quinta-feira, 8 de agosto de 2024

IMPOR OU COMPOR? Comportamento

 

               O aspecto mais importante da comunicação interpessoal é a compreensão do significado dos termos utilizados. Em tempos de discussões através das redes sociais, as pessoas tentam impor sua visão de mundo, gerando desgastes mútuos em intermináveis polêmicas, através das quais cada parte quer ter a sua visão de mundo reconhecida pelos demais contendores.

          Quando recorremos ao Dicionário online, buscando o significado de cada termo, encontramos o seguinte:Significados de Impor: Obrigar; fazer com que seja obrigatório: exercer certa influência sobre alguém; imposição; estabelecer normas; colocar em vigor; fazer vigorar; Infligir; aplicar pena, castigar. Significados de Compor: Formar um todo, juntando diferentes partes; composição; criar como novo; produzir, inventar: participar de, integrar.”

                    Como profissional do comportamento, atuando em mediação de conflitos conjugais, familiares, profissionais e sociais, percebo, por detrás de tudo isso, alguns componentes que, quando compreendidos, podem conduzir ao verdadeiro diálogo interpessoal. Em primeiro lugar, os comportamentos de oposição têm origem nas necessidades emocionais não atendidas na infância; na necessidade de a criança ser vista, acolhida, compreendida e atendida em suas expectativas ou ter as devidas explicações sobre os reais impecilhos a sua solicitação. Quando isso não acontece, a parte psíquica criança, que continuará existindo no inconsciente do adulto emocionalmente mal resolvido, quando voluntariosa, irá desenvolver um comportamento de oposição diante de cada situação que se apresente, como forma de chamar atenção para si mesma, como se concluísse: “É melhor ter alimento afetivo ruim do que não ter nenhum alimento!”. Além disso, nesses mesmos tempos informacionais, por incrível que pareça, cresce a desinformação e o nível de ignorância sobre o significado das palavras, levando as pessoas a falarem sem efetivamente se comunicarem.

          A composição, por sua vez, tem o sentido de que cada lado pode contribuir para um objetivo em comum, doando o melhor de si mesmo. Se tomarmos o exemplo da composição musical, cada nota, associada a um conjunto de outras notas, constituem os três componentes da estrutura musical: Melodia, harmonia e ritmo, significando um conjunto organizado e integrado de sons. Se ampliarmos esta compreensão para a estrutura de uma orquestra, iremos perceber que cada músico tem a sua posição na orquestra, tocando o seu instrumento em momento específico, seguindo uma partitura musical, sob o comando da batuta do maestro, que sintetiza o tempo de todos, a partir do seu próprio tempo.

Então, com base nestas reflexões, se cada pessoa envolvida numa discussão presencial ou virtual, reservar um tempo para identificar a contribuição da divergência, para o seu desenvolvimento pessoal, poderá identificar os componentes emocionais subjacentes ao conflito, conseguindo orientar sua fala no sentido de não impor sua visão de mundo ao outro e, ao mesmo tempo perceber que não precisa ter a aprovação de outras pessoas para a sua visão, já que cada uma tem direito às suas próprias razões, em seu campo pessoal de ação, cujo limite é o campo de ação dos outros. Em todos esses casos, o autoconhecimento profundo, permite que os conteúdos emocionais inconscientes sejam previamente esvaziados, em contexto adequado, reduzindo os gatilhos disparadores de conflitos e permitindo que as pessoas possam chegar a compor, cada uma contribuindo com o melhor de si mesmas para a solução dos problemas.

          Então, depois destas simples explicações, quando estiver numa situação de conflito, pergunte a si mesmo (a): Qual o gatilho emocional que está sendo ativado dentro de mim e como posso, efetivamente, trazer a luz da consciência e do esclarecimento aos pontos obscuros de uma discussão?

 

                                   Sueli Meirelles, em Nova Friburgo, 08 de Agosto de 2024

 

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