terça-feira, 10 de outubro de 2017

A RODA DE SAMSARA


            No Livro Tibetano dos Mortos (Bardo todol), texto da milenar sabedoria oriental, são descritos seis Reinos ou Estados de Consciência, que mantêm os seres humanos presos à roda das existências.
            O Sexto Reino, o mais inferior, é o Reino dos Infernos, onde o sentimento de raiva por tudo o que não é compreendido, leva o indivíduo a querer as coisas do seu próprio jeito, agindo sobre elas de maneira agressiva (raiva quente), ou afastando-se, ignorando e desprezando o que não compreende (raiva fria). Este é o campo da vingança ou da justiça pelas próprias mãos, ainda tão comum em nossos dias. Neste nível, o ser humano vive o conflito entre a auto-proibição de ter o que deseja, e o apego ao que tem.
            O Quinto Reino é o reino dos seres insaciáveis, voltados para o consumismo compulsivo que os leva a desprezarem, depois de algum tempo, tudo o que adquiriram, partindo em busca de novas aquisições, que por sua vez, também serão deixadas para trás. É o estado de consciência que pode nos fazer compreender porque alguns, embora já tenham o bastante para viverem confortavelmente, ainda continuam desejando novos bens de consumo. Neste nível, a vida é regida pelo princípio do prazer, gerando o conflito entre a auto-proibição e o apego ao prazer.
            O Quarto Reino, o da estupidez, expressa a luta pela sobrevivência mais primitiva, semelhante ao comportamento animal, onde os primeiros ou os mais fortes disputam o que desejam, com os retardatários ou mais fracos. É a disputa pela comida nas regiões onde há fome; é a disputa pelo táxi, num dia de chuva; é o assalto; é o roubo. É a disputa entre aqueles que só podem mandar e aqueles que só se permitem obedecer. É a disputa pelo poder.
            O Terceiro Reino, o do Orgulho é o reino da fama, das aparências; é o estado de consciência em que os seres humanos alimentam o seu ego com os elogios e o reconhecimento da sociedade, mesmo que seja passageiro. É como se suas existências dependessem disso; como se não percebessem qualquer qualidade dentro de si. Não têm auto-estima, embora, aparentemente ajam com prepotência a arrogância em relação aos seus semelhantes, colocando-se acima deles, pelo que imaginam que têm de melhor.
            O Segundo Reino é o reino do Ciúme, onde os seres humanos permanecem aprisionados pelos sentimentos de inveja em relação aos seus semelhantes, necessitando denegri-los através de maledicências, tentando, com isso, diminuir os outros, aproximando-os da condição em que, inconscientemente se encontram em sua baixa-estima. Neste nível, está o eterno conflito entre o certo e o errado, fruto do julgamento dos outros, segundo uma verdade que é sempre pessoal e relativa aos conceitos do julgador.
            O Primeiro Reino, o do Egoísmo, é aquele em que as pessoas vivem para curtir a vida, tendo à sua volta, tudo aquilo que lhes dá satisfação e alegria, sem se importarem com o que ocorre no mundo. Curtem a vida, até que o medo de perderem o que têem, os leve a desenvolverem uma síndrome de pânico, como num aviso inconsciente, de que esta sociedade egoísta não pode ter vida longa. Até que chega um momento em que a natureza nos mostra que fazemos parte dela, num sistema ecológico e interdependente, onde tudo está ligado a tudo. Neste último nível antes do despertar de uma nova consciência, os seres humanos vivenciam o conflito originado na fantasia da separatividade, por não compreenderem que, em outros níveis de consciência mais elevados, existe uma unidade que a tudo permeia, e que se manifesta no mundo material, de múltiplas formas. Vivenciam o conflito entre o material e o espiritual; entre a forma e a essência, até que possam compreender que a parte se integra num todo espiritual, do qual cada Ser é a própria representação no mundo material.
            À medida que a humanidade vai alcançando níveis mais elevados de consciência, começa a despertar para a compreensão da essência, por trás das aparências, libertando-se, gradualmente, destes estados de consciência inferiores, que tanto sofrimento causam àqueles que os vivenciam. Este processo de libertação interior beneficia não somente aos indivíduos que vivenciam o conflito, mas também àqueles que com eles convivem, seja a família, a comunidade, um país ou mesmo todo o planeta.
            Na realidade, todos os conflitos que vemos no mundo atual, somente poderão terminar, quando estes conflitos, dentro de cada ser humano, tiverem sido solucionados.

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Sueli Meirelles: Especialista em Psicologia Clínica, Regressão de Memória, Hipnose Ericksoniana, Reprogramação Mental. Consultora em Desenvolvimento Humano. Pesquisadora de fenômenos Psicoespirituais. Escritora e Palestrante.






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