Lingüisticamente, o termo reforma
tem o sentido de modificar a forma de algo, dando-lhe uma nova feição ou
feitio.
Historicamente,
uma dos maiores movimentos de reforma, foi a Reforma Religiosa, iniciada
por Martinho Lutero, na Alemanha, através de 98 teses universitárias, onde ele
pregava o retorno da igreja, aos princípios do Cristianismo.
Sempre
que um modelo civilizatório entra num processo de cristalização, a necessidade
de reforma torna-se imperativa, para que as Instituições possam se adaptar ao
fluxo de transformação, mantendo-se úteis à vida.
No
mundo inteiro, este é um momento propício às reformas. No Brasil, esta
tendência se particulariza em algumas necessidades específicas: Reforma da
Previdência, Reforma Agrária, Reforma Tributária... Precisamos de muitas
reformas.
A
Reforma da Previdência, em tese, visa estabelecer regras mais justas, que
garantam o sustento daqueles que, durante suas vidas produtivas, contribuíram
para a economia do nosso país. Criado a partir das caixas de pecúlio das
classes trabalhadoras, na primeira metade do século passado, o nosso sistema
previdenciário foi corroído pelas benesses das máquinas eleitoreiras, incluindo
serviços de atendimento médico, de competência do Ministério da Saúde, dessa
forma esgotando os recursos financeiros até então reservados, para o pagamento
de benefícios, aposentadorias e pensões. Sem que fossem consultados, os segurados
viram o seu dinheiro ser desviado, resultando no “achatamento” dos benefícios
que constituíam um direito por eles adquirido. Desacreditado, o sistema sofre,
hoje, os reveses da economia informal, que esvazia os cofres de arrecadação
previdenciária.
A
reforma agrária, não se encontra em melhor situação. Surgida como necessidade
de corrigir a desigualdade econômica gerada pela má distribuição da posse de
terras, hoje, tornou-se também um meio de ganho fácil e de desrespeito à
propriedade alheia, invadida até mesmo quando produtiva. Mais uma vez, a
intenção original de equidade e justiça cedeu lugar à ambição humana.
A
reforma tributária, por sua vez, visaria corrigir a pesada carga que incide
sobre a população trabalhadora, principalmente o assalariado, que não sabemos
exatamente porque, tem seu ordenado mensal classificado como “renda”, quando,
na verdade, muitas vezes, mal cobre as suas necessidades de sustento.
Por
estes exemplos, vemos que ainda não conseguimos lidar muito bem com o conceito
de reforma. Diante de cada proposta, surgem prós e contras que geram acaloradas
discussões em torno do tema. Como vivemos num plano de dualidade, cada passo em
direção às soluções provoca um retrocesso de igual força e tamanho, criando um
novo impasse, que nos impede de sair do lugar. E com isso, o tempo vai
passando, sem que se obtenha resultados.
Mas, por que as reformas são tão difíceis de serem concretizadas?
Porque
até hoje, todas as nossas tentativas de reforma são voltadas para o mundo
externo, para a reforma do outro, para que ele faça aquilo que consideramos que seja o melhor, segundo o nosso ponto de
vista, nossos conceitos, critérios e valores. Como pensamos nestas reformas sem
consultar o outro e saber de sua real intenção de mudança, na quase totalidade
dos casos, o outro discorda e se recusa a modificar o que acreditamos que ele
deveria mudar, fazendo com que tudo permaneça do mesmo modo.
Nos
bastidores de todas estas questões políticas, sociais e econômicas que se
expressam no mundo concreto, o mesmo modelo de ser humano, que mudou muito
pouco através da história, aguarda o momento do despertar interior para “A
Grande Reforma”; a única e verdadeira reforma capaz de mudar o mundo: A reforma
de si mesmo.
Como
podemos pensar num mundo justo, se não praticamos a justiça no dia a dia de
nossas vidas? Como podemos pensar num
mundo harmonioso e feliz, que não tenha por base o respeito ao direito do
outro? Como podemos contribuir para um mundo melhor, se não conseguimos
resistir ao desejo de levar vantagens sobre o outro, para acumular todos os
bens e recursos que aqui iremos obrigatoriamente deixar, ao término de nossas
existências?
A
grande e necessária reforma é, portanto, a reforma de mentalidade do ser
humano, sem a qual nenhuma outra reforma, por mais necessária que seja, poderá
ser concretizada.
Compartilhe e ajude a promover a mudança de mentalidade!
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Sueli Meirelles: Especialista em Psicologia Clínica. Consultora em Desenvolvimento Humano, Saúde Integral, Ecologia Integral e Educação para a PAZ e Implementação de Projetos.
Site: www.institutoviraser.com
E-mail: suelimeirelles@gmail.com
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