Em nosso país, por questões culturais e face à carência de recursos para o financiamento de pesquisas para a produção de nosso próprio conhecimento científico, importamos teorias psicológicas desenvolvidas sobre outras culturas e que nem sempre são as mais adequadas à compreensão do modo de ser do brasileiro. Adaptar essas teorias, reconhecidamente úteis, às nossas características pátrias, transforma-se numa tarefa árdua para o profissional que procure desenvolver o seu trabalho em direção à demanda de uma realidade bem diferente daquela encontrada nos países de primeiro mundo.
Diante desse quadro, cada vez mais o psicólogo vem perdendo espaço para aqueles simplesmente chamados “Terapeutas”, assim intitulados por realizarem algum tipo de trabalho voltado para o processo de cura dos males psíquicos ou até mesmo físicos, sem a exigência de uma formação acadêmica que os habilite para tal. Este fato, além de representar um risco para quem procura estes novos “profissionais”, acaba por contaminar a imagem do psicólogo, com definições que variam da descrença ao misticismo.
Situar-se neste contexto de mudanças radicais da nossa sociedade, buscando novos procedimentos terapêuticos, sem, contudo renunciar à exigência de que estes procedimentos se mantenham dentro de critérios científicos de qualidade e segurança, com fundamentação filosófica, princípios, leis e métodos específicos configurou-se como grande desafio para o psicólogo consciente de sua função social transformadora.
Todo o nosso saber científico produzido até a primeira metade do século passado baseou-se no pensamento newtoniano-cartesiano, reducionista e mecanicista, sobre o qual se construiu o método analítico, fundamentado na lei de causa e efeito. Buscando leis determinísticas e previsíveis que pudessem explicar os fenômenos observados, este método, dentro de uma visão objetiva do ser humano, situou-o como um ser vivente num espaço tridimensional plano, onde o tempo podia ser representado por uma linha reta entre o passado, o presente e o futuro.
Diante das significativas transformações que ocorreram com o próprio ser humano nos últimos cinqüenta anos, fomos conduzidos à procura de um novo paradigma científico, que melhor pudesse explicar os fenômenos que desafiavam o nosso saber. Surgiu assim, o novo Paradigma Holístico,
O termo HOLISMO tem origem em HOLOS (totalidade) e foi utilizado pela primeira vez, em 1926, pelo filósofo sul-africano, Ian Christian Smuts, em seu livro “Holism and Evolution”, no qual ele estabeleceu uma relação entre vida e matéria, considerando-as como partes de uma totalidade maior e única, onde cada conjunto ou sistema completo em si mesmo integra-se a conjuntos cada vez mais aperfeiçoados e abrangentes.
Esta ideia sobre sistemas inter-relacionados expandiu-se rapidamente pelos cérebros pioneiros do pensamento científico, que passaram a buscar apoio para suas pesquisas em novas e revolucionárias teorias da Física Moderna.
Depois de 300 anos baseada na mecânica de Isaac Newton, com suas leis previsíveis, a ciência viu-se ás voltas com a possibilidade da reversão de energia em matéria; com a possibilidade de manifestação da energia ora como onda, ora como partícula; com novos conceitos de probabilidade que jogaram por terra a certeza e a concretitude dos modelos científicos de até então.
A Física Moderna abriu campo para o imponderável, e nada melhor do que o imponderável para servir de base á compreensão do inconsciente humano, com sua predominante característica de imprevisibilidade.
O método analítico foi substituído pelo método sintético, baseado na visão holística do ser humano, como um ser não sujeito a leis deterministas; capaz de ser misterioso e viver experiências que se apresentam de forma simultânea num tempo-espaço quadridimencional curvo; situado num campo eletromagnético que interliga sujeito e objeto, produzindo fenômenos que constituem um todo muito maior do que suas partes e que nos permitem apenas compreendê-los, muitas vezes tornando-se impossível traduzi-los na forma limitada de linguagem, e explicá-los. Como a linguagem representa apenas 7% da comunicação (Bandler e Grinder, 1975), entramos num campo de sinergia com os fenômenos observados, através de outros níveis de capacidade perceptual.
O novo pensamento emergente no campo da Física mudou totalmente nossa visão de mundo. Segundo Fritjof Capra, um dos maiores físicos da atualidade, deixamos de pensar o homem como o dono e senhor de um reservatório inesgotável de bens planetários, criados para uso ao seu bel-prazer. Para Capra, de acordo com sua Teoria Sistêmica, a célula, um sistema completo em si mesmo, integra um tecido, que compõe um órgão, que pertence a um indivíduo, que vive numa família, dentro de uma sociedade, num país, num continente, no planeta Terra... Agora somos um sistema em interdependência com outros sistemas, dentro e fora de nós mesmos. A preservação de nossas vidas depende tanto da manutenção da saúde de nossas células, como da saúde da natureza à nossa volta. Hoje sabemos que, se não cuidarmos adequadamente dos vários sistemas aos quais estamos interligados, nossa sobrevivência corre sérios riscos.
Este novo modelo científico refletiu-se sobre alguns profissionais da área de comportamento humano permitindo-lhes melhor compreenderem os fenômenos psíquicos, com os quais freqüentemente se deparavam em seus trabalhos de consultório. Longe de ter um mentor ou um teórico único que lançasse sua nova teoria, a Visão Holística em Psicoterapia, fiel à sua característica de sincronicidade surgiu em várias partes do mundo, quando psicoterapeutas e demais estudiosos do psiquismo humano sentiram a necessidade de dar um basta à fragmentada e especializada visão do homem, promovendo uma síntese entre algumas das abordagens já existentes e buscando compreender o Ser Humano como um Ser Total, cujo corpo é um sistema completo em si mesmo, por sua vez, interligado e interdependente de seus níveis emocional, mental e espiritual. Percebeu-se, dentro dessa visão, que a célula tem o mesmo comportamento do indivíduo ao qual pertence; que indivíduos alegres têm células “alegres”, saudáveis e um sistema imunológico forte e resistente, assim como indivíduos depressivos apresentam-se mais sujeitos às doenças em geral.
A compreensão desse Homem Total levou-nos, estudiosos e técnicos do comportamento, à busca de instrumentos ou procedimentos terapêuticos que facilitassem o processo de integração desse indivíduo em seus vários níveis de funcionamento.
Vivenciando este processo transformador em nossa realidade profissional, dedicamo-nos a estudos exaustivos em busca de novos recursos que nos habilitassem, tecnicamente, a lidar com este ser humano maravilhoso e complexo, que expressava potenciais para os quais ainda não possuíamos um referencial teórico. Necessitávamos de novos recursos, dentro de uma amplitude conceitual que abrangesse esses outros níveis de expressão psíquica. Era necessário que os procedimentos utilizados tivessem pontos em comum e um mesmo apoio filosófico e teórico. Havia também a exigência de que fosse um procedimento mais dinâmico, breve em termos de tempo, de efetividade de resultados, sem que fosse superficial. Além disso, no dia-a-dia do consultório, os fenômenos característicos de estados superiores de consciência sucediam-se, desafiando a nossa compreensão e cobrando-nos explicações teóricas para o ocorrido. Afinal, não é esta a função da ciência?
Durante 32 anos vivenciamos esta intensa busca, recorrendo aos estudos dos grandes pensadores, dentro e fora do campo da Psicologia: Conhecemos a Programação Neurolingüística de Richard Bandler e John Grinder, aprofundamo-nos nos estudos da Bioenergética de Alexander Lowen, dos trabalhos de John Pierrakos e Bárbara Brenan; apoiamo-nos em conceitos de Gestalt-Terapia desenvolvidos por Frederic Perls e Laura Perls; buscamos a expansão no campo da Psicologia Transpessoal, especificamente no que se refere aos estados superiores de consciência, na visão de Stanislav Grof, Pierre Weil e Jean-Yves Leloup, os dois últimos, introdutores da Visão Holística no Brasil e fundadores da Universidade Internacional da Paz. Adotamos os novos conceitos da Ciência Moderna, desenvolvidos por Niels Born, Rupert Sheldrake, Werner Heisenberg Fritjof Capra. Para nossa grande surpresa, estes novos conhecimentos conduziram-nos de volta à Filosofia de Heráclito, Sócrates e Platão e à Metafísica dos textos das Tradições Sapientais da Humanidade, fechando uma importante gestalt: Realizamos um movimento de síntese entre estes conhecimentos, aplicando a Abordagem Transdisciplinar Holística à Psicoterapia, para o desenvolvimento do Método Meirelles de Reprogramação Mental, a partir da utilização desses procedimentos já reconhecidos pela Psicologia, dentro do enfoque muito mais amplo e esclarecedor da Visão Holística do ser humano, proposta por Weil.
Para auxiliar o cliente no processo de auto-descobrimento e harmonização de sua totalidade corpo-mente-espírito, dispomos de um conjunto de técnicas oriundas dessas teorias psicológicas que, por suas origens e história, têm pontos de interligação, acrescidos de conhecimentos complementares, cuja síntese integra esta nova teoria psicológica. São elas: A Bioenergética, a Gestalt-Terapia, A Programação Neurolingüística, a Psicologia Transpessoal, a Física Quântica e as Tradições Sapientais da Humanidade, a partir do que temos um novo enquadre mais abrangente e capaz de nos apoiar na atuação terapêutica frente aos mais diversos fenômenos do psiquismo humano.
Hoje, depois de décadas de abertura conceitual, vemos o Ser Humano como um ser total e dinâmico, em permanente processo de aperfeiçoamento, nos seus diferentes níveis de funcionamento: Físico, Sinestésico (nível de sensações), Emocional, Mental Inferior (pensamento objetivo), Mental superior (nível de ideais), Intuitivo e Espiritual.
Em relação ao nível físico, podemos trabalhar na elaboração dos conteúdos emocionais de várias doenças e sintomas, com excelentes resultados, neste campo da psicossomática.
No nível sinestésico, podemos compreender uma série de percepções de sensações internas, não explicáveis sem a noção de corpo energético, como nos casos de amputações, e transplantes de órgãos.
No nível emocional, utilizando um enquadre holístico e trabalhando com estados mentais de regressão, progressão, dissociação e associação, podemos facilitar o esvaziamento emocional e a re-atualização do inconsciente no tempo, auxiliando grandemente o cliente em questões que antes demandavam um longo tempo de atuação terapêutica, como nos casos de síndromes de pânico, depressões, comportamentos obsessivos-compulsivos transtornos bi-polares etc.
No nível mental objetivo, o cliente pode contar com procedimentos terapêuticos que o auxiliam a reorganizar-se no seu dia-a-dia de relação com a vida na terceira dimensão.
No nível mental superior, o cliente encontra dentro de si mesmo a melhor expressão para os seus ideais e objetivos de vida.
No nível intuitivo, o cliente aprende a utilizar este poderoso instrumento de insights e de soluções de problemas que é a sua intuição, canal de comunicação ao mesmo tempo, com o seu nível mais essencial, com o seu Eu Superior ou Individualidade. O cliente aprende também a respeitar-se em termos de potencial e características, orientando-se na vida segundo suas tendências naturais e segundo as probabilidades instaladas em sua programação inconsciente de vida, num permanente processo de aperfeiçoamento e evolução.
Através desta nova abordagem, o cliente aprende a aprofundar sua respiração, utilizando-a como instrumento de harmonização do seu organismo. Ganha flexibilidade corporal, espontaneidade, desperta sua criatividade e expressa sua sexualidade de forma natural e equilibrada, desenvolvendo autoconfiança, a partir da melhor integração de suas partes psíquicas inconscientes. Alcança a ampliação de potenciais internos, descobrindo que, na realidade, enquanto Ser, é muito maior do que poderia imaginar. Transcendendo o nível de consciência, mergulha em sua própria Essência, descobrindo um imenso manancial de recursos, num campo quadridimencional, onde todas as mentes se comunicam e se interinfluenciam e onde transformações fantásticas tornam-se possíveis, através da mudança de programas deste maravilhoso biocomputador que é a mente humana.
À medida que cada pessoa se aprofunda em seu próprio inconsciente, neste processo de auto-descobrimento, sua consciência se amplia, levando-a a uma nova percepção de mundo; a uma relativização de conceitos muitas vezes radicais e absolutos, que atuavam como fatores Auto-Limitantes de seu crescimento pessoal.
Esta visão relativa de mundo torna o indivíduo mais tolerante e compreensivo em relação a si e aos outros, facilitando os inter-relacionamentos pessoais e a emergência dos recursos necessários para que ele alcance metas pessoais de vida. Crescendo enquanto SER, ele contribui para o crescimento da sociedade como um todo e torna possível a realização do ideal de uma verdadeira civilização, onde o psicólogo estará inserido como um agente de transformações, no eterno processo de auto-construção, que caracteriza o Ser Humano.
Trabalho Apresentado em palestra realizada no CRP/RJ, em 26/06/00 e na I MOSTRA NACIONAL DE PRÁTICAS EM PSICOLOGIA, promovida pelo CFP, no período de 05 a 07/10/00.
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Professora, Pesquisadora e Psicóloga CRP 05/11601- UGF/ 1986)
Especialista em Psicologia Clínica (Bioenergeticista, Gestalt-Terapeuta e Hipnoterapeuta ( Rarishis – Centro Psicológico/RJ - 1988), com mais de 3.000 atendimentos clínicos realizados em 32 anos de atuação profissional.
Terapeuta de Regressão (Instituto de Psicobiofísica de Uberaba – 1989)
MBA em Gestão de Projetos na Abordagm Transdisciplinar Holística (UNIPAZ-Universidade Internacional da Paz. (2005)
Fundadora e Coordenadora do Instituto Vir a Ser (Cursos, Palestras, Workshops e Seminários - 2005) e do Carrossel de Luz (Grupo de Pesquisas de Fenômenos Psicoespirituais – 2001)
Autora de livros e mais de 300 artigos publicados em jornais e neste blog.
Consultora em Desenvolvimento Humano, Saúde Integral, Ecologia Integral e Educação para a Paz e Implementação de Projetos Sociais.
Whatsapp.: 55 22 999.557.166
1. “Até bem pouco tempo, era ponto pacífico e bastante tranqüilizante o ponto de vista, segundo o qual a pesquisa científica devia se fundamentar no controle dos nossos cinco sentidos e no raciocínio lógico indutivo ou dedutivo.” WEIL, Pierre. A Mudança de Sentido e o Sentido da Mudança. Rio de Janeiro: Record; Rosa dos Tempos, 2000. Pág.18)
2. Segundo o Paradigma Newtoniano-Cartesiano “um observador, emocionalmente neutro e impessoal,podia assim descobrir fatos e leis; que podiam ser redescobertos por outros pesquisadores, permitindo uma validação consensual considerada indispensável; a possibilidade dessa validação por outros pesquisadores era e é ainda baseada nas bem conhecidas leis da causalidade e do determinismo: nas mesmas condições experimentais, as mesmas causas produzem o mesmo efeito, e todo fenômeno tem uma causa, da qual ele constitui um efeito.” WEIL, Pierre. A Mudança de Sentido e o Sentido da Mudança. Rio de Janeiro: Record; Rosa dos Tempos, 2000. Pág.18)
O novo paradigma holístico foi definido pela Universidade Holística Internacional, em Paris, da seguinte forma: “Este paradigma considera cada elemento de um campo como um evento que reflete e contém todas as dimensões do campo (cf. a metáfora do Holograma.). É uma visão, na qual “o todo” e cada uma das suas sinergias estão estreitamente ligados, em interações constantes e pardoxais.” ( WEIL, Pierre. A Mudança de Sentido e o Sentido da Mudança. Rio de Janeiro: Record; Rosa dos Tempos, 2000. Pág.33)