A
primeira metade do nosso século foi caracterizada pela repressão sexual oriunda
da era vitoriana, a moral vigente na Inglaterra, no final do século passado. A
educação feminina, principalmente, era baseada nos conceitos de “pureza” e
“inocência: Quanto menos uma moça tivesse acesso a informações sobre
sexualidade, mais ela seria considerada uma “moça de família”.
A educação masculina
defendia uma dupla moral: Ainda na puberdade, o jovem era levado pelo pai ou
por algum outro líder da família, para a iniciação sexual num prostíbulo.
Ensinavam-lhe que “aquela mulher” poderia ser usada como objeto de prazer, mas
não deveria ser respeitada como ser humano; em contrapartida, as moças de
família deveriam ser escolhidas como futuras esposas e mães de família, sem que
tivessem qualquer tipo de intimidade sexual com elas. Se uma moça iniciasse sua
vida sexual antes do casamento, isto era considerado uma grande desonra,
criticada pela comunidade local com termos pejorativos como “perdeu-se”, “deu mal-passo” etc. Este
padrão educacional conduzia os futuros maridos, infalivelmente, para o caminho
da infidelidade conjugal. Em seus inconscientes registravam-se dois modelos de
mulher: De um lado, Maria, símbolo da maternidade e da família e, de outro,
Salomé, a mulher da rua, símbolo do prazer sensual. O modelo do pai ideal, por
sua vez, era o modelo do provedor, que não deixava faltar nada em casa, não
importando como fosse o seu comportamento sexual fora do âmbito familiar. A mãe
ideal era a mulher dedicada ao lar e aos filhos, fiel, submissa ao marido e
condescendente com os rumores que ouvisse sobre suas aventuras extraconjugais.
Dentro
desse contexto, a educação dos jovens seguia dois caminhos distintos. Defendia-se
a Repressão sexual severa sobre as meninas e a condescendência para com os
meninos, principalmente porque a iniciação sexual precoce dos filhos era
percebida pelos pais como uma garantia contra a homossexualidade, traduzida na
célebre frase: “Meu filho é homem!
No
decorrer do tempo a sociedade mudou muito. Duas guerras mundiais, num curto
espaço de tempo, em termos de evolução, conduziram as mulheres ao mercado de
trabalho, onde faltava a mão de obra masculina, desviada para os campos de
batalha. O próprio índice de mortalidade masculina, na época, criou a
necessidade de que se abrisse espaço para o trabalho feminino, em princípio com
remuneração mais baixa que a do homem. No início, a resistência das famílias
era grande. Permitir que as esposas ou filhas trabalhassem, era entendido,
pelos chefes de família, como uma constatação de sua incapacidade para manter o
sustento familiar. Havia também o receio de que as moças, tão ingênuas e
despreparadas para o mundo, fossem objeto de sedução.
A partir dos anos sessenta,
a sociedade passou por intensas transformações em todos os setores da vida
humana e, principalmente, no campo do comportamento sexual. A descoberta da
pílula anticoncepcional trouxe para a mulher uma forma de prevenção e controle
daquilo que era a sua maior preocupação: a gravidez indesejada. E o que poderia
ter sido um recurso para uma reflexão maior sobre a escolha consciente da
maternidade, acabou se transformando num passaporte para o extremo de uma
liberação sexual, que não trouxe, para os homens e as mulheres do tempo
moderno, uma vida sexual mais satisfatória, nem os tornou seres humanos mais
felizes. Se antes a sexualidade era reprimida, hoje a cobrança por uma vida
sexual ativa é uma pressão constante sobre a juventude, cuja iniciação acontece
cada vez mais precocemente. Apesar de toda a informação existente sobre os mais
diversos métodos contraceptivos, a mídia bombardeia a população (quer sejam
crianças, jovens ou adultos), com uma intensa propaganda de apelo sexual
através de revistas, tele-sexo, filmes eróticos, novelas, medicamentos
polêmicos etc., tendo como objetivo o lucro fácil da venda desses produtos.
Como sempre acontece no processo evolutivo, passamos do comportamento reprimido
para a fase de exibicionismo; passamos da repressão para a fixação sexual;
falta-nos, agora, alcançarmos a terceira fase, a fase do amadurecimento; do
ponto de equilíbrio da sexualidade saudável e orientada para o verdadeiro amor,
em que a sexualidade terá o significado de troca de energia e prazer, entre
pessoas que realmente desejam o bem recíproco, compartilhando projetos, ideais de
vida, transformando-se companheiros evolutivos que compartilham as experiencias da vida em diferentes estados de consciencia.
Sueli Meirelles: suelimeirelles@gmail.com
Visite nosso site: www.institutoviraser.com e Gerc no Facebook
Nenhum comentário:
Postar um comentário