sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

HOMOSSEXUALIDADE

 

Considerando que cerca de 20% da população apresente tendências homossexuais, preocupa-nos que o tema da sexualidade humana, ainda seja objeto de tantos tabus e preconceitos. Para grande parte da população, leiga no assunto, a homossexualidade é originada em falhas de educação, desvio de comportamento, sem-vergonhice ou tendência promíscua, causando profundo sofrimento, e toda sorte de constrangimentos e humilhações, àqueles que apresentam tendências homossexuais, quer sejam do sexo masculino ou feminino.
            O primeiro aspecto a ser considerado, o aspecto legal, já foi objeto de regulamentação pelo Conselho Federal de Psicologia, através da Resolução CFP 01/99, que assim dispõe:

Art.3º “Os psicólogos não exercerão qualquer ação que favoreça a patologização de comportamentos ou práticas homoeróticas, nem adotarão ação coercitiva tendente a orientar homossexuais para tratamentos não solicitados.”
Art.4º “Os psicólogos não se pronunciarão, nem participarão de pronunciamentos públicos, nos meios de comunicação de massa, de modo a reforçar os preconceitos sociais existentes em relação aos homossexuais como portadores de qualquer desordem psíquica.”

Afastados os preconceitos e tabus originários da desinformação sobre o assunto, a questão da homossexualidade pode se desmistificar, quando melhor compreendida.
Quando um bebê nasce, é imediatamente identificado como sendo do sexo masculino ou feminino, por suas características sexuais externas, sendo como tal legalmente registrado, mas, do ponto de vista psicológico, a questão é bem diferente: Pessoas que apresentam sexo fisiológico masculino ou feminino possuem características psicológicas mais masculinas ou femininas, que variam em uma longa escala de graduação. Podemos encontram homens muito masculinizados, pouco masculinizados que não tenham tendências homossexuais, o mesmo ocorrendo com as mulheres. Quando trabalhamos com Regressão de Memória, encontramos registros de inconsciente coletivo em ambos os sexos, ou seja, todas as pessoas trazem memórias transpessoais do sexo masculino ou feminino. A outra questão importante, presente no próprio desenvolvimento psicossexual da criança é o fato de que a identidade sexual psicológica, diferentemente da fisiológica, se define em torno do terceiro ano de vida, descartando a possibilidade de que o indivíduo tenha “optado" pela condição homossexual, através de uma escolha ou decisão consciente, uma vez que a capacidade de escolha da criança, somente começará a ser desenvolvida com o surgimento do pensamento abstrato, por volta do sétimo ano de vida, efetivando-se já na adolescência, quando o jovem passa a questionar os valores da sociedade em que vive. Habitualmente, a criança homossexual começa a se perceber “diferente” das outras, já muito cedo, tornando-se objeto de discriminações por parte dos grupos de colegas masculinos ou femininos, principalmente na escola. Em casa, é comum que a família utilize mecanismos inconscientes de negação da tendencia homossexual do filho (ou da filha), rotulando-o de esquisito ou retraído, sem, contudo, admitir ou dar o apoio necessário ao seu desenvolvimento psicossexual, por sentir vergonha da condição do filho, perante a sociedade. São comuns também os sentimentos de culpa e ansiedade, criando-se uma expectativa de “cura”, para que se atendam as exigências do modelo social. Sentindo-se rejeitado e discriminado dentro e fora de casa, o jovem homossexual descobre, através de muito sofrimento, que sua condição é sempre objeto de ridicularização por parte da sociedade, o que muitas vezes o leva a buscar como solução o estabelecimento de uma vida dupla, na qual por um lado, tenta atender às expectativas da sociedade, obrigando-se a manter relacionamentos heterossexuais ou procurando a vida religiosa como forma de proteger-se dos preconceitos, enquanto, às escondidas, busca satisfazer seus desejos inconscientes, o que gera altas cargas de ansiedade e sofrimento, para todos os evolvidos. Este é um caminho que pode trazer complicações muito sérias, quando conduz ao envolvimento com drogas e promiscuidade sexual, como resultado dos sentimentos de rejeição social, percebidos pela pessoa, como insuportáveis.
Os estudos desenvolvidos no campo da Regressão de Memória têm servido para trazer à luz da compreensão científica, o sentido evolutivo das situações de vida relacionadas a todo e qualquer tipo de preconceito, quer seja racial, social, cultural, econômico ou sexual. Os resultados obtidos nestas pesquisas nos orientam para a necessidade, urgente, de não julgarmos os nossos semelhantes, por não se encaixarem em padrões sociais pré-estabelecidos, já que as leis evolutivas que regem a vida humana não parecem estar baseadas na preocupação de atender aos modelos sociais, mas visam criar situações de vida que promovam a compreensão e o respeito ao outro, como ser humano que é, o que deveria permear todos os nossos relacionamentos, principalmente aqueles em que as diferenças se evidenciam, e que se constituem nas nossas melhores oportunidades de aprendizagem, evolução e aperfeiçoamento pessoal.

Para saber mais leia "Do Divã à Espiritualidade: ATH - Abordagem Transdisciplinar Holística em Psicoterapia. Ed. Idéias & Letras.
Sueli Meirelles: Psicóloga Clínica do CIT – Colégio Internacional de Terapeutas. Pesquisadora de Fenômenos Psicoespirituais, com 31 anos de prática de consultório.
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