sábado, 10 de agosto de 2024

O POVO E A LINGUAGEM - Comportamento


    Em minhas andanças pelo dia a dia da vida, presto muita atenção se as pessoas com quem converso estão realmente compreendendo o significado do que estamos falando ou o significado do conteúdo das notícias que estão sendo divulgadas, em tempos de narrativas manipulativas, com o objetivo de gerar polêmicas virtuais.

    Um dos termos que descobri que pode gerar conflitos é o termo técnico “tombado”. Como sempre, fui ao Dicionário online e encontrei os seguintes significados: O que tombou; que caiu ou foi derrubado; Inclinado para o lado; que deslizou; inclinado; morto; aquilo que está num inventário de bens móveis; que foi registrado por sua relevância histórica, artística, paisagística, sendo merecedor de proteção e que, com esse registro, passa a ser administrado por uma legislação específica.”

    Diante desses duplos sentidos, quantas críticas e comentários poderão surgir diante da notícia de que o Patrimônio Histórico de uma cidade “tombou” um prédio antigo? Alguns dirão: Que absurdo derrubar um prédio tão importante! E, a partir daí começarão uma discussão com prós e contras ao tombamento do imóvel, sem saberem exatamente sobre o que estão discutindo.

    Recentemente, vi no noticiário uma narrativa, colocando em dúvida se o Brasil faz parte da América Latina, considerando a grande diversidade racial do povo brasileiro e, mais uma vez, recorri à Web, para verificar a pertinência da dúvida, encontrando esta definição na Wikipédia:“A América Latina (em castelhanoAmérica Latina ou Latinoamérica; em francêsAmérique latine) é uma região do continente americano que engloba os países onde são faladas, primordialmente, línguas românicas (derivadas do latim) — no caso, o espanhol, o português e o francês — visto que, historicamente, a região foi maioritariamente dominada pelos impérios coloniais europeus Espanhol e Português.”

    Como já expliquei em artigo anterior, narrativas são apenas opiniões sem fundamentação, que exprimem o desabafo de quem fala. Desse modo, o questionamento sobre o nosso país fazer parte ou não da América Latina evidencia uma distorção de significado, cm objetivo de gerar polêmicas e discussões, já que a denominação se refere aos países da América que falam idiomas derivados do Latim, como o português, castelhano e o espanhol, sem nenhuma relação com questões raciais.

    Observando esses detalhes, verificamos que o empobrecimento cultural e linguístico pode ser um excelente instrumento para enfraquecer, dividir e dominar um povo, levando-o a desperdiçar energia em discussões inúteis, que geram animosidade, dividem famílias e separam amigos, atendendo aos objetivos do sistema dominante. Portando, antes de discutiram qualquer assunto, fiquem atentos e procurem se informar mais sobre o tema da discussão provocada.

                             Sueli Meirelles em Nova Friburgo, 09 de Agosto de 2024.

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quinta-feira, 8 de agosto de 2024

IMPOR OU COMPOR? Comportamento

 

               O aspecto mais importante da comunicação interpessoal é a compreensão do significado dos termos utilizados. Em tempos de discussões através das redes sociais, as pessoas tentam impor sua visão de mundo, gerando desgastes mútuos em intermináveis polêmicas, através das quais cada parte quer ter a sua visão de mundo reconhecida pelos demais contendores.

          Quando recorremos ao Dicionário online, buscando o significado de cada termo, encontramos o seguinte:Significados de Impor: Obrigar; fazer com que seja obrigatório: exercer certa influência sobre alguém; imposição; estabelecer normas; colocar em vigor; fazer vigorar; Infligir; aplicar pena, castigar. Significados de Compor: Formar um todo, juntando diferentes partes; composição; criar como novo; produzir, inventar: participar de, integrar.”

                    Como profissional do comportamento, atuando em mediação de conflitos conjugais, familiares, profissionais e sociais, percebo, por detrás de tudo isso, alguns componentes que, quando compreendidos, podem conduzir ao verdadeiro diálogo interpessoal. Em primeiro lugar, os comportamentos de oposição têm origem nas necessidades emocionais não atendidas na infância; na necessidade de a criança ser vista, acolhida, compreendida e atendida em suas expectativas ou ter as devidas explicações sobre os reais impecilhos a sua solicitação. Quando isso não acontece, a parte psíquica criança, que continuará existindo no inconsciente do adulto emocionalmente mal resolvido, quando voluntariosa, irá desenvolver um comportamento de oposição diante de cada situação que se apresente, como forma de chamar atenção para si mesma, como se concluísse: “É melhor ter alimento afetivo ruim do que não ter nenhum alimento!”. Além disso, nesses mesmos tempos informacionais, por incrível que pareça, cresce a desinformação e o nível de ignorância sobre o significado das palavras, levando as pessoas a falarem sem efetivamente se comunicarem.

          A composição, por sua vez, tem o sentido de que cada lado pode contribuir para um objetivo em comum, doando o melhor de si mesmo. Se tomarmos o exemplo da composição musical, cada nota, associada a um conjunto de outras notas, constituem os três componentes da estrutura musical: Melodia, harmonia e ritmo, significando um conjunto organizado e integrado de sons. Se ampliarmos esta compreensão para a estrutura de uma orquestra, iremos perceber que cada músico tem a sua posição na orquestra, tocando o seu instrumento em momento específico, seguindo uma partitura musical, sob o comando da batuta do maestro, que sintetiza o tempo de todos, a partir do seu próprio tempo.

Então, com base nestas reflexões, se cada pessoa envolvida numa discussão presencial ou virtual, reservar um tempo para identificar a contribuição da divergência, para o seu desenvolvimento pessoal, poderá identificar os componentes emocionais subjacentes ao conflito, conseguindo orientar sua fala no sentido de não impor sua visão de mundo ao outro e, ao mesmo tempo perceber que não precisa ter a aprovação de outras pessoas para a sua visão, já que cada uma tem direito às suas próprias razões, em seu campo pessoal de ação, cujo limite é o campo de ação dos outros. Em todos esses casos, o autoconhecimento profundo, permite que os conteúdos emocionais inconscientes sejam previamente esvaziados, em contexto adequado, reduzindo os gatilhos disparadores de conflitos e permitindo que as pessoas possam chegar a compor, cada uma contribuindo com o melhor de si mesmas para a solução dos problemas.

          Então, depois destas simples explicações, quando estiver numa situação de conflito, pergunte a si mesmo (a): Qual o gatilho emocional que está sendo ativado dentro de mim e como posso, efetivamente, trazer a luz da consciência e do esclarecimento aos pontos obscuros de uma discussão?

 

                                   Sueli Meirelles, em Nova Friburgo, 08 de Agosto de 2024