Platão, um dos pilares da filosofia
grega, já se referia à existência de um mundo das idéias, um plano virtual de
pensamento, complementar ao mundo concreto em que vivemos. Segundo ele, o que
chamamos de realidade são as sombras produzidas pela luz que vem do exterior,
do plano extra-físico, onde está a verdadeira realidade, e que se projetam na
parede, no fundo de uma caverna, nossa realidade do mundo material, fazendo com
que tenhamos uma percepção fantasiosa da realidade. Através deste texto
milenar, o Mito da Caverna, Platão nos alerta para a ilusão do mundo material,
para a transitoriedade da vida, da qual precisamos recolher as melhores
experiências evolutivas, e retornar ao mundo da Luz Maior. Este pensamento,
originado há 7.000 mil anos atrás, encontra respaldo nos modernos estudos da
física quântica, segundo os quais, para todo fenômeno do mundo material, existe
uma contrapartida de anti-matéria. Quanto mais a ciência se aprofunda nos
estudos da energia, mais se evidencia a existência de um plano informacional
orientado por um princípio inteligente, que rege a vida como um todo.
Quando
utilizamos estes referenciais filosóficos e científicos para compreender o
funcionamento da consciência humana, verificamos que o nosso consciente,
voltado para a percepção do mundo externo, possui mecanismos defensivos, a
serviço de nosso ego, sempre pronto a distorcer a percepção de realidades que
nos são pouco agradáveis. Esta é uma maneira de nos protegermos do sofrimento
psíquico, diante de verdades para nós inaceitáveis. Para fugir delas,
distorcemos, generalizamos ou eliminamos partes de nossas percepções, as quais
reorganizamos de outro modo, através de racionalizações, deslocamentos e tantos
outros artifícios psíquicos, que protegem nossos egos de entrar em contato com
a predestinação evolutiva que rege nossa experiência terrena. Nossos egos vêem
a transformação como sinônimo de morte e lutam tenazmente contra qualquer
possibilidade de mudança. Em contrapartida, nossos inconscientes possuem uma
sabedoria interior que se expressa através de uma linguagem simbólica que,
quando bem compreendida em seus significados mais profundos, revela caminhos
orientadores da vida. Embora esta linguagem seja metafórica e dependa de interpretação,
ela é sempre mais verdadeira do que a linguagem do consciente, pois está
diretamente conectada aos pensamentos e sentimentos que lhes dão origem.
Algumas vezes, através de atos falhos, este lado mais verdadeiro emerge á
consciência e se expressa através de comportamentos considerados pelo
consciente como socialmente não aceitos e por isso mesmo reprimidos. Ainda que
muitas vezes estes pensamentos inconscientes nos causem constrangimentos
sociais, eles expressam aquilo que realmente somos, independente de qualquer
tipo de julgamento, pois somos todos seres humanos imperfeitos, tendo como
tarefa existencial, nossa transformação interior, para que nos tornemos seres
humanos melhores. Podemos chamar de evolução a este processo de ampliação da consciência
para potenciais mais autênticos e verdadeiros de nós mesmos, cuja meta é a
transformação de nossos aspectos de personalidade negativos em aspectos
positivos, e a total expressão das qualidades que já constituem nossa própria
essência. Neste sentido, evoluir é se tornar cada vez mais verdadeiro e
autêntico.
Embora
conscientemente não queiramos dar atenção às nossas imperfeições humanas,
empurrando-as novamente para o inconsciente mais profundo, a emergência destes
aspectos à consciência é o fator primordial e o motivo de nossa existência no
mundo. Somente através da autoconsciência daquilo que realmente somos poderemos
perceber todo o potencial de realização que se encontra polarizado para o lado
negativo e, conscientemente, trabalhar nossas personalidades para que estas
forças inconscientes possam ser utilizadas de maneira construtiva. Quando, por
exemplo, tomamos consciência de nossa raiva contida e a redirecionamos para sua
contrapartida positiva, transformando-a na garra necessária para que possamos
ultrapassar os obstáculos que surgem na vida, recuperamos força de realização.
Aliás, o termo obstáculo é sinônimo do termo latino diábolos, ou seja: Somente
reconhecendo e transformando nossos demônios internos, conseguiremos alcançar a
plenitude de expressão de nós mesmos, tornando-nos seres humanos autênticos, já
que evolutivamente, nenhum ser humano é maior ou menor do que realmente é.
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Site: www.suelimeirelles.com
Sueli Meirelles: Especialista em Psicologia Clínica,
Professora e Pesquisadora. Escritora e Palestrante. Consultora em
Desenvolvimento Humano.
Site: www.suelimeirelles.com
Excelente texto, bem concorde com as orientações de Joanna de Ângelis na série pasicológica, psicografada por Divaldo Franco. O autoconhecimento é a chave para nos tornarmos seres melhores, se houver em nós a vontade para isso.
ResponderExcluirOi, Àngela! Sim! O autoconhecimento corresponde à ampliação da consciência em relação aos conteúdos mentais, emocionais e espirituais registrados no inconsciente profundo, que interferem mno comportamento presente.
Excluirsérie psicológica...
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