quarta-feira, 22 de novembro de 2023

REFLEXÕES SOBRE A MIGRAÇÃO DE CARREIRA - Aspectos Legais

 

               Como de hábito, começo a escrever sobre este tema a partir da definição do termo: Significado de Migrar - verbo transitivo indireto e intransitivo. Mudar (de local, país, cidade, Estado, região etc) com regularidade e de maneira periódica: durante o inverno certas espécies de pássaros migram para o norte; seus filhos migraram para a Europa.[1] , a princípio traduzindo-se como um movimento de mudança de um lugar para outro. Entretanto, quando falamos sobre migração de carreira ou de profissão, estes movimentos exigem algumas reflexões sobre a maneira mais segura de fazer a transição. Pesquisando na Web, encontrei excelentes orientações no Site da PUC/RGS[2], que podem ser consultadas pelos profissionais que lerem este artigo.

               Em tempos de acentuadas mudanças civilizatórias, é extremamente comum que, em dado momento de vida, um profissional, insatisfeito com o contexto do exercício de sua profissão ou com procedimentos de intervenção engessados ou desatualizados, deseje mudar de área de atuação, a partir de cursos de especialização, que o habilitem a novas formas de exercício profissional, como vem acontecendo com muitos profissionais das áreas de saúde, educação, executivos de grandes empresas e muitos outros. O movimento de migração de carreira dentro da mesma profissão está relacionado às mudanças de área, que podem ser realizadas de forma simples, a partir de cursos de formação e pós-graduação oferecidos pelas instituições voltadas para o aprimoramento profissional dos graduados. Porém, quando o assunto é migração profissional, este movimento se reveste de alguns aspectos legais, que deverão ser considerados pelo profissional insatisfeito,  diante da exigência de registro nos Conselhos da profissão almejada e possíveis solicitações de laudos, principalmente para fins judiciais, os quais, quando fornecidos por profissionais desinformados, poderão envolvê-los em processos judiciais, com risco de cassação de seus diplomas e até mesmo prisão, caso venham a ser denunciados por seus pacientes ou clientes,  por exercício ilegal de uma profissão regulamentada, como é o caso da Medicina, Psicologia, Fisioterapia, Educação Física... Só para citar as mais comuns na área de saúde e tantas outras, como Direito ou Engenharia.

               Em relação ao exercício da Psicologia, cresce, cada vez mais, o número de profissionais que migram para esta área, movidos pelo chamado vocacional ou pela crescente valorização financeira dos serviços relacionados à saúde mental, para os quais estão legalmente habilitados somente os Psicólogos e Psiquiatras, com registro em seus respectivos Conselhos e os Títulos de Especialização atualmente exigidos por estas Entidades Reguladoras e Fiscalizadoras de exercício profissional, conforme aprofundado no artigo citado em nota de rodapé.[3]

 Vale também considerarmos que o profissional que migra para a Psicologia desconhece o Código de Ética do Psicólogo[4] e o percurso histórico do surgimento da profissão; desconhece seus principais autores e os fundamentos teóricos que dão suporte técnico às intervenções terapêuticas, dentro dos princípios de visão global e ação específica, preconizados por Pierre Weil, um dos autores do nosso Código de Ética, criado por ocasião da regulamentação da profissão, em 1964.

Dentro da proposta de transdisciplinaridade[5], Pierre Weil propõe a formação de Terapeutas Clínicos (Profissionais de Saúde), Terapeutas Sociais ( Professores, Advogados, Administradores...) e Terapeutas Ambientais (Geólogos, Engenheiros Florestais, Meteorologistas, Agrônomos...), atuando com visão global e ação específica, sem que tenham que renunciar as suas graduações de origem.

               Em nosso Curso de Extensão sobre o Método Meirelles de Reprogramação Mental, em sua terceira turma online, orientamos nossos alunos para que utilizem as técnicas, dentro de suas áreas específicas de graduação, informando a seus pacientes sobre estes recursos complementares, que vêm otimizar os resultados que podem ser alcançados pelo tratamento realizado, como nos casos de Nutricionistas, que podem identificar os conteúdos emocionais da relação de seus pacientes com a alimentação, em caso de sintomas de sobrepeso, bulimia, anorexia... Médicos que melhor poderão compreender os conteúdos emocionais dos sintomas físicos, tais como cardiopatias, fibromialgias, úlceras, gastrites, bursites... E tantos outros sintomas sempre alimentados por conteúdos emocionais não elaborados. Ou ainda Pedagogos e Psicopedagogos, que irão identificar a relação motivacional de Professores e alunos com o processo ensino-aprendizagem ou dificuldades com o estudo de determinadas disciplinas, com as quais os estudantes tenham memórias aversivas. Mas essas reflexões ainda nos conduzem a outro aspecto esquecido: A falta de atualização dos conteúdos programáticos dos Cursos de Graduação em Psicologia que, em sua maioria mantém o mesmo conteúdo ao longo dos anos, por conta do desconhecimento do trabalho pioneiro realizado por profissionais que, no espaço empírico, buscam formas efetivas de intervenção psicológica, diante dos desafios vivenciados por seus pacientes, num mundo em permanente processo de mutação.

               Apesar da utilização dos conhecimentos teóricos e técnicos de Psiconeurolinguística, Bioenergética, Gestalt-Terapia e, principalmente da Psicologia Transpessoal, em minha prática profissional ao longo de 38 anos, estas abordagens efetivas ainda não fazem parte do Plano Pedagógico da maioria das Universidades, algumas ainda com fundamentação em antigas terapias verbais, segundo a qual o parafrasear leva o paciente a falar sobre o seu passado, até que os conteúdos emocionais transbordem além dos mecanismos defensivos do ego.[6] Em contrapartida, com os atuais recursos de intervenção psicológica, fundamentadas na síntese entre as abordagens acima referidas, as técnicas provocam a emergência das cargas emocionais, para que elas sejam esvaziadas e polarizadas positivamente, resgatando o potencial de realização de cada pessoa, seus objetivos construtivos e seu propósito existencial.

               Todos estes aspectos evidenciam a urgente necessidade de revisão dos cursos de graduação, com propostas de integração de algumas profissões, por iniciativa de seus Conselhos Reguladores, em parceria com as Universidades, em especial na área de saúde mental, para um movimento de síntese e atualização tanto de conteúdos como de aspectos legais, que possam dar respaldo aos processos de migração entre profissões correlatas, que foram fragmentadas pelas especializações.

Longe de termos esgotado o assunto ou encontrado uma resposta para esta questão, buscamos, neste artigo, apenas sinalizar a necessidade urgente de revisão deste processo, tanto para a proteção dos profissionais que buscam a auto-realização como para a proteção dos usuários que também desinformados sobre o assunto, poderão estar correndo riscos de serem atendidos por terapeutas legalmente não habilitados para estes procedimentos de intervenção numa área tão complexa e profunda como a área de saúde mental.

Convidamos a todos os profissionais que se interessam pelo tema, a entrarem em contato conosco, com suas perguntas, questionamentos e possíveis acréscimos que muito poderão contribuir para a elucidação e definição de metas que possam conduzir todos às soluções requeridas por esta questão extremamente relevante para a nossa sociedade, em fase de profunda mutação de consciência.

                                  Dra. Sueli Meirelles, em Nova Friburgo, 22 de Novembro de 2023.

Se você gostou deste artigo, comente, deixe seu like e compartilhe, ajudando a formar a Massa Crística da Nova Consciência Planetária.

Site: www.institutoviraser.com

Whatsapp: 55 22 99955-7166

Email: suelimeirelles@institutoviraser.com



[1] Link para o Dicionário: https://www.dicio.com.br/migrar/

[2] Link para o site da PUC/RGS com orientações sobre a migração de carreira: mailto:https://www.pucrs.br/blog/como-fazer-transicao-de-carreira/

[3] Link para Artigo da Autora onde são citados os Dispositivos legais que regulamentaram as especializações: http://sueli-meirelles.blogspot.com/2020/08/a-integracao-possivel-entre-psiquiatria.html

[6] Link para o artigo sobre os Mecanismo Defensivos do Ego: //carrosseldeluz.blogspot.com/2016/12/os-mecanismos-defensivos-do-ego.html


Nenhum comentário:

Postar um comentário