Tradução

domingo, 12 de agosto de 2012

LEGÍTIMA REPRESENTATIVIDADE


            A menos de dois meses das eleições municipais, vivemos a preocupação decorrente da falta de consciência política de nossa população. Principalmente os jovens, na faixa etária de dezesseis a trinta anos, sofrem as conseqüências da crise educacional, produtora de analfabetos funcionais, que lêem, mas não entendem o que lêem; que não sabem interpretar leis e desconhecem os seus direitos e deveres políticos. Eles são as vítimas naturais das manipulações eleitoreiras, que utilizam artifícios de marketing, em substituição às verdadeiras plataformas políticas, que deveriam ter por base a ideologia, os projetos e as realizações de cada candidato.
            Num país assolado pelas injustiças sociais e pela inversão de valores; num país onde cerca de trinta por cento dos candidatos, a exemplo do próprio povo, sequer concluiu o ensino fundamental, criam-se as condições ideais para a instituição dos ”votos de cabresto”, frutos de motivos outros que não a consciência política: Vota-se num candidato porque ele é bonito ou jovem, porque ele é da oposição, pelas benesses pessoais que  ele possa proporcionar, pelo impacto emocional de um discurso inflamado, ou pela indicação dos artistas famosos, imbatíveis  formadores de opinião, que vendem a sua imagem pública àqueles que não dispõem de argumentos políticos. Como nas propagandas de cigarros ou refrigerantes, não há como se enaltecer as qualidades do produto oferecido, sendo necessário criar-se uma idéia ilusória de que aquele candidato será o “salvador da pátria” capaz de, magicamente, realizar todos os sonhos da população carente de recursos e de informação. Aqueles que acompanham a história do processo político de nosso país, presenciaram, por diversas vezes, a repetição deste modelo.
            Neste contexto, cabe principalmente aos educadores e agentes de transformações sociais, o trabalho de conscientização sobre o verdadeiro significado do voto. O ideal de democracia, herdado da cultura grega - tão lembrado nas olimpíadas – tem por princípio básico o conceito de legítima representatividade. O termo legítimo refere-se àquilo que estabelece uma relação constante e necessária entre fenômenos. O termo representar, por sua vez, significa ser a imagem ou reprodução daquilo que se deseja representar. Na impossibilidade de que se realize sempre um plebiscito, para que o povo faça suas escolhas políticas, os representantes do povo são exatamente aqueles que escolhemos para defender, em nosso nome, nossos ideais de mundo. A legítima representatividade, portando, deve ter por base um conjunto de critérios de escolha. Nossos jovens, ainda com pouca vivência em processos democráticos, poderiam se exercitar, respondendo, para si mesmos, às seguintes indagações:
a)    Os motivos que me levam a escolher este ou aquele candidato estão baseados numa avaliação crítica de suas propostas? Ou estou votando de maneira inconseqüente, como fruto de minha revolta contra o sistema, ou ainda como expressão de meus conflitos emocionais com figuras de autoridade?
b)    O meu candidato compartilha da mesma ideologia (visão de mundo) que eu defendo? Procurei me informar sobre as suas propostas ou pretendo votar às cegas, deixando-me influenciar pelas pressões externas?
c)    O meu candidato tem uma identificação afetiva ou profissional com a comunidade para a qual está se candidatando? Ele surgiu de dentro da minha comunidade, para que possa representa-la com legitimidade? Ou ele é um candidato importado, em quem vou votar, porque acredito que o que vem de fora é sempre melhor?
d)     A plataforma política do meu candidato se propõe a solucionar os problemas que eu vejo na minha comunidade? Depois de eleito, posso confiar que ele estará acessível para unir esforços com os seus eleitores, e efetivamente realizar o que prometeu em campanha? Ou ele somente aparecerá na próxima campanha eleitoral?
e)    Considerando que a minha cidade é a minha casa mais ampla, posso confiar nele para administrar este patrimônio público, que também me pertence como cidadão? Ou acredito que devo entregar a chave da minha casa a qualquer desconhecido?
f)     Estou efetivamente exercendo os meus direitos de cidadania, ou vou jogar fora o meu poder de voto,  para  depois reclamar das conseqüências da minha falta de conscientização  política?

                               VOTE COM CONSCIÊNCIA
O mundo melhor que queremos para todos nós, depende do seu voto!
(*) Consultora em Abordagem Transdisciplinar

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