Tequinho parece até sorrir,
no aconchego do colo de Papai
Pipo.
No decorrer do dia, entre
nossos afazeres, ouvimos um gatinho miando, insistentemente, na rua, mas não
lhe demos nenhuma atenção. Á noite, nós fomos ao cinema, assistir o Auto da
Compadecida, e quando retornamos à casa, o gatinho, já rouco, continuava
miando, agora desesperado. Durante o jantar, minha filha, indignada, nos disse:
_Como é que vocês podem comer, sabendo que o gato está morrendo de fome? Meu
marido contestou, dizendo-nos que animais de estimação nos prendem ao
compromisso, quando queremos viajar. Minha filha e eu argumentamos que somente
pegaríamos o animal se fosse uma fêmea; que iríamos cuidar dela, até que
ficasse bonita, e depois a daríamos para alguém que a quisesse. Vencendo a
oposição masculina, e ainda um pouco a seu contragosto, decidimos ir buscar o
filhote, mesmo que fosse temporariamente.
Minha filha pegou um pano de chão e desceu as escadas do
nosso apartamento, para recolher o animalzinho, que não ofereceu a menor
resistência para ser acolhido, embora estivesse muito assustado e com o coração
aos pulos...
Foi assim que conhecemos você, gato Pipo! Mas naquele
momento, em função de nossa ignorância sobre o sexo dos gatos, pensamos que
você fosse uma fêmea, e lhe demos o nome de Pepita. Pegando você no colo e
percebendo o quanto estava assustado, ainda sujo e enrolado no pano de chão,
aconcheguei-o ao meu peito, envolvendo-o com amor e acolhimento. Você levantou
a cabeça, olhando-me firme, com seus belos olhos verdes, como se me indagasse:
_ O que é isto que você está fazendo? Com certeza, esta era a sua primeira
experiência de contato com a força morna e acolhedora do amor...
Durante
a noite ficamos preparados para ouvir os seus miados de filhote, mas depois do
aconchego e do pote de leite, você dormiu a noite toda, talvez pela primeira
vez, numa caixa de sapato improvisada como cama, num cantinho do banheiro do
terraço. No dia seguinte, você amanheceu totalmente sem voz, pelo desgaste dos
últimos dias. Mas seus insistentes miados não foram em vão! Resultaram em
acolhida, dando-nos uma primeira lição de que a persistência é uma virtude
necessária, quando queremos alcançar nossos objetivos.
Nos dois primeiros dias você caminhava pelos cantos dos
cômodos, ainda ressabiado em relação a nós humanos, talvez pelos maus tratos
sofridos na rua. Depois, foi ocupando o seu espaço, até se tornar o dono da
casa e de nossos corações. Na clínica veterinária, descobrimos que você era um
macho e retificamos nosso erro de identificação, trocando-lhe o nome para Pipo.
Antes, queríamos uma fêmea, por ser mais dócil e caseira, mas agora era tarde
demais para resistir à sua conquista. Você agora é o nosso Pipusco.
Quando sua “prima” Dorothy, uma bela fêmea siamesa veio
nos visitar, você viveu sua primeira paixão de adolescente, fazendo-lhe a corte
com as mais belas poses que já havíamos visto. Você era realmente um gentleman,
mas isto não foi suficiente para ultrapassar o preconceito racial, e você foi
recusado por sua “sogra”, por ser um gato vira-latas, embora agora com a mesma
condição social, cheiroso e de banho tomado. Sua “Mamãe” cuida bem de você. Esta
sua nova condição social também lhe trouxe sérios problemas na rua. Depois de despertado
pelo amor a Dorothy, você fugia todas as noites, ou até mesmo por vários dias,
para voltar arranhado, cortado e machucado em suas disputas pelas fêmeas da
noite. Na verdade, você não sabia mais brigar, e suas unhas eram aparadas, para
não arranhar os sofás. Preço pago por ter se tornado um gato de estimação!...
Certo dia, ao retornar a casa, pela manhã, você chegou
acompanhado por um filhote que, soubemos mais tarde pela veterinária, só
poderia ser seu, porque os machos não aceitam outros machos em seu território,
a não ser que sejam de sua própria cria. Nessa segunda lição de vida, você
ensinou a todos nós, humanos, que os pais felinos são responsáveis e pagam
“ração alimentícia”, sem que isto precise lhes ser exigido na justiça. Você fez
isto por instinto de amor e proteção ao seu filho Tequinho que, ao contrário de
você, chegou à nossa casa com a consciência de seu direito de herança, tomando
posse da “casa de papai”. Hoje, vocês dois moram juntos e compartilham conosco
brincadeiras que só nos trazem alegria. Até mesmo o “Vovô”, que havia se
mostrado resistente, agora é o primeiro a cuidar de vocês, com todo carinho.
Com vocês, aprendemos uma terceira lição: _ ADOTE UM FILHOTE ÓRFÃO E SUA VIDA
SERÁ PREENCHIDA COM MUITAS ALEGRIAS!...
Compartilhe e divulgue o amor pelos animais. Eles merecem!
Dra. Sueli Meirelles - Professora, Pesquisadora e Especialista em Psicologia Clínica Transpessoal
Autora do Método Meirelles de Reprogramação Mental. Escritora e Palestrante
Site: www,institutoviraser.com
Email: suelimeirelles@gmail.com
Whatsapp: 55 22 99955-7166
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