Em
artigo publicado no Jornal do Conselho Regional de Psicologia,
uma síntese de Dissertação de Mestrado sinaliza o grave problema da
medicalização da vida: Desde as depressões, síndromes de pânico, hipertensão
arterial, até a hiperatividade e dificuldades de aprendizagem, passando pelos
problemas sexuais de uma população estressada e oprimida por múltiplos
problemas sócio-econômicos, tudo, absolutamente tudo é reduzido à falsa idéia
de que a pílula mágica resolve todos os problemas, sem que o paciente tenha que
parar para rever seus conceitos de vida.
Desde que a química
descobriu o efeito das substâncias sobre o organismo humano, no século XVII,
desenvolveu-se o hábito de “combater” os sintomas, sem que, efetivamente, haja
uma preocupação em buscar as suas causas, as quais, obrigatoriamente, estão
relacionadas a dinâmica que cada pessoa estabelece com o mundo externo.
Hoje,
a bilionária “Indústria da Doença” investe mais na propaganda de medicamentos,
para todos os tipos de mazelas humanas, do que em pesquisas, principalmente
aquelas que afetam as populações de baixa renda (como a doença de chagas e a
febre amarela), que não se encaixa no perfil de “bom consumidor”.
As
pesquisas realizadas restringem-se àquelas que podem resultar no aumento do
consumo de medicamentos. Pesquisas sobre os efeitos da meditação sobre a
hipertensão arterial; pesquisas sobre os efeitos da alimentação saudável sobre
o organismo; pesquisas sobre os efeitos da psicoterapia sobre as doenças
psicossomáticas, não têm patrocínio; pelo contrário, sofrem um processo
subliminar de desvalorização, em programas televisivos que indagam, em alto e
bom som, “se” elas, efetivamente, produzem resultados, embora estes, desde há
muito já tenham sido comprovados, na longa prática dos consultórios. Fala-se
sobre a hipertensão secundária (causada pelo mau colesterol), mas não se fala
sobre a hipertensão primária (causada pelo estreitamento das artérias, por
tensão nervosa); não se fala do diabetes de origem emocional (causado pela
alteração bioquímica dos comandos emocionais originados no hipotálamo (este comanda
sede, sono, sexo, temperatura e pressão arterial, e todas estas funções podem
ser afetadas por descargas emocionais, que produzem alterações bioquímicas no
organismo).
Massificada pela
propaganda diária, a população (principalmente a brasileira, a quem são ainda
vendidos medicamentos desde há muito proibidos em países de primeiro mundo)
habituou-se ao uso diário de medicamentos, que contribuem para a cronificação
de muitas doenças. A simples diminuição do padrão de normalidade da pressão
arterial, aumenta, significativamente, a quantidade de pessoas consideradas
hipertensas, tendo, como conseqüência imediata, um assombroso (e lucrativo)
aumento do consumo de anti-hipertensivos. Como o próprio nome define,
hiper-tensa é a pessoa que está muito tensa, diante de situações de vida
diária, sobre as quais ela não tem poder de mudança. Depressiva, é a pessoa que
se sente impotente diante de situações que estão fora do seu controle.
Portadoras de síndrome de pânico são as pessoas que não encontram segurança em
recursos materiais, diante das assustadoras transformações sociais que ocorrem
no mundo de hoje. Dificuldades de aprendizagem tem a criança que não teve
estimulação lingüística nos primeiros meses de vida; que vive conflitos
emocionais e sociais, em famílias desestruturadas; que não teve uma alimentação
ou estimulação adequada, nos primeiros anos de vida...
Desinformada
sobre as verdadeiras origens das doenças; considerando-as como algo que ocorre
de forma alheia à própria vontade; ignorando a relação mente-corpo-espírito, a
população consome bilhões de reais em medicamentos, durante anos a fio,
“controlando” doenças crônicas que são mantidas por estados emocionais, também
cronificados. Padrões mentais cristalizados provocam sempre as mesmas
alterações emocionais, que produzem sempre as mesmas alterações bioquímicas,
que alimentam sempre os mesmos sintomas, numa interminável repetição de um
estilo de vida, cada vez mais doentio.
Será
possível reduzirmos a dinâmica da vida a uma simples “pílula mágica”? Seria
como desligamos o painel do carro, quando este acusa falta de óleo, e continuarmos
a dirigir, como se tudo estivesse bem, danificando nossos veículos
Até quando vamos nos
recusar a compreender que o sintoma é um pedido de socorro, de um organismo que
está vivendo em condições inadequadas à manutenção da saúde?
SUELI MEIRELLES Site: www.institutoviraser.com
Siga-me e ajude a formar a Massa Crítica para a Mudança de Mentalidade que todos nós desejamos no mundo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário