segunda-feira, 30 de outubro de 2017

A ESFINGE - Psicologia


            A memória da humanidade se preserva, no decorrer dos tempos, através dos arquétipos ou símbolos que, quando decifrados, nos permitem a compreensão dos sentidos mais profundos da vida. Tanto na cultura egípcia, quanto na cultura grega, o mito da esfinge está presente. Na mitologia grega, a esfinge propõe enigmas que devem ser decifrados pelo ser humano, e quando este não o consegue, ela o devora.
            Com cabeça de leão, asas de águia e corpo de boi, a esfinge representa o próprio homem diante dos desafios da vida. As asas de águia simbolizam o voo de seus ideais, a  sua visão ampla, voltada para o futuro e para as metas a serem alcançadas. Mas a mesma águia que voa está distante da terra, onde o ser humano, como mamífero terrestre, está destinado à concretização. Precisa ter os pés no chão, para que possa seguir o seu caminho existencial. O leão representa o Ego, o orgulho, a vontade consciente, o amor pela tarefa exigido para que a realização possa acontecer. O boi representa o instinto, o desejo e a força da terra, sem o que, torna-se impossível concretizar alguma coisa. As diferentes partes constituintes da esfinge, aparentemente sem nenhuma relação entre si, representam as sub-personalidades humanas, o feixe de “eus” que compõem o psiquismo. São partes psíquicas que muitas vezes se encontram em conflito, impedindo a plena realização. Quando a águia predomina, o ser humano perde o contato com a realidade. É capaz de produzir grandes idéias, sem jamais chegar a concretizá-las. Quando predomina o leão, o orgulho excessivo pode impedir que o indivíduo se adapte à realidade. Quando predomina o boi, os instintos podem levar à perda do domínio sobre si mesmo e a entrega aos vícios de toda espécie, que conduzem à degradação pessoal.
            O enigma proposto pela esfinge simboliza o autoconhecimento que o homem deverá alcançar, para que possa entender o sentido de sua própria existência na terra. E o primeiro enigma talvez seja a compreensão de como lidar com suas diferentes partes psíquicas, como integrá-las a serviço da evolução, tirando de cada uma delas, seus melhores potenciais.
            No sentido positivo, a águia representa a capacidade de transcendência do ser humano, seu contato com a Fonte Superior, inspiradora do sentido de vida que, quando aliado aos sentimentos positivos, à garra do leão, pode trazer a motivação necessária à realização dos ideais. O boi oferece o apoio concreto do instinto primário, da força de subsistência necessária ao caminhar. Ele é também o desejo voltado para o atendimento das necessidades básicas de segurança, moradia, alimento e prazer, que trazem satisfação à vida.
            Quando qualquer uma dessas partes psíquicas se encontra bloqueada ou em desarmonia com as outras, a energia gasta internamente na repressão das emoções de medo, raiva, tristeza ou dor emocional geradas, diminui a capacidade produtiva do indivíduo, conduzindo-o a estados de angústia e depressão. Esta última surge como resultado do sentimento de impotência diante da situação que se deseja modificar, e cuja solução não é percebida. Neste sentido, a neurose (a distorção da percepção de realidade causada pela confusão emocional) pode ser entendida como um processo de estagnação da energia vital, pelo aprisionamento do indivíduo a um modo de ver o mundo, a conceitos, preconceitos ou sentimentos que o impedem de atravessar os problemas da vida diária, rumo a realização de si mesmo. Na maioria dos casos, o que ocorre é que a solução para o problema vivido exige uma transformação interior que a pessoa não está disposta a fazer, por medo, orgulho, vaidade ou qualquer outro estado de Ego. Esta resistência à mudança é justamente o fator que alimenta o conflito interno e aumenta a sensação de sofrimento, expressa pelo coquetel de emoções que ficam aprisionadas no peito, sentidas na forma de aperto ou angústia.
Quando na situação terapêutica, estas partes psíquicas são identificadas, compreendidas e atendidas em suas necessidades específicas, o estado de equilíbrio emocional pode ser restabelecido e o organismo como um todo recupera sua força de ação. A partir daí, torna-se mais fácil entender-se as motivações inconscientes que regem as reações de cada ser humano diante da vida, e o melhor caminho em direção às soluções que, seguramente, não podem ser encontrados em nenhum outro lugar, senão dentro de cada um. Como disse o filósofo grego Sócrates: “Conhece a ti mesmo, para conheceres o mundo”.

Compartilhe e ajude a formar a Massa Crística da Nova Consciência Planetária.

Sueli Meirelles: Especialista em Psicologia Clínica Transpessoal e Terapeuta de Regressão. Autora do Método Meirelles de Reprogramação Mental.

Site: www.institutoviraser.com


4 comentários:

  1. Muito bom conteúdo, trabalho com o Reiki,em um atendimento visualizei uma esfinge, e se encaixa certinho no quadro da cliente, grata pela explicação

    ResponderExcluir
  2. Que maravilha de texto Sueli Meirelles!
    EStive numa aula de aprofundamento (Psicodrama e as Sete Etapas), com a Dra. Vera Saldanha. Num determinado momento, ela se referiu a ESFINGE...
    Fiquei curiosa e busquei ampliar o conhecimento sobre o assunto.
    Fiquei encantada e feliz ao encontrar um texto conciso, preciso.
    Gratidão!

    ResponderExcluir
  3. Nossa que texto excelente, parabéns pelo lindo trabalho. Gostei muito!!!

    ResponderExcluir
  4. Excelente texto. Parabéns, Sueli Meirelles. Gostaria de utiliza-lo, com sua permissão, como uma das referências para um projeto de arteterapia que pretendo desenvolver.

    ResponderExcluir