segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

UM CASO DE AMOR PATERNO - Conto

                       
                                                    
          Tequinho parece até sorrir,
     no aconchego do colo de Papai Pipo.

            No decorrer do dia, entre nossos afazeres, ouvimos um gatinho miando, insistentemente, na rua, mas não lhe demos nenhuma atenção. Á noite, nós fomos ao cinema, assistir o Auto da Compadecida, e quando retornamos à casa, o gatinho, já rouco, continuava miando, agora desesperado. Durante o jantar, minha filha, indignada, nos disse: _Como é que vocês podem comer, sabendo que o gato está morrendo de fome? Meu marido contestou, dizendo-nos que animais de estimação nos prendem ao compromisso, quando queremos viajar. Minha filha e eu argumentamos que somente pegaríamos o animal se fosse uma fêmea; que iríamos cuidar dela, até que ficasse bonita, e depois a daríamos para alguém que a quisesse. Vencendo a oposição masculina, e ainda um pouco a seu contragosto, decidimos ir buscar o filhote, mesmo que fosse temporariamente.
            Minha filha pegou um pano de chão e desceu as escadas do nosso apartamento, para recolher o animalzinho, que não ofereceu a menor resistência para ser acolhido, embora estivesse muito assustado e com o coração aos pulos...
            Foi assim que conhecemos você, gato Pipo! Mas naquele momento, em função de nossa ignorância sobre o sexo dos gatos, pensamos que você fosse uma fêmea, e lhe demos o nome de Pepita. Pegando você no colo e percebendo o quanto estava assustado, ainda sujo e enrolado no pano de chão, aconcheguei-o ao meu peito, envolvendo-o com amor e acolhimento. Você levantou a cabeça, olhando-me firme, com seus belos olhos verdes, como se me indagasse: _ O que é isto que você está fazendo? Com certeza, esta era a sua primeira experiência de contato com a força morna e acolhedora do amor...
Durante a noite ficamos preparados para ouvir os seus miados de filhote, mas depois do aconchego e do pote de leite, você dormiu a noite toda, talvez pela primeira vez, numa caixa de sapato improvisada como cama, num cantinho do banheiro do terraço. No dia seguinte, você amanheceu totalmente sem voz, pelo desgaste dos últimos dias. Mas seus insistentes miados não foram em vão! Resultaram em acolhida, dando-nos uma primeira lição de que a persistência é uma virtude necessária, quando queremos alcançar nossos objetivos.
            Nos dois primeiros dias você caminhava pelos cantos dos cômodos, ainda ressabiado em relação a nós humanos, talvez pelos maus tratos sofridos na rua. Depois, foi ocupando o seu espaço, até se tornar o dono da casa e de nossos corações. Na clínica veterinária, descobrimos que você era um macho e retificamos nosso erro de identificação, trocando-lhe o nome para Pipo. Antes, queríamos uma fêmea, por ser mais dócil e caseira, mas agora era tarde demais para resistir à sua conquista. Você agora é o nosso Pipusco.
            Quando sua “prima” Dorothy, uma bela fêmea siamesa veio nos visitar, você viveu sua primeira paixão de adolescente, fazendo-lhe a corte com as mais belas poses que já havíamos visto. Você era realmente um gentleman, mas isto não foi suficiente para ultrapassar o preconceito racial, e você foi recusado por sua “sogra”, por ser um gato vira-latas, embora agora com a mesma condição social, cheiroso e de banho tomado. Sua “Mamãe” cuida bem de você. Esta sua nova condição social também lhe trouxe sérios problemas na rua. Depois de despertado pelo amor a Dorothy, você fugia todas as noites, ou até mesmo por vários dias, para voltar arranhado, cortado e machucado em suas disputas pelas fêmeas da noite. Na verdade, você não sabia mais brigar, e suas unhas eram aparadas, para não arranhar os sofás. Preço pago por ter se tornado um gato de estimação!...
            Certo dia, ao retornar a casa, pela manhã, você chegou acompanhado por um filhote que, soubemos mais tarde pela veterinária, só poderia ser seu, porque os machos não aceitam outros machos em seu território, a não ser que sejam de sua própria cria. Nessa segunda lição de vida, você ensinou a todos nós, humanos, que os pais felinos são responsáveis e pagam “ração alimentícia”, sem que isto precise lhes ser exigido na justiça. Você fez isto por instinto de amor e proteção ao seu filho Tequinho que, ao contrário de você, chegou à nossa casa com a consciência de seu direito de herança, tomando posse da “casa de papai”. Hoje, vocês dois moram juntos e compartilham conosco brincadeiras que só nos trazem alegria. Até mesmo o “Vovô”, que havia se mostrado resistente, agora é o primeiro a cuidar de vocês, com todo carinho. Com vocês, aprendemos uma terceira lição: _ ADOTE UM FILHOTE ÓRFÃO E SUA VIDA SERÁ PREENCHIDA COM MUITAS ALEGRIAS!...

 Compartilhe e divulgue o amor pelos animais. Eles merecem!

Dra. Sueli Meirelles - Professora, Pesquisadora e Especialista em Psicologia Clínica Transpessoal
Autora do Método Meirelles de Reprogramação Mental. Escritora e Palestrante
Site: www,institutoviraser.com
Email: suelimeirelles@gmail.com
Whatsapp: 55 22 99955-7166



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