domingo, 10 de agosto de 2014

NOS BASTIDORES DA VIOLENCIA


            Atualmente, a violência explode em todo mundo... Na bomba caseira, no homem-bomba, na bomba atômica... Explode também nas guerras urbanas, não menores do que as guerras militares. Explode até mesmo na natureza, na forma de furações e enchentes, que parecem, a todo custo, estarem tentando varrer, da superfície da terra, a maldade humana. Por que tudo isto? Indagam todos, atônitos. De onde vem tanta violência? O que a desencadeia? O que fazer para contê-la?
            Aqueles que têm um pouco mais de idade, ainda trazem na memória, a lembrança de dias mais tranqüilos, quando se podia dormir com as janelas abertas; deixar o carro na calçada, à noite; confiar nas pessoas e aceitar ajuda solidária, até mesmo de estranhos. Para onde foi a confiabilidade humana? Como resgatá-la nos dias de hoje?
            Para Josef Murphy, um dos mais antigos autores a abordarem as questões da consciência humana: “Aquilo que ocupa a nossa mente, se manifesta em nossas vidas”. Partindo desse princípio, podemos perceber que, durante os últimos vinte anos, nossas mentes foram bombardeadas pelas imagens de violência dos chamados “Filmes de Ação”, astuto substitutivo mercadológico para “Filmes de Violência”. Neles, as mega-explosões estão sempre associadas à idéia de absoluto controle das emoções (nervos de aço), como se esta fosse uma característica essencial a ser desenvolvida pelos “corajosos” brigões.
            Se antes os Filmes de Guerra passavam a falsa ilusão de heroísmo, até que “O Resgate do Soldado Rayan” nos mostrasse os horrores e a inutilidade da guerra fratricida, os filmes de ação expandiram a imagem da violência, como uma espécie de jogo de banalização da morte. Segundo as estatísticas, até os dez anos de idade, uma criança assiste a 14.000 assassinatos na TV. Como, geralmente, assistir TV, na falta de algo melhor, é a principal atividade dos desocupados, os filmes funcionam como um treinamento virtual para as futuras ações.
            Atualmente, tem aumentado, significativamente, os episódios de violência nas escolas americanas, numa clara e evidente demonstração de que a violência virtual está, cada vez mais, ocupando lugar na vida real.
            Cabe aos pais, numa reação pacífica a tanta sandice, exercer o seu direito de controle e de orientação das atividades de lazer dos filhos (principalmente das crianças e pré-adolescentes) que, pela própria idade, são mais influenciáveis pelas informações que vêm do mundo externo. Mesmo diante de um filme horrível, cabe lugar para a avaliação crítica de que uma vida normal não pode ser daquele modo; de que uma pessoa saudável não volta de uma guerra, sem que sua sensibilidade tenha sido afetada por todo o horror vivenciado; que, na verdade, ninguém quer ir para a guerra; que, muitas vezes, os soldados “suportam” a experiência, dopados pelas drogas a que têm acesso legal.
Esta avaliação crítica da atual cultura de violência permite que os mais jovens façam uma reflexão sobre as reais conseqüências dos comportamentos violentos, tanto para aqueles que sofrem as ações, como para aqueles que as praticam. Como, principalmente os pré-adolescentes são mais influenciáveis pelas opiniões dos grupos de colegas, abrirmos espaço para esta discussão, pode ser um bom caminho para que os jovens repensem as conseqüências das ações impulsivas, que muitas vezes, num breve momento, podem mudar os rumos de toda a vida.
            Outro recurso para lidar com este problema é a utilização de DVDs, previamente selecionados, cujo conteúdo traga uma mensagem positiva de resgate dos valores essenciais da humanidade, e da sensibilidade necessária para que as crianças e os jovens desenvolvam uma personalidade equilibrada e construtiva. É importante, também, que eles percebam que a agressividade, quando polarizada para as ações positivas, transforma-se em “garra” e força de vontade, para ultrapassarem os obstáculos, impulsionando-os em direção aos seus objetivos e metas de vida.

            O “bom combate” é a transformação interior dos impulsos negativos em potenciais positivos, que expressem toda a capacidade que cada um traz dentro de si. Afinal, todo conflito; toda guerra está presente, primeiramente, dentro do ser humano que a desencadeia...

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