quarta-feira, 8 de março de 2017

MULHER DE ONTEM, HOJE E SEMPRE


  "O 8 de março deve ser visto como momento de mobilização para a conquista de direitos e para discutir as discriminações e violências morais, físicas e sexuais ainda sofridas pelas mulheres, impedindo que retrocessos ameacem o que já foi alcançado em diversos países" (Maria Célia Orlato Selem, Mestre em Estudos Feministas pela Universidade de Brasília e doutoranda em História Cultural pela Universidade de Campinas (Unicamp). Fonte: https://novaescola.org.br )

            Tendo como marco um incêndio em uma fábrica têxtil de Nova York em Março de 1911, quando cerca de 130 operárias morreram carbonizadas, o Dia Internacional da Mulher simboliza as perenes reivindicações femininas por igualdade de direitos, em relação aos homens. Mas, depois de mais de 3000 anos de patriarcado, será que, realmente esses direitos foram alcançados ou ainda temos resquícios de vantagens masculinas, nas relações familiares, profissionais e sociais? Se aprofundarmos um pouco mais estas reflexões, fundamentando-as em 30 anos de prática em clínica psicológica, percebemos que, embora a nossa sociedade tenha sofrido intensas transformações e atenuado muitas desigualdades, também observamos que estas mesmas transformações deram origem a novos desequilíbrios sociais que pesam para o lado feminino, independentemente da classe sócio-econômica ou cultural à qual pertençam. Exemplo gritante é a grande quantidade de mulheres que se tornaram provedoras do lar, em relacionamentos em que o homem não exerce o seu antigo papel de provedor, nem assume as funções de cuidador. Vantagem para quem?... Em decorrência dessas mudanças, nossa moderna sociedade vive uma intensa crise de responsabilidade paterna, facilitada pelo fato de que o filho gerado no encontro fortuito de fim de semana, irá se desenvolver no útero materno, estreitando os vínculos materno-filiais, enquanto os vínculos de paternidade, na maioria das vezes, irão se perder no pó da estrada, por onde o pai anônimo segue em busca de novas aventuras sexuais e, muitas vezes, sequer amorosas, apenas satisfazendo seus instintos de macho reprodutor.
No decorrer desta longa história, as conseqüências da maternidade, muitas vezes precoce, corta sonhos adolescentes, possíveis carreiras e melhorias profissionais que iriam decorrer do aprimoramento da formação educacional da jovem mulher. Sob o peso do custo das fraldas, do trabalho improvisado ou do subemprego, surpreendidas pela maternidade, carregam seus filhos em duplas jornadas de trabalho, com o auxílio de parentes e vizinhos que tentam suprir, por sentimento de obrigação ou solidariedade, a falta de estrutura que seria proporcionada pelo inexistente planejamento familiar. Na maioria das vezes, também em tempo precoce, serão avós e bisavós, mantendo-se a triste tradição de uma vida de amarguras diárias, onde estas heroínas, mulheres guerreiras e aguerridas, sofridas, teimosamente sustentam filhas e netos, com suas magras pensões previdenciárias ameaçadas de falência. Triste quadro descritivo da sociedade brasileira, onde o estado também não oferece estruturas adequadas de creches para a mãe que trabalha.
E vamos nós, automaticamente, comemorar mais um Dia Internacional da Mulher! Comemorar o que?... Será que realmente temos o que comemorar?... Deixo aqui a indagação. Mas por isso mesmo, por todas as dificuldades atravessadas, parabéns a essas mães falíveis e possíveis, que fazem o impossível para levar adiante a criação de seus filhos e filhas, doando de si mesmas, aquilo que muitas vezes nem receberam. A elas, lembro a fala do Mestre Jesus, às mulheres do mercado ao redor do Templo Judaico: Mulheres! Guardai vossos corpos!Não no sentido da desnecessária repressão sexual, mas no sentido do cuidado,  valorização e proteção de seus corpos e de seus sentimentos, para que saiam da condição de objeto de desejo masculino, estabelecendo limites necessários no mapa de aproximação. Criando critérios de compromisso de parte a parte, para que seja restabelecido o meio termo entre o prover e o cuidar; entre o papel masculino e o feminino. 
Pierre Weil, em O Fim da Guerra das Sexos[1] propõe que a humanidade caminhe em direção ao ponto de equilíbrio entre estes dois extremos, dentro de cada ser humano, seja homem ou mulher. Isto possibilita a redução das diferenças culturais na criação de cada sexo, o que permite a aproximação da visão de mundo de ambos e facilita as relações. E, para finalizarmos este pequeno ensaio reflexivo, peço atenção às mães de futuros maridos: Somos nós que mantemos o machismo, quando educamos de forma permissiva,os nossos filhos. Vamos oferecer bons pais de família à sociedade do futuro? Feliz Dia Internacional da Mulher!!!

                                                      Sueli Meirelles, em Nova Friburgo, 08 de Março de 2017


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