Os
jogos olímpicos surgiram, na Grécia Antiga, como uma proposta de substituição
do espírito bélico, pelo espírito das competições esportivas. Esta proposta
subentende desviar a agressividade projetada sobre outro ser humano, para a
superação dos próprios limites, mudando o foco de qualquer combate: O objetivo
não é destruir o outro, mas desafiá-lo a também revelar o melhor de si mesmo.
Este mesmo ideal de busca da
perfeição pairava no ar, na abertura das olimpíadas, na Grécia, em pleno Século XXI.
Considerada o berço da civilização ocidental, a Grécia, um pequeno e pacífico
país da Europa, sobrepôs-se às potências econômicas e militares do mundo
moderno, com um poder transcendente e atemporal: O poder do mito. Para o
inconsciente da humanidade, o mito é o poder organizador que comanda o
comportamento de forma sutil e irresistível, sem que o consciente perceba ou
possa contra ele se opor.
Funcionalmente, o cérebro humano
pode ser dividido em três partes: O hemisfério cerebral esquerdo, que comanda o
lado direito do corpo (é invertido) e as funções lógicas do psiquismo; a
racionalidade; o hemisfério cerebral direito, que comanda o lado esquerdo do
corpo, a sensibilidade e a percepção de imagens, e o corpo caloso, parte central
do cérebro, que conecta os dois hemisférios, simbolicamente representando o
“chifre do unicórnio” da mitologia grega, a intuição ou terceira visão. É a
este cérebro mítico que as mensagens do espírito olímpico se direcionam,
promovendo uma equilibração entre os extremos da racionalidade e da
emocionalidade, para alcançar a verdadeira sabedoria. Esta, por sua vez, é
preservada dos ataques destrutivos do materialismo, através de uma linguagem
simbólica inacessível àqueles que não têm olhos de ver nem ouvidos de ouvir,
embora estes símbolos continuem exercendo sobre eles o seu poder organizador.
Cada mito grego, quando compreendido à luz da moderna psicologia, guarda
profundos segredos sobre as diferentes etapas da evolução humana. Através da
linguagem mítica, o cérebro humano é capaz de captar as mensagens
auto-organizadoras nele contidas, para alcançar um estado de graça, de
serenidade, que somente se torna possível, quando o ser humano se conecta com
esta magnitude dentro de si mesmo, traduzida pelo espírito olímpico: Saber que,
independentemente da passagem do tempo, cada ser humano tem a tarefa de revelar
o melhor de si mesmo, através de um constante aprimoramento; pelo contorno dos
obstáculos, principalmente o maior de todos eles: O próprio Ego – que se
contrapõe a cada passo e morre lutando pela satisfação dos seus desejos.
Com este pensamento, os gregos
legaram à humanidade uma fórmula mágica, uma espécie de modelo de bom combate,
que desafia cada ser humano a realizar uma busca interior, em relação àquilo
que possui de melhor em si mesmo, e que pode ser revelado ao mundo.
Imaginemos
então, este espírito olímpico aplicado às diferentes áreas do conhecimento
humano: À política, à economia, à educação, à saúde, ou a qualquer outra
atividade da vida moderna. Os competidores não perderiam tempo acusando-se uns
aos outros ou colocando o lucro, que é apenas um meio, como um produto final a
ser alcançado. A qualidade do produto ou dos serviços prestados passaria a ser
o grande diferencial para atrair o eleitor, o comprador, o paciente ou o aluno.
A excelência transformar-se-ia na arma da pacífica guerra olímpica: Quem faz o
melhor alcança a vitória sobre si mesmo, deixando ao “adversário” o desafio do
seu próprio aprimoramento evolutivo.
Esta mensagem contida no espírito
olímpico é a grande vencedora da maratona do tempo, que atravessou milênios
para se fazer presente nos tempos modernos. A tocha olímpica é a imorredoura
chama do fogo do espírito, lembrando ao homem que em cada momento em que ele
supera as suas limitações humanas para trazer a perfeição atingida ao mundo da manifestação
material, alcança a imortalidade, transformando sua obra num marco de sua
trajetória planetária.
Quantos de nós, que acompanhamos nestes novos tempos
a passagem da tocha olímpica, fomos por ela tocados? Quantos tivemos nossas
Chamas Interiores reacendidas, para nos iluminarmos, revelando o verdadeiro
sentido de estarmos no mundo? Quantos de nós seremos atletas de nossas próprias
vidas, alcançando nossas metas existenciais? Competindo há milhares de anos,
quando substituiremos as lutas fratricidas pela competição pacífica, que nos
conduz ao pódio de nossos ideais, para recebermos a medalha de ouro da
auto-realização de nós mesmos?...
"Que a Chama se eleve e brilhe; que a Chama derreta a forma; que a forma não prenda mais..."
"Que a Chama se eleve e brilhe; que a Chama derreta a forma; que a forma não prenda mais..."
[1] SUELI MEIRELLES: Psicóloga Clínica do CIT – Colégio
Internacional de Terapeutas e Coordenadora do CIT/BRASIL
Hipnoterapeuta e
Terapeuta de Regressão, há 30 anos cuidando do Ser Humano Integral.
Pesquisadora, Fundadora
e Coordenadora do CARROSSEL DE LUZ – Grupo de Pesquisas Noéticas.
Membro do
CIT/ALUBRAT/UNIPAZ/IONS
Consultora em
Desenvolvimento Humano, Saúde Integral, Ecologia Integral e Educação para a
Paz.
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