segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

JUSTIÇA PELAS PRÓPRIAS MÃOS - Política e Espiritualidade

 Por conta da longa prática de trabalho com o comportamento humano, habituei-me a olhar a vida de um ponto de vista evolutivo e eqüidistante entre os extremos, consciente de que as posições extremadas refletem o desequilíbrio que, facilmente, nos conduz à exacerbação das emoções e aos sectarismos ou fanatismos de todo tipo. Desde tempos ancestrais, vimos isto acontecer, nos momentos em que as emoções conflituosas se sobrepuseram à ponderação equânime, resultante de posturas mais sábias, que equilibram razão e emoção.
                Ao longo da história da humanidade, fazer justiça pelas próprias mãos foi sinônimo de abuso de poder e desrespeito às leis constituídas, quando algumas pessoas radicais, em nome de conceitos distorcidos de justiça, aplicavam penalidades a terceiros, sem que estes tivessem direito de defesa. Mas, e quando cada indivíduo, por conta de suas próprias ações, torna-se alvo de suas próprias leis? Não estará ele, de outro modo, fazendo justiça pelas próprias mãos, sendo instrumento da Lei do Retorno? Será este o modelo mais justo de exercício da lei?
                De  acordo com esse novo olhar evolutivo, as Leis Divinas são tão perfeitas e interligadas entre si que, atendendo ao simbolismo de que Deus descansou no sétimo dia, depois de concluída a criação, podemos dizer que “Deus não faz nada”, pois volta a cada um  de nós a energia que lançamos ao mundo, através de pensamentos, sentimentos e ações, construtivas ou destrutivas. Do ponto de vista espiritual, duas leis primordiais regem nossas vidas: Lei do Livre arbítrio e Lei de Causa e Efeito. Em síntese: A plantação é livre e a colheita, obrigatória ou ainda,  como diz a sabedoria popular “Quem planta vento colhe tempestade”...
                Até o ano de 2012, muito se falou sobre o final dos tempos, com a previsão de acontecimentos catastróficos que poriam fim a nossa civilização. Como previsões existem para não serem cumpridas, mas para que se promovam as mudanças necessárias à preservação da vida, como nos evidencia o Antropólogo Fernando Malkum, numa série de documentários sobre As Sete Profecias Maias[1] , neste momento estamos no “salão dos espelhos”, confrontando-nos com o melhor e o pior de nossa trajetória evolutiva. Praticamente tudo o que dizemos, tudo o que fazemos,  fica registrado ou rastreado na Rede Virtual. Estamos num Big Brother Planetário, em que as notícias rapidamente viralizam na internet, em tempo real, sem que precisemos percorrer o tempo-espaço que nos separa de qualquer outro ponto da superfície do planeta. Simplesmente incrível!!! Será que isso acelera a nossa evolução? Parece que sim! Embora aparentemente nada tenha mudado visivelmente, a data de 12/12/12[2] marcou o último portal de abertura consciencial da humanidade, para que entrássemos em num novo tempo de transformações muito mais rápidas e acentuadas. E quais são as conseqüências sociais e políticas dessa nova dinâmica informacional? Do ponto de vista social, as lideranças verticais do antigo modelo patriarcal cederam lugar às sintonias horizontais e fraternas, de pessoas interligadas por afinidades ideológicas, em formato de Rede Virtual em torno do Planeta. Do ponto de vista político, entre 2010 e 2012, por força da iniciativa popular, aqui no Brasil, foi votada e aprovada com grande participação de políticos de diferentes partidos, a Lei da Ficha Limpa[3], marco representativo do primeiro passo para o amadurecimento da jovem Nação Brasileira, criando um crivo de saneamento gradual do hábito nacional de abrir mão dos valores éticos, em troca de largos benefícios financeiros. Nos últimos anos, através dessa imensa tela virtual do Salão dos Espelhos, acompanhamos, diariamente, o lento desfile de julgamentos, recursos, apelações e polêmicas sem fim... Razões e contra-razões cabíveis a cada cidadão brasileiro envolvido em algum processo de improbidade administrativa, numa sociedade democrática, que passa na peneira as verdades relativas de cada lado. Todos somos testemunhas, silenciosas ou não, deste embate polarizado praticamente entre os dois extremos da direita e da esquerda, pelo simples desconhecimento de que, as oposições, sejam entre mãos ou lados, podem ser úteis ao equilíbrio dos sistemas e complementares entre si.  Mas isto exige maturidade evolutiva!... Vimos pessoas participando, inconscientemente, do cumprimento das sentenças que descem sobre suas cabeças: Vimos governantes que construíram e inauguraram presídios, para viverem  a triste experiência de terem sua liberdade restrita, em uma de suas celas; vimos políticos serem condenados por força de leis por eles assinadas. Vimos políticos confrontados com suas falas do passado, contradizendo suas falas do presente... Acompanhamos a trajetória da decadência moral de antigas lideranças políticas, que ficarão registradas na história deste período escuro da moralidade humana. E o que vale para eles vale também para cada um de nós, igualmente submetidos às mesmas Leis Evolutivas, que protegem o nosso livre arbítrio e nos tornam autores de nossas próprias histórias; vítimas e algozes de nossos próprios atos, no cumprimento de ciclos evolutivos.  No  salão dos espelhos das Redes Sociais, rememoramos momentos preciosos de nossas vidas,  amizades conquistadas, algumas exposições muitas vezes  desnecessárias, de desencontros afetivos ou amizades desfeitas pelas discordâncias de opinião. Estamos todos sendo confrontados com nossas próprias falas gravadas em vídeos antigos, que podem nos flagrar em contradições de opinião, geradas pela mudança de rumo de interesses momentâneos e nem sempre construtivos e a serviço do bem comum.
Por tudo isso, podemos perguntas: _ Qual a força evolutiva dessa nova dinâmica informacional? Até onde ela irá nos levar? Como na mistura inicial dos ingredientes de uma nova receita de civilização, os resultados ainda não são previsíveis.  Diante da falência das velhas estratégias que se tornaram disfuncionais por força das mutações civilizatórias, vamos experimentando e testando novos modelos comportamentais, até que tenhamos nos adaptado ao novo sistema planetário que nos conecta através do campo emocional e mental do Planeta. Como ondas interligadas pelo mar das emoções, balançamos ao sabor das experiências evolutivas, extraindo de cada uma importantes aprendizagens, cada vez mais conscientes de que aquele a quem chamamos Deus, não faz absolutamente nada: Criou leis tão perfeitas que quando nelas esbarramos, automaticamente desencadeamos uma reação igual e contrária, tornando-nos promotores de justiça por nossas próprias mãos...

Sueli Meirelles: Professora, Pesquisadora e Especialista em Psicologia Clínica. Consultora em Desenvolvimento Humano, Saúde Integral, ecologia Integral e Educação para a Paz. Escritora e Palestrante. Site: http://www.suelimeirelles.com       Whatsapp: 55 22 999.557.166
               



[1] Fonte: [1] A Segunda Profecia Maia: https://www.youtube.com/watch?v=aC4LjteKloY

[2] Segundo a Teosofia, 3+3+3=9, que simboliza a transformação, regida pelo Arquétipo da Justiça, representado por  João Batista.

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