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terça-feira, 3 de julho de 2012

O QUE A PSICOLOGIA NÃO É


            Regulamentada como profissão em 1964, a Psicologia ainda convive com as conseqüências decorrentes de ser uma profissão nova. Sua imagem varia do descrédito ao místico, poucas vezes sendo compreendida em sua dimensão técnico-científica.
            Procurar um Psicólogo, para muitas pessoas significa “não estar bom da cabeça”; procurar alguém para “conversar”; ter um “amigo pago”, disponível para ouvi-lo. Outros, não procuram um Psicólogo por acreditar que o profissional irá tentar “fazer a sua cabeça”, tentar convencê-lo de que está “errado” e “corrigi-lo” em suas “imperfeições”. Outros, ainda, projetam na figura do Psicólogo a expectativa de que ele vá fazer com que a criança ou adolescente por ele atendido, se submeta às expectativas das figuras de autoridade com quem convive, desconhecendo e desconsiderando a Sabedoria Maior que habita o interior de cada Ser Humano. O mesmo acontece com os maridos e com as esposas de clientes em terapia. É como se todos acreditassem que o mundo seria bem melhor se fosse do seu próprio jeito, e que o Psicólogo é o profissional qualificado para promover esta reforma interior, no outro.
            O que efetivamente poucas pessoas sabem, é que o Psicólogo não fará nada disso, pois a psicoterapia é um processo de auto-descobrimento, iniciado por alguém que está insatisfeito com o próprio modo de ser, com a própria vida, e tem a coragem de realizar este trabalho de Reprogramação Mental, orientado segundo seus próprios valores e objetivos de vida. Nesta viagem interior, o psicólogo irá atuar como um facilitador do autoconhecimento do cliente, algumas vezes funcionando como um espelho onde ele poderá se ver, sem censuras ou julgamentos desnecessários, justamente para que possa promover algum tipo de mudança interna. Como companheiro evolutivo, o Psicólogo é o ponto de apoio para o mergulho, descoberta, esvaziamento emocional e retorno das profundezas do inconsciente, possibilitando um novo modo de ser e de estar no mundo. Ao contrário do que muitos pensam o objetivo da psicoterapia não é corrigir o comportamento; ela objetiva identificar potenciais negativos, aceitá-los como sendo seus, dissolvê-los à luz de uma nova compreensão, liberando este potencial psíquico, antes negativo, para novas ações, mais positivas, no tempo presente. Significa também, muitas vezes, encontrar potenciais positivos, até então desconhecidos.
O cliente que procura a psicoterapia está aprisionado por suas próprias memórias, quer sejam conscientes ou inconscientes, a outros momentos do tempo existencial. Quando ele se prende ao passado, sofre com o fato de que o mundo não seja mais o mesmo do tempo de sua infância ou juventude, tornando-se depressivo e angustiado; quando ele se prende ao futuro, entra em estado de ansiedade, temendo que os seus desejos mais íntimos não se realizem. De uma ou de outra forma, ele deixa de viver o presente, dádiva evolutiva que a vida oferece ao Ser Humano, para o seu próprio aperfeiçoamento.
Nos pontos de bloqueio, provocados pelo medo que a mente consciente tem diante do desconhecido, o psicólogo pode utilizar técnicas específicas que facilitem a travessia do bloqueio, até o seu foco de conflito, para que ele seja esvaziado, e transformado em recursos psíquicos positivos, para o atual momento de vida.
            Partindo do princípio de que todo Ser Humano tem, dentro de si mesmo, uma Essência positiva, o Psicólogo tem a tarefa de ajudar o seu cliente a desvelar estes potenciais de auto-realização, que na maioria das vezes, estão soterrados por séculos ou milênios de condicionamentos culturais e educacionais, que sempre disseram que o indivíduo não é bom o bastante; que não nasceu para dar certo; que nasceu para sofrer; que não pode errar; que tem que ser castigado, e tantas outras crenças auto-limitantes, que impedem o desabrochar do próprio Ser.
            Hoje, decorridos cerca de cem anos da descoberta realizada por Sigmund Freud, o pai da Psicanálise, de que o Ser Humano possui um inconsciente (representado no cérebro pelo sistema nervoso autônomo) que influencia o comportamento, independente de sua vontade consciente, uma nova e importante descoberta ocorreu: Na década de 70, Bandler e Grinder, desenvolveram a Psiconeurolíngüistica, o conhecimento de como o inconsciente se comunica, através de uma linguagem simbólica – a metáfora. De posse deste fantástico instrumento de compreensão de como são registradas todas as experiências de vida, através de sons, imagens e sensações, tornou-se possível transformar os símbolos inconscientes negativos, em símbolos positivos, facilitando-se a libertação do cliente, em relação a padrões inconscientes auto-limitantes, que o impediam de realizar todo o seu potencial humano, sem que se interfira na escolha de seus valores e objetivos de vida .
            Estes novos recursos técnico-científicos oferecem ao Psicólogo, instrumentos efetivos de atuação terapêutica, para acompanhar a viagem interior do cliente, sem direcioná-lo segundo os critérios do profissional ou da sociedade, para que a verdadeira natureza daquele Ser Humano possa se expressar em sua totalidade. Dentro deste novo enquadre, o espaço terapêutico transforma-se num momento único de encontro, de interior para interior, despertando o cliente para o sentido essencial de sua vida.

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