profissional, deixo aqui uma indagação aos Advogados, Promotores e Juízes, defensores da Justiça e da Sociedade, aos quais cabe pesquisar: Salário é renda?
   
                                                                                           SUELI MEIRELLES

quinta-feira, 25 de abril de 2013

CONSIDERAÇÕES SOBRE O EGO

  
           
No dia-a-dia das relações humanas, observamos que o convívio entre as pessoas, está cada vez mais estressante. Quer seja no ambiente familiar, profissional ou social, aumentam, cada vez mais, os entraves a serem superados a cada momento. Afinal, o que está acontecendo? Qual a fonte e origem de todos esses desentendimentos, que sugam nossas energias, que poderiam estar sendo utilizadas de forma mais produtiva?
            O primeiro passo para a compreensão da origem dos conflitos foi dado por Sigmund Freud, quando, em sua teoria da personalidade, postulou a existência de uma parte psíquica, a qual denominou Ego. Lingüisticamente, o ego é assim definido: “Nome dado em Psicanálise à parte psíquica intermediária entre o id e o superego, ou seja o mundo dos instintos e o mundo exterior.” Na mesma página 374, do Dicionário da Língua Portuguesa, editado pela Câmara Brasileira do Livro, em 1971), encontramos, ainda os termos derivados deste constructo:Egocêntrico - que tem por centro o próprio eu; Egocentrismo – Atitude daquele que tudo refere ao próprio eu; Egoísmo – amor exagerado ao bem próprio, com desprezo ao dos outros. Egoísta – Diz-se da pessoa que só trata de seus interesses. Ególatra – Pessoa que tem o culto de si mesmo. Egotismo – Sentimento exagerado da própria personalidade.
                A partir destas definições, podemos, aqui, tecer algumas considerações sobre o Ego Humano: Em sua função psicológica mais específica, o ego é a instância psíquica que corresponde ao adulto, dentro de cada um de nós. Cabe a ele realizar a intermediação entre os nossos desejos (positivos ou negativos) e as regras e valores sociais (éticos), que nos foram transmitidos pela educação familiar e pela cultura da sociedade em que vivemos. A primeira questão é que, mesmo as pessoas cronologicamente adultas podem não ter um ego amadurecido o suficiente para sobrepor-se aos desejos, muitas vezes deixando-se dominar por eles. Este é, por exemplo, o caso da exacerbação do desejo material, quando, para justificar a ganância desmedida, o indivíduo se utiliza, principalmente do mecanismo defensivo de racionalização, para justificar suas ações prejudiciais ao patrimônio alheio. O mesmo pode ocorrer em relação aos desejos sexuais, e aos desejos de poder que, juntamente com o desejo material, constituem os três principais pontos de conflitos interpessoais, situados no nível da personalidade, a máscara social utilizada nas relações com o mundo externo.
               Em relação ao domínio dos desejos sexuais, temos, como exemplo, a séria crise de paternidade estabelecida na sociedade de hoje, na qual a liberdade exacerbada abre espaço para que as relações sexuais ocorram, antes mesmo que o casal tenha identificado as afinidades e os objetivos de vida em comum, necessários para um relacionamento duradouro, gerando disputas jurídicas posteriores,  atualmente tão comuns, pela posse de crianças.
            Em relação ao desejo de poder, encontramos os infindáveis casos de exacerbação do ego, principalmente nas áreas de atuação profissional e política, onde surgem as disputas por cargos, placas de inauguração, prestígio e influências sociais... E todas as demais ilusões que podem afetar o nosso ego, neste mundo material (e materialista) no qual vivemos. É nesse ponto que surge a nossa tarefa pessoal e intransferível: Evoluir dos desejos insaciáveis do Ego, para a missão existencial do Self, nosso Eu Superior, onde encontramos, efetivamente, as nossas melhores qualidades; quando conseguimos nos colocar na difícil condição do “nu psicológico”, no qual a nossa sombra e a nossa Luz Interior são trazidas ao consciente, para que a primeira seja transcendida e a segunda, integrada. Neste oitavo estado de consciência (considerado um estado superior, somente possível de ser alcançado através da vivência da religiosidade; do nosso encontro com Deus), apoiados sobre o melhor de nós mesmos, conseguimos ter a coragem de olhar para o pior em nós, para descobrirmos que somos todos, sem exceções, alunos da escola da vida, onde cada experiência que atravessa os nossos caminhos existenciais é uma oportunidade de transformação interior.
            Neste momento em que as relações humanas estão tão difíceis, encontrar um momento de contato com o Eu Superior, pode nos ajudar, e muito, a atravessarmos, principalmente, os aspectos inferiores de nossas personalidades, que nos impedem de tomarmos a direção do que as Tradições Religiosas denominam de Retorno à Casa do Pai.
            Dentro de uma leitura metafórica (a linguagem do inconsciente) esta Casa, onde podemos encontrar a paz interior, tão escassa no mundo atual; este lugar ideal, que procuramos em tantos lugares; este estado de serenidade e aceitação de tudo aquilo que volta a cada um de nós, porque, em algum momento do tempo foi o que lançamos ao mundo; este Templo Pessoal a ser levantado a cada dia, a cada passo, em cada encontro e desencontro, é a construção do Ser Humano que viemos ser, conseguida pela subordinação dos nossos aspectos inferiores de personalidade (movidos pelos desejos), ao domínio da nossa individualidade, onde o verdadeiro Ser, espera, no silêncio, para ser por nós revelado...

                                                                                             SUELI MEIRELLES

terça-feira, 23 de abril de 2013

ONDE ESTÁ O VALOR DO DINHEIRO


         
  
As civilizações primitivas não utilizavam dinheiro, mas um sistema de trocas de mercadorias. Com o aumento do comércio entre os povos, o sistema de trocas deixou de atender à complexidade cada vez maior da atividade comercial, surgindo a necessidade de um elemento de compensação para as diferenças de valor entre as mercadorias. Assim surgiu o dinheiro, que desde a forma mais conhecida na Antigüidade (as moedas de ouro), até o moderno papel-moeda e o ultra-moderno cartão magnético, vem  exercendo  fascínio sobre os homens, impelindo-os á toda sorte de desatinos. Quando correlacionamos o valor atribuído ao dinheiro, com os centros de energia do corpo humano, conhecidos também há milênios pela medicina oriental, entendemos como esse mecanismo psíquico funciona.
            Os seres humanos possuem sete centros energéticos ou chacras, cada qual ligado a um plexo glandular e a comportamentos específicos:
            O chacra básico, que corresponde às glândulas supra-renais ou adrenais, está associado aos comportamentos de luta e fuga, levando as pessoas nas quais predomina este chacra, a utilizar o dinheiro para proteger-se em relação aos seus semelhantes, pelo medo de perdê-lo ou a lutar por ele, mesmo que isto chegue ao extremo de ter como custo a vida do próximo.
            Quando o chacra sexual ligado às glândulas sexuais, predomina numa pessoa, esta destinará o dinheiro á evitação de tudo aquilo que lhe causa dor e à busca de situações que lhe proporcionam prazer, podendo passar a viver esta dualidade, durante toda a sua existência.
            Quando o chacra esplênico ligado ao baço, predomina sobre o psiquismo, a pessoa dedicará todos os seus recursos financeiros à obtenção de status e poder sobre os outros, evitando situações de submissão ou subordinação, tendo como principal objetivo, alcançar as melhores posições na pirâmide social, na qual está inserida.
            Pelo predomínio do chacra cardíaco, relacionado à glândula Timo, no peito, a pessoa utilizará seus recursos financeiros para a conquista de objetos ou pessoas, aos quais se apegará afetivamente, retendo-os perto de si, numa expressão de extremo sentimento de posse. No sentido positivo, neste nível, o dinheiro já poderá ser utilizado de forma altruísta e solidária, para ajuda ao próximo.
            Quando comandado pelo chacra laríngeo, relacionado à glândula tireóide, o uso do dinheiro poderá ser destinado para a multiplicação de obras positivas ou para atos criativos em qualquer campo de atividade humana, sempre de forma construtiva.
            Nos casos em que o uso do dinheiro é orientado pelo chacra frontal, ligado à glândula pituitária e à intuição, ele será colocado a serviço de evitar o mal e produzir o bem, em relação à própria pessoa que o possui, ou aos seus semelhantes.
            Quando o uso do dinheiro está a serviço do chacra coronário, ligado à glândula pineal, ele passará a ser um meio de promover a evolução humana, destinando-se a adquirir tudo aquilo que seja útil a este objetivo.
            Embora na sociedade moderna o dinheiro continue sendo apenas um instrumento de troca de mercadorias, em função do predomínio do pensamento materialista, ele ganhou até uma espécie de identidade própria, expressa por jargões financeiros que lhe atribuem comportamentos assim definidos: O “mercado financeiro ficou nervoso” ou “ficou agitado”, ou ainda “ressentiu-se” com a guerra no Oriente Médio ou com possíveis decisões políticas, que contrariem interesses de grandes corporações transnacionais. Como nas antigas civilizações pagãs, o dinheiro assume o status de divindade benfazeja ou malfazeja, que precisa ser cultuada, para que não deixe de atender aos seus devotos, ou aplacada em sua ira, para que não os destitua de seus favorecimentos, criando uma egregora mental e coletiva, em que aqueles que o possuem temem perde-lo e aqueles que não o tem, temem nunca chegar a tê-lo.
            Em nossa sociedade consumista, o dinheiro vem se tornando cada vez mais escasso para atender a todos os desejos gerados pela intensa propaganda de bens de consumo, diariamente presente nos meios de comunicação de massa.
            O que nos surpreende e conduz à reflexão, em todo esse processo é saber que o valor do dinheiro não é condição intrínseca do pequeno pedaço de papel moeda, mas depende do grau de importância e da destinação que lhe atribui a mente humana, em função de seus valores de vida.

                                                            SUELI MEIRELLES

terça-feira, 16 de abril de 2013

MÚLTIPLAS PERSONALIDADES


           
Há algum tempo, o noticiário divulgou o caso de uma brasileira, descendente de índios que, nos Estados Unidos, estava sendo processada por maltratar os sobrinhos-enteados. Durante o julgamento, várias personalidades tornavam-se emergentes, levando o Juiz e os jurados à conclusão da necessidade de sua internação numa clínica psiquiátrica. Diante deste caso, temos duas abordagens distintas:
 De acordo com o velho paradigma científico, o newtoniano-cartesiano, baseado naquilo que pode ser percebido através dos cinco sentidos, ou da ampliação destes, a mulher apresenta um caso raro de personalidades múltiplas e deve ser submetida a uma terapia medicamentosa, que reduza ou elimine os sintomas apresentados. Dentro desta perspectiva, os prognósticos de cura são reduzidos, restando apenas a possibilidade de manter os sintomas sob controle, com o uso prolongado de medicamentos. Restará, à paciente, uma sobrevida alienante, para que, finalmente, os efeitos colaterais dos medicamentos utilizados tornem a sua existência tão ou mais trágica do que a loucura que ela manifesta.
De acordo com o novo paradigma holístico emergente no campo da ciência, baseado nos estudos da Física Quântica e naquilo que pode ser percebido através dos sete sentidos (cinco sensoriais e dois extra-sensoriais), a questão alcança uma dimensão ampliada, dentro da qual a reavaliação de novas premissas se faz necessária.
No estudo da fisiologia humana, dentro da ciência oficial, pouca ou nenhuma importância se dá às glândulas pineal e pituitária, como se elas não tivessem nenhuma função. Segundo a medicina oriental e os mais recentes estudos realizados no Ocidente, sobre as funções dessas glândulas, elas são responsáveis pela percepção extra-sensorial, caracterizando pessoas sensitivas. Segundo estas pesquisas, estas pessoas apresentam, na glândula pineal, uma quantidade maior de cristais de apatita, com ação semelhante a dos celulares, o que lhes faculta uma percepção ampliada quando comparada à percepção das pessoais consideradas “normais”.
Dentro do novo paradigma científico, cada pessoa é constituída por um feixe de Eus, que podem funcionar de forma integrada e harmônica, ou apresentar distúrbios, quando estas personalidades latentes se sobrepõem à personalidade atual e a dominam.
Com os novos recursos terapêuticos atualmente disponíveis, torna-se possível a utilização de técnicas de acordo entre partes dissociadas da personalidade, ou entre personalidades autônomas e conflitantes, para que o ser humano, como um todo, recupere a harmonia de sua dinâmica psíquica.
Atualmente, estas duas abordagens vêm sendo discutidas, sob as pressões dos meios econômicos, que lucram com a utilização de medicamentos que estão longe de, comprovadamente, promoverem a cura psíquica.
Quando a ética se sobrepuser aos interesses financeiros, novas possibilidades de cura estarão disponíveis para todos aqueles que atualmente vivem o drama de apresentarem percepções que a ciência teima em classificar como sendo fora da realidade.
O primeiro passo seria definir com clareza isto que chamamos de realidade: realidade é apenas aquilo que é percebido pelos cinco sentidos, voltados para o mundo externo, ou podemos também considerar realidade aquilo que é percebido através da subjetividade da percepção extra-sensorial?
Como os pressupostos científicos também se baseiam em crenças defendidas pelos cientistas; como os pensamentos morrem lutando; como as transformações somente acontecem de uma geração para outra, talvez tenhamos que esperar que o próprio tempo traga o consenso científico capaz de permitir que novos investimentos de pesquisas se façam nesta área tão fantástica do inconsciente humano.
Até que isto aconteça, pessoas serão condenadas; pessoas serão internadas como loucas, sem perspectivas de cura; vítimas da onipotência daqueles que se consideram donos do saber, ditando os parâmetros de normalidade e os “procedimentos terapêuticos” a que estes infelizes serão submetidos.

SUELI MEIRELLES

domingo, 14 de abril de 2013

ÉTICA E TECNOLOGIA


           
Já há alguns anos, a mídia exerce a função de trazer a público, toda sorte de desvios éticos, nos vários segmentos da sociedade. Nossas feridas sociais estão mais expostas do que nunca: Babás que espancam bebês; acompanhantes que espancam idosos até a morte; pais que matam filhos e filhos que matam pais; políticos que se corrompem, em negociatas escusas; juízes que se vendem ao poder paralelo; ”aviões” do tráfico de drogas, levando desespero e morte às famílias já mal-estruturadas. Como no Apocalipse Bíblico, a Besta está solta! Vista por este ângulo concreto, nossa civilização decadente, entra em sua fase autofágica, alimentando-se de seus próprios detritos. Os valores morais da velha civilização, já apodrecidos, fertilizam a Terra, preparando-a para uma nova semeadura.
            Quando olhamos todos estes acontecimentos, certemente nefastos aos olhos do mundo, com a sabedoria que a própria história da humanidade nos traz, compreendemos que as civilizações nascem, crescem e morrem, dando lugar a novos modos de ser e de pensar.
            Quando olhamos para estes acontecimentos com os olhos, os ouvidos e os sentimentos das grandes tradições de Sabedoria Milenar da humanidade, compreendemos este momento como uma transição planetária, na qual teremos que obrigatoriamente trazer à consciência nossos “demônios internos”, nosso lado mais feio, nossa sombra evolutiva, para que ela seja conhecida e dissolvida à luz de uma nova consciência e de uma nova ética. Mesmo que todo este processo esteja acontecendo sem a compreensão da maioria das pessoas envolvidas, ele segue inexoravelmente o seu rumo, movido pelo quantum de energia mental e emocional daqueles que já alcançaram um novo patamar evolutivo e estão sequiosos por justiça, equilíbrio e harmonia. Todas as vezes que um determinado número de elementos de uma espécie alcança um novo padrão, ocorre um salto quântico, que eleva toda a espécie a este novo patamar. Em obediência ás Leis Evolutivas, a espécie humana, em sua maioria cega para o sentido da própria existência, é conduzida ao seu destino, seguindo o rumo do aperfeiçoamento. E para que este objetivo seja alcançado, é necessário que todo o mal seja expurgado; e para que todo mal seja expurgado, ele precisa ser conhecido e desvalorizado, perdendo o seu poder coercitivo, pela própria banalização de tudo que é vil, até chegar a um ponto em que ninguém lhe dê atenção, por sentir-se saturado de tanta podridão. A própria banalização da morte, ceifando vidas de modo tão estúpido e cruel, leva as pessoas a buscarem um sentido para tanta incoerência. As antigas instituições da velha civilização apodrecida, não servem mais de garantia para o cidadão. Não existe mais segurança em nenhum lugar, exigindo que cada um busque a segurança dentro de si mesmo. Não existem mais cadeados, trancas ou quaisquer artifícios inventados pelo homem, que possam coibir toda a insanidade humana emergente. “Haverá um tempo em que um não poderá fazer pelo outro. Quem estiver no telhado não desça; quem estiver no campo não volte à casa”, diz a Sabedoria Milenar, mostrando-nos que o fator determinante, neste momento de transição evolutiva, é o padrão interno de cada um.
            Embora aos olhos do mundo o caos esteja reinando, de modo sutil, a Lei Evolutiva coordena os acontecimentos, promovendo a grande faxina no interior do homem. Como um grande Raio-X da humanidade, a mídia detecta o “câncer” que precisa ser extirpado. Todos os dias, nos noticiários, as doenças sociais são diagnosticadas; os doentes civilizatórios são identificados. Toda a tecnologia criada para servir ao homem transforma-se, por Leis Sábias, no melhor instrumento a serviço da evolução da espécie.
            Durante algum tempo (anos, séculos, quem sabe?) este processo estará ocorrendo, até que todos estejam cansados de tantos desatinos, buscando dentro de si mesmos o que restou de positivo; aquela essência perfeita esquecida pela mente consciente, nos recônditos da própria alma. E então o caminho de retorno terá início, sem imposições de quem quer que seja, mas apenas pelo esgotamento da própria iniqüidade humana, levando cada um a dizer um basta ao mal dentro de si mesmo. E no futuro, em dia histórico para toda a humanidade, ainda a ser marcado, o dia universal da ética, em todas as praças, de todo o mundo, seres humanos conscientes da própria evolução, estarão reunidos para queimar todos os arquivos em que a tecnologia registrou este triste período da nossa história. E nesse novo tempo, muitos ficarão admirados diante do fato de que ele tenha, realmente, existido...

SUELI MEIRELLES

sábado, 13 de abril de 2013

DINHEIRO, SEXO E PODER

As modernas pesquisas cientificas evidenciam que somos seres multidimensionais, existindo simultaneamente, em vários níveis de realidade. Nossa atenção consciente, entretanto, pode estar voltada apenas para alguns deles, gerando desequilíbrio psíquico ou, no mínimo, impedindo-nos de expressar tudo aquilo que somos em potencial.
            A primeira dimensão de funcionamento do ser humano, a dimensão material, se expressa através da aparência, saúde do corpo físico e quantidade de bens de consumo que o indivíduo consegue acumular ao longo de sua existência. Nesta dimensão existencial, tudo pode ser percebido pelos cinco sentidos e quantificado, assumindo valor de realidade palpável.
            A segunda dimensão existencial, a sexualidade, também pode ser percebida através de uma função biológica e quantificada pela freqüência da atividade sexual de um indivíduo e por sua capacidade reprodutiva, expressa por um determinado número de filhos trazidos ao mundo ou freqüência de relações sexuais.
            A terceira dimensão do ser humano, a dimensão do poder exercido sobre outros seres humanos, pode ser identificada pela posição que ele ocupa numa pirâmide social, quer seja de uma cidade, estado país, continente ou planeta, ainda passível de quantificação, pelo número de pessoas que lhe são subordinadas.
            Estas três dimensões compõem o que chamamos de mundo tridimensional ou realidade, dimensões estas privilegiadas pela ciência clássica, desenvolvida sobre as crenças da física mecânica, considerada durante muitos séculos, como a única realidade possível.
            A quarta dimensão existencial do ser humano, a afetiva, é a primeira que não está acessível aos cinco sentidos, não podendo mais ser tocada ou quantificada. Não possuímos nenhum recurso tecnológico que nos permita mensurar quanto amamos ou o quanto somo amados por alguém, penetrando, assim, no campo da subjetividade humana, o qual não mais está sujeito às leis que regem o mundo da matéria. As três dimensões existenciais seguintes, o pensamento, a intuição e a capacidade de transcendência do ser humano, por serem abstratas e não quantificáveis, por força de influência da objetividade científica, que vigorou nos últimos trezentos anos, cederam lugar, na atenção do próprio homem, àqueles três aspectos mais concretos de sua existência. O culto ao dinheiro, ao corpo, ao sexo e ao poder, assumiu uma posição preponderante na mente do ser humano, absorvendo toda a sua atenção, e  transformando estes  três aspectos nos principais objetivos de sua existencia.
            Absorvido pela ilusão do mundo material como única realidade, o homem se esqueceu da transitoriedade dessas suas dimensões existenciais, enquanto Ser Eterno e dos potenciais ocultos em suas dimensões mais abstratas de funcionamento. Como um músico que tivesse um instrumento capaz de vibrar as sete notas e utilizasse  apenas as três primeiras, ele torna a sua obra existencial empobrecida, expressando as notas mais densas e se esquecendo da sutileza das notas mais elevadas. Por este motivo, o ser humano, dentro desta visão reducionista da vida, vive em conflito com a sua própria espécie, ora dominando, ora sendo dominado por seu apego aos prazeres proporcionados pelo dinheiro, pelo sexo e pelo poder, aprisionado à ilusão de que eles lhe trarão a felicidade tão desejada. Assim iludido, ele busca, insaciavelmente, na realidade material aquilo que somente poderia encontrar dentro de si mesmo: A plenitude existencial de expressar potenciais únicos de realização.
            As modernas pesquisas sobre a mente humana afirmam que a percepção de realidade é uma função do estado de consciência em que o indivíduo funciona, o que significa dizer que cada um de nós constrói para si um mundo particular e pessoal, constituído por tudo aquilo que ocupa o nosso pensamento, e que acaba por se manifestar em nossas vidas.
Escolher se viveremos em função do nosso aperfeiçoamento como seres humanos, buscando descobrir potenciais ocultos dentro de nós mesmos, ou em função de todas as coisas materiais, que poderemos acumular, para depois abandoná-las ao concluir mais uma etapa de estudos na escola da vida, é apenas resultado do estado de consciência em que nos encontramos neste momento evolutivo...

SUELI MEIRELLES - Professora, Pesquisadora e Especialista em Psicologia Clínica. Consultora em Desenvolvimento Humano, Saúde Integral, Ecologia Integral e Educação para a Paz. Escritora e Palestrante. Site: www.suelimeirelles.com

quinta-feira, 11 de abril de 2013

SÍNDROME DE PANICO

  
         
  
De repente o coração dispara, o peito se aperta, vem a sensação de tontura, de atordoamento, a respiração torna-se difícil, as mãos começam a “formigar”, tornam-se fracas; a temperatura do corpo alterna-se em calafrios ou ondas de calor; surge a sensação de estar sonhando; a realidade parece distorcida e o TERROR se instala (algo inimaginavelmente horrível está para acontecer). E seu eu perder o controle? Será que vou morrer?...
De um modo geral, estas são as características e sintomas de um quadro muito comum em nossos dias: A SÍNDROME DE PÂNICO. Aparentemente surgida do nada, ela se instala nas pessoas e assume o comando do comportamento, interferindo na capacidade produtiva e na independência, impedindo as atividades mais simples do dia-a-dia, como sair à rua para trabalhar, divertir-se ou resolver problemas.
            Afinal, de onde vem este distúrbio que pode ainda aparecer associado ao stress, alcoolismo, uso de drogas ou depressão?
            Para que possamos compreender tal fenômeno, precisamos, primeiramente, saber como funciona a nossa mente: A parcela que conhecemos e que chamamos de consciente, é apenas uma pequena parte (mais ou menos 14% de todo o nosso potencial mental). Existe uma parte bem maior e mais poderosa, o inconsciente (mais ou menos equivalente a 86% de potencial de realização) que contem todos os registros das experiências que passamos em nossa existência, desde nosso tempo de vida intra-uterina, nascimento, infância (mesmo antes do terceiro ano de vida, quando surge a memória consciente), até a juventude e idade adulta. No inconsciente, encontramos também registros transpessoais (memórias de experiências que não fazem parte da nossa vida presente, mas influenciam o comportamento atual).
            Mas, como um registro transpessoal pode influir no comportamento presente?
            Segundo Einstein nos explica, a contagem de tempo a que estamos habituados é apenas relativa a esta terceira dimensão, na qual vivemos. Em sentido mais amplo, ele nos diz que o tempo é uma mera formalidade, que permite organizarmos nossa vida diária. Numa outra dimensão, o tempo não é uma linha que tem o passado lá atrás, o presente aqui e o futuro ainda por acontecer. Ele se refere a dimensões atemporais, ou seja, a dimensões onde o tempo pode ser representado graficamente como uma linha circular, mostrando-nos  que a distância que nos separa do passado, do futuro ou do presente é a mesma. De acordo com essa teoria da Física Moderna, nosso inconsciente, que funciona em outra realidade dimensional, pode perfeitamente deslocar-se para traz no tempo (regressão) ou para frente (progressão, premonição), levando-nos a vivenciar experiências que não fazem parte da realidade de nossa vida na terceira dimensão.
            Com fundamentação na ATH-Abordagem Transdisciplinar Holística em Psicoterapia, buscamos compreender o Ser Humano como uma totalidade CORPO-MENTE- ESPÍRITO, capaz de vivenciar fenômenos nem sempre explicáveis através dos conhecimento da ciência clássica. Em nossa prática de consultório, muitas vezes lidamos com fenômenos psíquicos que exigem explicações no campo da Física Moderna, da Psicologia Transpessoal (além do pessoal) e da Metafísica (parte da Filosofia que busca explicar a origem dos fenômenos que o conhecimento científico ainda não alcançou).
                        Nos casos de SÍNDROME DE PÂNICO, percebemos que ela tem origem numa experiência ocorrida em outro momento do tempo, que por sua intensidade traumática foi esquecida (esquecimento motivado), e que interfere na existência atual, a partir do que se denomina de FATOR DESENCADEANTE (um estímulo visual, auditivo ou uma sensação semelhante aos estímulos sensoriais que estavam presentes na situação traumática original) e que evoca a sensação que estava retida no inconsciente mais profundo. Estes registros podem se referir a uma experiência vivida na fase de memória inconsciente (desde a vida intra-uterina até mais ou menos o terceiro ano de idade), a uma situação dolorosa que tenha ocorrido posteriormente a essa fase e tenha sido esquecida, ou aos chamados registros transpessoais (as vivências que não se encaixam na história de vida atual).
            Encontramos ainda uma causa de origem mais ampla e atual, associada ao processo evolutivo planetário, e que se refere ao movimento da Terra em termos de sutilização de energia, ou seja: O próprio processo evolutivo promove o distanciamento e a desvalorização daquilo que é concreto e a descoberta e valorização de experiências e conhecimentos cada vez mais abstratos. Isto faz com que as pessoas de pensamento mais voltado para as coisas materiais comecem a apresentar medos em relação a perdas, em função de seus sentimentos de apego e necessidade de controle.
            Neste momento em que uma civilização esgotou o seu ciclo e outra ainda se apresenta em forma embrionária, vivemos o que Fritjof Capra denomina de “Ponto de Mutação”, o momento de transição gerador de múltiplas situações de desestruturação, em várias áreas da experiência humana (saúde, educação, economia, valores morais) que acentuam os sentimentos de perda daqueles que ainda não despertaram para níveis mentais mais abstratos e sutis. Cabe acrescentarmos que, mesmo nestes casos, encontramos registros anteriores que contribuem para o desenvolvimento dos sintomas.
            Para que o problema possa ser resolvido, torna-se necessário que utilizemos um conjunto de técnicas de intervenção terapêutica, que incluem a regressão de memória, para que o conteúdo emocional armazenado (medo intenso, pavor) possa ser esvaziado e para que a mente inconsciente possa ser levada a perceber que agora está em outro momento do tempo, não necessitando mais ficar presa, emocionalmente, ao ocorrido, nem àquela percepção de mundo, promovendo-se assim uma ressignificação ou reprogramação mental dos conteúdos inconscientes.
            É importante lembrarmos que nossa mente inconsciente atua como um computador que obedece às programações transmitidas geneticamente ou instaladas na primeira infância (de 0 a 7 anos). Nestes casos, com a metodologia terapêutica da ATH, atuamos no sentido de uma reprogramação mais adequada ao momento de vida atual, livre das distorções perceptivas que ficaram registradas na tela mental inconsciente, promovendo-se assim, a eliminação dos desagradáveis sintomas físicos que acompanham este fenômeno psíquico de deslocamento da mente inconsciente para outro momento do tempo. Consegue-se então promover uma condição psíquica de integração da energia total do indivíduo no presente, único momento em que a vida pode efetivamente ser vivida.

SUELI MEIRELLES

terça-feira, 9 de abril de 2013

O CONTEÚDO EMOCIONAL DAS DOENÇAS


               
Compreender que os padrões mentais são a base para a produção das doenças é o primeiro passo para resgatarmos a saúde e a plenitude de viver.
         O sintoma, quando entendido como uma linguagem simbólica através da qual o corpo se comunica com o Ser, oferece uma clara e consistente informação sobre os mecanismos presentes no processo de adoecer. O próprio termo adoecer, doente, tem suas origens em dolente, lamentoso, mostrando-nos que as doenças, de um modo geral, começam pelas insatisfações com o dia a dia da vida. Dentro deste enfoque, o adoecer é resultante do desequilíbrio da energia vital, podendo apresentar-se através de sintomas gerados pelo excesso de energia (todos os sintomas hiper), pela falta de energia (todos os sintomas hipo) ou pela estagnação do fluxo vital, como por exemplo, nos problemas circulatórios. Do ponto de vista psicológico, toda doença representa uma paralização da vida e, a saúde significa a retomada do movimento.
         Se exemplificarmos este processo com um sintoma bastante comum em nossos dias, como a hipertensão arterial, teremos a exata representação da maneira como o hipertenso lida com a vida e como a interpreta. Segundo a sua própria denominação, a hipertensão caracteriza-se por um excesso de tensão no fluxo sangüíneo: A máxima da pressão arterial corresponde ao momento da sístole, quando o coração bombeia sangue para as extremidades do corpo. Um coração tenso e emocionalmente angustiado irá realizar esta função de forma estressada, elevando a máxima da pressão arterial. Por sua vez, os vasos sangüíneos de uma pessoa tensa, estão num processo de constrição, o que irá devolver ao coração, na fase de diástole, um fluxo sangüíneo igualmente tensionado, elevando-se assim, a mínima da pressão arterial. Uma pessoa que se sinta ansiosa por resolver os problemas de sua vida e ao mesmo tempo sinta-se, por algum motivo, impedida de agir, poderá apresentar pressão arterial convergente, numa representação de que ela exerce e sofre intensas pressões no seu meio ambiente. A princípio estes sintomas se manifestam de forma branda e situacional, com eventuais piques hipertensivos e taquicardias ocasionais, até vir a comprometer realmente o organismo, associando-se a outros sintomas correlatos ao quadro, como, por exemplo, os problemas renais, que expressam sentimentos de insegurança diante da vida.
         Quando, através do processo terapêutico de autoconhecimento, a pessoa identifica e transforma a sua maneira de agir diante das situações de conflito, o organismo, como um todo, tende novamente para o estado de homeostase ou equilíbrio que caracteriza a condição de saúde.
Os casos de hipotensão, ao contrário, expressam o desejo inconsciente de afastar-se dos problemas; de ficar fora de si; de ausentar-se de situações conflitantes, mostrando-nos que as pessoas podem apresentar comportamentos de aproximação (tentativa de solução) ou evitação (fuga) diante de um mesmo problema, transferindo este modelo de ação, para o seu sintoma.
         Em geral, todas as doenças possuem conteúdos emocionais que traduzem um padrão comportamental diante da vida, o que torna cada pessoa responsável pela produção de sua doença ou de sua saúde. Ao mesmo tempo em que esta auto-responsabilidade pode ser assustadora, ela também significa a possibilidade de reagir; de resgatar o equilíbrio psicológico que produz emoções harmonizadoras, as quais permitem um bom funcionamento da fisiologia e que, por sua vez, mantêm  todos os órgãos saudáveis e em perfeito funcionamento. Esta nova consciência pode vir a ser a tônica de um novo tempo, no qual, ao invés do combatermos  as doenças, possamos promover, realmente, a saúde.

SUELI MEIRELLES  
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sábado, 6 de abril de 2013

DEPRESSÃO

                     
  
Emoções como raiva, alegria, tristeza são comuns ao ser humano, diante das situações da vida. Constituem aquilo que denominamos de sofrimento existencial. A pessoa fica triste e sabe a razão de sua tristeza.
                        Nos casos de depressão, entretanto, a principal característica é justamente o desconhecimento do motivo que leva à tristeza. Talvez o máximo que o deprimido consiga dizer é que “tudo o deixa triste”.
                        A depressão não surge por acaso, nem de um momento para o outro. Ela se desenvolve quando a pessoa se encontra diante de situações para as quais não encontra solução, resultando num sentimento de total impotência, de inércia e abandono de seus desejos, metas e ideais. Pode significar que o deprimido tenha colocado a solução de seus problemas nas mãos de outras pessoas e estas agiram de maneira contrária às suas expectativas, ou que, realmente, seja uma situação acima do limite do ser humano, como nos casos de falecimento.
                        Quando uma pessoa entra em estado de depressão é comum que ela fale pouco, busque isolar-se no quarto, preferindo a penumbra à claridade. Costuma apresentar sintomas de inapetência e usar roupas escuras. Sua pressão arterial pode apresentar alterações significativas, para mais ou para menos; suas mãos e pés tornam-se frios, pelo recuo de energia vital dos membros para o tronco, limitando-se tão somente à manutenção das funções vitais.
            A depressão costuma aparecer justamente em pessoas com um razoável potencial de energia e iniciativa, sempre que se encontram diante de situações acima do seu limite, desenvolvendo-se assim o sentimento de impotência. Tal sentimento pode também ter origem numa situação traumática de infância, cujo conteúdo emocional permanece latente, até que um evento atual funcione como fator desencadeante daquela carga afetiva, tornando-a emergente no atual momento de vida.
                        Alguns aspectos são fundamentais na avaliação de sentimentos auto-limitantes: Os sentimentos de impotência vivenciados pela criança devem-se ao fato de que, na época em que eles surgiram, ainda não se havia desenvolvido na pessoa uma parte psíquica adulta, responsável pelos comportamentos de avaliação e decisão. Mesmo como adulta, é importante que a pessoa se lembre de que todo problema envolve uma parcela social e uma parcela individual de responsabilidade, ou seja: Cada um é influenciado pelo seu ambiente e também o influencia.
                        No processo de psicoterapia da depressão, o psicoterapeuta irá facilitar ao cliente o resgate de sua auto-sustentação, levando-o também a perceber a sua parcela individual de responsabilidade diante do problema, resgatando o seu potencial de ação, quanto àquilo que pode ser modificado por ele próprio. Além disso, serão utilizadas técnicas psicoterápicas de Reprogramação Mental, em nível alfa, com o objetivo de esvaziar o conteúdo emocional retido, o qual age como um sabotador, consumindo grande parte das energias vitais da pessoa. Após o esvaziamento das emoções negativas como raiva, tristeza, medo ou dor emocional, com o cliente ainda em estado de transe, busca-se reativar o seu potencial de reação e suas qualidades positivas, com o estabelecimento de novas metas de ação, que lhe permitam retornar ao convívio diário, de maneira satisfatória.
                        Situações como morte de parentes, separação conjugal, perda de emprego, aposentadoria, crescimento e emancipação dos filhos, sobrecarga de trabalho etc., podem levar a estados depressivos, caso a pessoa não consiga promover as necessárias adaptações às novas condições de vida.
            Finalmente, é importante saber-se, ao contrário do que muitos imaginam, que a depressão é um sintoma de fácil tratamento, alcançando-se uma razoável melhora logo nas primeiras sessões de Reprogramação Mental, embora o processo terapêutico possa continuar, até que o equilíbrio emocional esteja completamente restabelecido, e o novo padrão de reação, eftivamente instalado.

SUELI MEIRELLES