sábado, 1 de junho de 2013

ATENDIMENTO DIGITAL - Qualidade de Serviços


            Naquela manhã de Domingo, ele acordou sentindo-se estranho, como se estivesse “fora de sintonia”. Durante o café, permaneceu calado, absorto em seus pensamentos. Havia dormido mal, preocupado com os angustiantes problemas da vida.
            Quando a esposa o chamou para a habitual ida ao supermercado, ele lhe disse que preferia permanecer em casa, lendo o jornal. Ela despediu-se com um beijo de companheira e saiu, algo preocupada, prometendo-lhe voltar a tempo de preparar o almoço. Ele pegou o jornal e sentou-se no sofá da sala. As manchetes exibiam as tragédias da vida cotidiana e ele sentiu um grande enjôo preencher-lhe o estômago. Procurou lembrar-se do que havia comido pela manhã e não identificou nenhum alimento que lhe pudesse ter feito mal, descartando a hipótese de uma indisposição alimentar. Não! Era enjôo da vida, mesmo! Tudo lhe parecia errado, naquela manhã. Sua vida e a vida daqueles que estavam nas manchetes. O mundo lhe parecia errado. O enjôo tornou-se mais forte. Sentiu frio e calor ao mesmo tempo. Uma imensa agonia tomou conta do seu corpo. Uma dor penetrante surgiu na “boca do estômago”, subindo depois em direção ao peito e ao ombro esquerdo. O mal-estar foi-se tornando insuportável, deixando-o assustado. O medo trouxe-lhe o desespero.  A dor mais intensa que veio a seguir disparou o alarme de perigo:
-Meus Deus! Preciso de ajuda!
 Tomado pelo medo, ele percebeu o telefone, na mesa lateral, junto com a agenda, ao alcance de sua mão. Sentindo-se atordoado pela dor que aumentava cada vez mais, a muito  custo  folheou a agenda, em busca do telefone do hospital e com dificuldade, conseguiu discar o número. Do outro lado da linha, uma voz impessoal, falou:
-         Você ligou para o Hospital de Pronto Atendimento. Disque 1 para o ramal que desejar, 2 para o menu de opções ou aguarde. Uma de nossas telefonistas o atenderá.
Imediatamente, ouviu a música típica de atendimentos eletrônicos. Ele sentiu-se irritado com aquela impessoalidade e uma dor lancinante atravessou-lhe o peito e a alma. A música foi ficando mais distante e um turbilhão de luzes explodiu em sua mente. No meio das luzes, abriu-se um longo caminho, igualmente luminoso. Por ele, surgiram dois padioleiros, impecavelmente vestidos de branco. Expressavam um sorriso sereno e amoroso e o atenderam com presteza. Percebeu-se sendo levado, como se flutuasse no ar.  Sequer precisava dizer o que sentia. Tudo lhe parecia etéreo e os acontecimentos se sucediam, como se manifestassem os seus pensamentos e necessidades. A dor havia passado e uma sensação de paz e conforto apossou-se dele. Sentiu-se atendido num hospital de primeiro mundo...de outro mundo...
                        Quando a esposa retornou do supermercado, chocou-se ao vê-lo caído no chão, diante do sofá da sala. Em sua mão direita, ainda segurava o telefone. Sentindo-se aturdida, automaticamente ela levou o fone ao ouvido. Do outro lado da linha, a gravação repetia a incessante música instrumental, cumprindo sua função de preencher o tempo de espera para o atendimento. Porém, não havia mais tempo para esperar. O tempo de espera havia terminado para ele...
                        Que possamos refletir até que ponto o progresso tecnológico, sem o progresso da consciência, realmente melhora a qualidade de vida do ser humano...

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          SUELI MEIRELLES - Especialista em Psicologia Clínica CRP/05/11601, Escritora e Palestrante, Consultora, Professora e Pesquisadora.  Membro do CIT/ALUBRAT/UNIPAZ/IONS.



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