quinta-feira, 11 de julho de 2013

A MUDANÇA DE SENTIDO E O SENTIDO DA MUDANÇA



            A estrutura psíquica do Ser Humano é formada por duas partes: Uma Individualidade, por sua vez constituída por uma essência espiritual, um nível intuitivo e um nível mental superior, ou nível de ideais. Uma Personalidade constituída pelo nível físico, pelo nível de sinestesia ou de sensações, pelo emocional e pelo nível mental inferior, que representa o pensamento prático.
            A grande maioria das pessoas vive com sua atenção voltada para as necessidades da Personalidade. Elas buscam segurança material, prazer, poder, e o status estabelecido pelos padrões da sociedade em que vivem. Com bastante freqüência, o sentido de felicidade, para estas pessoas, está associado à comparação que elas estabelecem entre o seu padrão de vida e o das pessoas com quem convivem, avaliando o patamar da pirâmide social em que cada um se encontra, e o sucesso profissional alcançado, medido pelos bens materiais acumulados no decorrer da carreira. Este estado permanente de competição, medo de possíveis perdas e insatisfação interior, costuma ser o responsável pela maioria dos sintomas físicos, que funcionam como um pedido de socorro, para que algo seja feito em benefício do equilíbrio emocional perdido, nesta busca ilusória de felicidade. Quando o sofrimento se torna insuportável, ocorre um despertar, durante o qual a pessoa se pergunta sobre o sentido da própria vida, e sobre a validade do alto preço pago pela fugaz alegria de descobrir que possui algumas coisas a mais do que o seu vizinho ou amigo. A partir deste ponto, cessa a busca da felicidade no mundo exterior, e a pessoa se volta para dentro de si, tentando descobrir em que momento de sua existência deixou de ser ela mesma, para tentar atender às exigências de padrões estabelecidos pelo seu contexto social e pela opinião dos outros. Esta mudança de sentido da atenção consciente, do exterior para o interior começa então a promover a transformação de valores e de sentido da própria existência. As comparações de status e poder tornam-se cada vez menos importantes, cedendo lugar ao desejo premente de reencontrar o prazer de viver. A pessoa passa a privilegiar os momentos simples de encontros consigo mesma e com aqueles com quem tem realmente afinidade, procurando preencher o seu grande vazio existencial, alcançando, desse modo, um novo sentido, para o qual direciona a sua mudança interior. Em atendimento a este desejo consciente de transformação interna, a pessoa descobre dentro de si, aqueles aspectos mais essenciais da sua Individualidade, que até então se encontravam latentes. Se antes privilegiava o atendimento do orgulho e da vaidade, agora percebe que a centelha dos ideais a direciona para metas superiores de realização, em que o bem pessoal cede lugar ao bem comum; se antes estava fechada para a própria intuição, esta agora começa a lhe mostrar o caminho a seguir, a partir do despertar da própria sensibilidade; se antes caminhava pela vida de maneira cega e deslumbrada pelos apelos mundanos, agora passa a atender às orientações de sua Sabedoria Interior.
            O resultado desta transformação, que geralmente decorre de uma profunda crise existencial, acompanhada de depressão profunda, e sérios sintomas físicos, é o retorno ao próprio caminho evolutivo e a descoberta da serenidade e da paz profundas, somente possíveis quando a Individualidade e a Personalidade estão unidas em torno dos mesmos objetivos.
            Esta mudança de sentido existencial permite que a Individualidade do Ser assuma o comando da vida e dê sentido ao próprio processo de transformação interior, que assume uma posição privilegiada sobre os critérios que antes direcionavam a vida. Ocorre também uma transformação nos critérios defendidos pela pessoa, trazendo à consciência aqueles valores essenciais à humanidade, que geralmente perecem sob os escombros da honradez e da dignidade perdidas, em troca das ilusórias conquistas do mundo material. Neste processo, que para muitos é extremamente sofrido, pois significa soltar as “cascas” da personalidade, como uma verdadeira couraça que esconde o que o Ser Humano tem de melhor em seu próprio interior, ressurge o brilho natural da alma humana, transformando, assim, o diamante bruto do ser materialista, no brilhante lapidado do Ser evoluído.
            Quando cada pessoa descobrir que a felicidade que procura no mundo externo está guardada em seu próprio coração, terá realizado a mudança de sentido e encontrado o sentido da mudança, que traz significado ao próprio existir humano.

(*) Texto inspirado no livro do mesmo nome, de autoria do nosso querido Beija-Flor da PAZ, Pierre Weil.
Especialista em Psicologia Clínica. Pesquisadora de Fenômenos Psicossomáticos e Psico-Espirituais.

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