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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

SEPARANDO O JOIO DO TRIGO

SEPARANDO O JOIO DO TRIGO

A Crise entre a Intolerância e a Permissividade

         Com as intensas transformações sociais do mundo atual, muitas vezes nos sentimos sem parâmetros de avaliação para o nosso comportamento: Até onde estamos sendo permissivos e coniventes com a inversão de valores com a qual convivemos? Até onde estamos sendo radicais, defendendo valores ultrapassados por um constante processo evolutivo? Como estabelecer um grau de tolerância e equilíbrio que nos permita navegar em meio às correntes extremistas deste momento de crise? Como orientar nossos jovens a evitarem a sedução das aparentes “facilidades”?
         Um conceito extremamente útil diante deste impasse é o critério de conseqüências: Quais as conseqüências, para nós e para os outros, de determinados procedimentos? Com certeza, quando consentimos ou somos coniventes com um procedimento que nos é  lesivo, ou lesivo aos outros, estaremos sendo permissivos, pois ser tolerante significa simplesmente constatar que a crise existe, compreendê-la e agir sobre ela, com base no critério de conseqüências. E compreender não significa concordar; compreender é avaliar uma situação dentro do contexto que lhe dá origem, preservando nossos direitos e valores de ação.
         No consultório ou nas palestras que faço, muitas pessoas me indagam sobre esta questão, mostrando-se confusas quanto ao comportamento a seguir. Como profissional, procuro observar os fenômenos dentro de uma perspectiva evolutiva o que me leva a crer que a falta de parâmetros, de valores morais bem definidos, pode representar uma importante oportunidade para que possamos exercitar nosso livre arbítrio e escolhermos, de foro íntimo, de que lado queremos realmente ficar. O que vamos escolher? O lado do joio ou o lado do trigo? Hoje, com pressões sociais menos intensas neste sentido, a desonestidade é confundida com esperteza e ninguém será cerceado na sua vontade por críticas severas de uma sociedade rígida. É tempo de ‘terra sem lei”, o que permite que a antiga condenação social seja substituída por uma nova consciência evolutiva, que nos indique o caminho a seguir. Não é mais tempo de ser honesto pelo receio da crítica. Cada pessoa, hoje, tem ampla liberdade para exercer suas escolhas e, justamente este fator, torna estas escolhas muito mais significativas. Diante da oportunidade do delito e sem a proibição social, só não iremos nos corromper em função de crenças num sentido de vida mais amplo, numa ética superior, dentro da qual as experiências terrenas assumem uma importância relativa.
         A experiência paradoxal de nosso tempo consiste em compreendermos e tolerarmos o caos transformacional e, ao mesmo tempo, mantermo-nos firmes no caminho que conduz às metas evolutivas. Mesmo que aparentemente estejamos em desvantagem ou fora do contexto; mesmo que sejamos objeto de críticas, ainda assim vale a pena sermos fiéis às nossas escolhas, pois, como diz a sabedoria popular: “Os cães ladram e a carruagem passa”...

                                                                                     
                                                                                             SUELI MEIRELLES
        

2 comentários:

  1. Olá Sueli!
    Belo texto! Fiel a si próprio, firme nas atitudes.
    Abraços.
    Convido para que leia e comente “RODOVIA CÂNDIDO PORTINARI” no http://jefhcardoso.blogspot.com/

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  2. Caro Jeferson: Vou acessar seu blog. Obrigada por sua participação e incentivo. Seja muito bem vindo. No meu site, voce encontrará mais alguns artigos,contos e poesias. Assim, Vamos tecendo o Novo Tempo.

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