sábado, 8 de agosto de 2015

QUESTIONANDO A PSICOLOGIA

           Regulamentada como profissão em 1964, a psicologia, com raízes na medicina e na filosofia, cresceu sem uma identidade própria e, hoje, é uma jovem profissão ainda relativamente desconhecida do público, o que gera distorções e incompreensões sobre seus conceitos fundamentais.
            No dia a dia das conversas, é comum ouvirmos as pessoas usarem frases, como: “Eu usei a minha psicologia” (como sinônimo de bom senso); “Vou levar o meu filho para conversar com você”( com base na idéia de que o psicoterapeuta conversa, aconselha e “faz a cabeça”, direcionando o cliente). “Depois que surgiu o medo de traumatizar, as crianças podem fazer tudo o que querem”( traduzindo uma idéia de permissividade que está longe de ser psicologia). Esta associação da psicologia com a permissividade tem origem no fato de que as primeiras teorias psicológicas, surgidas no início deste século, reagiam a uma sociedade altamente repressiva, que privilegiava o desenvolvimento intelectual, em detrimento do que hoje chamamos de inteligência emocional, contribuindo para o desenvolvimento de estruturas de personalidade neuróticas e desequilibradas. Outra distorção bastante comum ocorre quando o cliente indaga sobre características de personalidade do terapeuta, como se este representasse um exemplo a ser seguido, ao invés de compreender a psicologia como um procedimento técnico que visa resgatar potenciais internos do indivíduo, recolocando-o em movimento diante da vida. Algumas pessoas ainda dizem:_ “Eu não acredito em psicologia”, como se esta ciência dependesse de algum tipo de crença. Mesmo por parte de profissionais de outras áreas, a psicologia ainda é desconhecida em sua especificidade, exigindo que os psicólogos ajam como pioneiros, a todo momento retificando conceitos e esclarecendo a sua função de profissionais de saúde mental e agentes de transformações sociais. Além do trabalho clínico, em consultório particular, que hoje dispõe de recursos técnicos objetivos e eficazes diante de muitos dos problemas que atingem à sociedade, o psicólogo tem importantes funções nos vários segmentos da vida humana, quer seja na escola, na empresa, na área jurídica, hospitalar e onde quer que haja convívio humano capaz de gerar conflitos.

            Ainda há muito que se informar sobre a função do psicólogo dentro da sociedade, porém o mais importante é que, de imediato, se estabeleça a diferença entre psicologismo, (as distorções decorrentes da falta de informação sobre o assunto)  e a psicologia como um conjunto de recursos técnicos e científicos sobre o comportamento humano; um recurso que pode contribuir grandemente, através de um trabalho preventivo (além da atuação curativa), para a compreensão do ser humano na sua complexidade e inteireza e para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa e humana. Acima de tudo, que se questione a psicologia, sim. Que os profissionais da área estejam disponíveis e acessíveis à comunidade, sempre no sentido do esclarecer e contribuir, com a sua participação ativa, para a construção de um mundo melhor.

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 Sueli Meirelles - Especialista em Psicologia Clínica Transpessoal CRP 04/11601
Whatsapp: 55 22 99955-7166
Email: suelimeirelles@gmail.com

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