Regulamentada como profissão em
1964, a Psicologia ainda convive com as conseqüências decorrentes de ser uma
profissão nova. Sua imagem varia do descrédito ao místico, poucas vezes sendo
compreendida em sua dimensão técnico-científica.
Procurar um Psicólogo, para muitas pessoas significa “não
estar bom da cabeça”; procurar alguém para “conversar”; ter um “amigo pago”,
disponível para ouvi-lo. Outros, não procuram um Psicólogo por acreditar que o
profissional irá tentar “fazer a sua cabeça”, tentar convencê-lo de que está
“errado” e “corrigi-lo” em suas “imperfeições”. Outros, ainda, projetam na
figura do Psicólogo a expectativa de que ele vá fazer com que a criança ou
adolescente por ele atendido, se submeta às expectativas das figuras de
autoridade com quem convive, desconhecendo e desconsiderando a Sabedoria Maior
que habita o interior de cada Ser Humano. O mesmo acontece com os maridos e com
as esposas de clientes em terapia. É como se todos acreditassem que o mundo
seria bem melhor se fosse do seu próprio jeito, e que o Psicólogo é o
profissional qualificado para promover esta reforma interior, no outro.
O que efetivamente poucas pessoas
sabem, é que o Psicólogo não fará nada disso, pois a psicoterapia é um processo
de auto-descobrimento, iniciado por alguém que está insatisfeito com o próprio
modo de ser, com a própria vida, e tem a coragem de realizar este trabalho de
Reprogramação Mental, orientado segundo seus próprios valores e objetivos de
vida. Nesta viagem interior, o psicólogo irá atuar como um facilitador do
autoconhecimento do cliente, algumas vezes funcionando como um espelho onde ele
poderá se ver, sem censuras ou julgamentos desnecessários, justamente para que
possa promover algum tipo de mudança interna. Como companheiro evolutivo, o
Psicólogo é o ponto de apoio para o mergulho, descoberta, esvaziamento
emocional e retorno das profundezas do inconsciente, possibilitando um novo
modo de ser e de estar no mundo. Ao contrário do que muitos pensam o objetivo
da psicoterapia não é corrigir o comportamento; ela objetiva identificar
potenciais negativos, aceitá-los como sendo seus, dissolvê-los à luz de uma
nova compreensão, liberando este potencial psíquico, antes negativo, para novas
ações, mais positivas, no tempo presente. Significa também, muitas vezes,
encontrar potenciais positivos, até então desconhecidos.
O
cliente que procura a psicoterapia está aprisionado por suas próprias memórias,
quer sejam conscientes ou inconscientes, a outros momentos do tempo
existencial. Quando ele se prende ao passado, sofre com o fato de que o mundo
não seja mais o mesmo do tempo de sua infância ou juventude, tornando-se
depressivo e angustiado; quando ele se prende ao futuro, entra em estado de
ansiedade, temendo que os seus desejos mais íntimos não se realizem. De uma ou
de outra forma, ele deixa de viver o presente, dádiva evolutiva que a
vida oferece ao Ser Humano, para o seu próprio aperfeiçoamento.
Nos
pontos de bloqueio, provocados pelo medo que a mente consciente tem diante do
desconhecido, o psicólogo pode utilizar técnicas específicas que facilitem a
travessia do bloqueio, até o seu foco de conflito, para que ele seja esvaziado,
e transformado em recursos psíquicos positivos, para o atual momento de vida.
Partindo do princípio de que todo
Ser Humano tem, dentro de si mesmo, uma Essência positiva, o Psicólogo tem a
tarefa de ajudar o seu cliente a desvelar estes potenciais de auto-realização,
que na maioria das vezes, estão soterrados por séculos ou milênios de
condicionamentos culturais e educacionais, que sempre disseram que o
indivíduo não é bom o bastante; que não nasceu para dar certo; que nasceu para
sofrer; que não pode errar; que tem que ser castigado, e tantas
outras crenças auto-limitantes, que impedem o desabrochar do próprio Ser.
Hoje,
decorridos cerca de cem anos da descoberta realizada por Sigmund Freud, o pai
da Psicanálise, de que o Ser Humano possui um inconsciente (representado no
cérebro pelo sistema nervoso autônomo) que influencia o comportamento,
independente de sua vontade consciente, uma nova e importante descoberta
ocorreu: Na década de 70, Bandler e Grinder, desenvolveram a
Psiconeurolíngüistica, o conhecimento de como o inconsciente se comunica,
através de uma linguagem simbólica – a metáfora. De posse deste fantástico
instrumento de compreensão de como são registradas todas as experiências de
vida, através de sons, imagens e sensações, tornou-se possível transformar os
símbolos inconscientes negativos, em símbolos positivos, facilitando-se a
libertação do cliente, em relação a padrões inconscientes auto-limitantes, que
o impediam de realizar todo o seu potencial humano, sem que se interfira na
escolha de seus valores e objetivos de vida .
Estes novos recursos
técnico-científicos oferecem ao Psicólogo, instrumentos efetivos de atuação
terapêutica, para acompanhar a viagem interior do cliente, sem direcioná-lo
segundo os critérios do profissional ou da sociedade, para que a verdadeira
natureza daquele Ser Humano possa se expressar em sua totalidade. Dentro deste
novo enquadre, o espaço terapêutico transforma-se num momento único de
encontro, de interior para interior, despertando o cliente para o sentido
essencial de sua vida.
Sueli Meirelles: Professora, Pesquisadora e Especialista
em Psicologia Clínica.Escritora e Palestrante. Consultora em Desenvolvimento
Humano. Site: www.suelimeirelles.com
Whatsapp: 55 (22) 999.557.166
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