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terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

A CARNE NADA VALE - Artigo


Ao longo da minha vida, como tantas outras pessoas, cresci atravessando carnavais, embora não me identificasse com esse tipo de festividade, por conta da minha sensibilidade ampliada. Qual o sentido desse festejo que exigia tapumes nas vitrines, policiamento ostensivo para conter agressões regadas a cerveja e lavagem das calçadas, na quarta feira de cinzas, em decorrência do fétido odor remanescente.

Tentando compreender melhor o motivo da minha falta de sintonia com o Carnaval, há muitos anos, busquei os dados históricos, aprendendo que a folia de Momo[1] teve origem, em tempos remotos, nos festejos pagãos[2] que tinham como principal característica, a inversão de valores: Senhores que assumiam a posição de escravos, para serem surrados e escravos e prisioneiros, que desfrutavam dos prazeres da realeza, para depois voltarem aos seus tristes destinos ou serem executados.

Na Roma Antiga, estes festejos pagãos foram integrados aos cultos a Baco, deus da bebida, dando origem às bacanálias, como festejos também relacionados à orgia sexual, o que perdurou até a tentativa da Igreja, na Idade Média, de sobrepor-se aos desatinos da população, instituindo a Quaresma, que tem início quarenta dias antes da celebração da Paixão de Cristo, como um ritual de despedida dos prazeres da carne e dos seus excessos, dando sentido ao termo “A carne nada vale”.

Sob o olhar da Igreja, os festejos expandiram-se pela Europa, como Entrudo, caracterizado pelas máscaras e águas de cheiro (e outras nem tão cheirosas) que eram atiradas sobre os transeuntes, nesses festejos de rua, chegando assim ao Brasil[3], vindo da Europa, até desenvolver-se e profissionalizar-se como indústria carnavalesca de  fantasias e desfiles que conhecemos na atualidade, movimentando altos recursos financeiros e programas turísticos. E assim perdurou através dos séculos...

Mas eis que, para nossa surpresa, um invisível vírus espalhado pela superfície do Planeta Terra, neste momento em que, mais do que nunca, nossa civilização vive as últimas conseqüências da inversão de valores, também contagiou o  milenar Reinado de Momo.

Para todos aqueles que estão atentos aos sinais das mudanças civilizatórias e aos novos cenários que vão sendo criados pelo processo evolutivo da humanidade, fica a pergunta que não quer calar: Como nada será como antes, será que o Carnaval, como o conhecemos, irá sobreviver?...

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Sueli Meirelles, em Nova Friburgo, 16 de fevereiro de 2021.

Whatsaap: 55 22 99955-7166.                                         Site: www.institutoviraser.com

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