quinta-feira, 7 de março de 2013

SINAIS DE ALERTA




           
Os problemas que vivenciamos em nossas vidas pessoais, familiares ou sociais, não acontecem repentinamente. Eles vão sendo construídos ao longo do tempo, muitas vezes sem que sejam percebidos, até se transformarem em obstáculos quase intransponíveis, ou de difícil solução. Como nova moradora de Friburgo vinda do Rio de Janeiro, percebo nesta bela cidade alguns sinais de alerta, em relação a problemas que, se não forem identificados e solucionados, agora, colocarão nossa cidade nas mesmas condições de dificuldades cronicas enfrentadas pelos grandes centros urbanos.
            Um menino solitário, circulando à noite, tentando vender bananadas; um mendigo jovem e forte, diariamente sentado na calçada próxima de uma agencia bancária; estátuas da praça, quebradas, paredes pichadas; engarrafamentos cada vez mais constantes... Sinais evidentes de que os grandes problemas urbanos estão chegando mais perto, o que significa dizermos que estamos seguindo os mesmos modelos civilizatórios que não deram certo em outras cidades. O que podemos fazer, em relação a isto, para que estas questões não se agravem? Como sempre, prevenir é melhor do que remediar. A ação preventiva é sempre mais simples e barata do que a ação curativa ou punitiva. Acima de tudo, é preciso educar para não prender. Uma sociedade que precisa coibir a ação de seus cidadãos é uma sociedade que não educou seus filhos. Como sempre, a solução começa pela criação de uma estrutura de apoio e ação social, vigilante em relação aos casos que, a princípio esporádicos e de fácil solução, poderão, no curto espaço de uma geração, transformar-se em graves problemas sociais.  Podemos criar um Abrigo ou Casa de Passagem, para acolher o ser humano e identificar o perfil de reintegração profissional do mendigo excluído?  Será que alguém realmente veio ao mundo para ser mendigo?  Certamente que não. Será que lhe falta oportunidade de trabalho?  Ou será que o problema é a má relação emocional com o trabalho? Cabe pesquisar. Podemos reorientar as famílias que permitem que seus pequeninos trabalhem de modo informal, para o sustento familiar? Onde estão os adultos responsáveis por eles? Será que precisamos persistir no modelo de moradia vertical, contrariando a Lei da Física, que nos ensina que “dois objetos não podem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo”, agrupando dezenas ou centenas de pessoas numa mesma rua, congestionando cada vez mais o transito local? E o que dizer do isolamento social, principalmente dos idosos, que mal vêem seus vizinhos verticais? Podemos estabelecer limites de habitantes para cada cidade, evitando a migração desordenada e o inchaço populacional, gerador de desequilíbrio ecológico? Podemos criar programas de esportes e artes, para a inserção educacional dos jovens que crescem a mercê dos maus exemplos televisivos de violência e desrespeito ao próximo? Será que eles sabem, ao menos, que a estátua quebrada é patrimônio público e, como tal, pertence também a eles? Afinal, quem gosta de ver suas próprias coisas destruídas? Um programa que alie educação para a cidadania e música, substituindo a arma pelo instrumento musical, desenvolve a sensibilidade e o respeito por todas as formas de vida.
            Vamos pensar, com carinho, nessas possibilidades, reunindo as forças e investimentos de Associações de Bairro, Empresas, Escolas e Igrejas, principais células geradoras de benefícios sociais para a nossa comunidade?  Vamos colocar em prática programas simples e de baixo custo, capazes de gerar valiosos benefícios para todos os envolvidos? Vamos agir enquanto há tempo?...

SUELI MEIRELLES - Psicóloga Clínica do CIT - Colégio Internacional de Terapeutas.

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