Tradução

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

A CAPTAÇÃO PSÍQUICA DO FILHO - Capítulo VIII do Livro "Do Divã à Espiritualidade"



Após a experiência de regressão, Luíza elaborou bem aqueles registros, comparecendo normalmente à sessão da semana seguinte. Mostrava-se tranqüila e, ao mesmo tempo, alegre e comunicativa. Logo no início da sessão, referiu-se às suas reações posteriores à técnica, e à conversa que tivera com o marido sobre o assunto:
_Naquele dia, quando cheguei à casa, sentia-me como se tivesse levado uma surra. Tinha dores por todo o corpo e um cansaço enorme. Quando me lembrava daquelas imagens, ainda sentia vontade de chorar, como você disse que poderia acontecer. Quando vi meu filho de novo, aquelas cenas horríveis voltaram à minha mente e eu chorei bastante. Percebi o quanto os olhos dele são familiares para mim. Percebi todo o amor que lhe dedico e o sentimento de piedade que eu nutria por ele. Era como se o nosso relacionamento, hoje, estivesse contaminado pelo sentimento de culpa por ter sido responsável pelo seu sofrimento, levando-me a uma preocupação desmedida e constante, quanto à sua segurança. Estou me sentindo mais tranqüila, porque, na realidade, não existe nenhum motivo para isso. Eu estava emocionalmente presa àquela situação passada.
À noite, quando João Luiz chegou do trabalho, chamei-o para conversarmos sobre o que eu havia descoberto. Quando o olhei nos olhos, voltei a chorar. Dizem que os olhos são os espelhos da alma, não é? De fato, houve de minha parte um reconhecimento, mas não senti qualquer mágoa. Hoje, ele é muito bom para mim. Ele é fiel, dedicado, afetuoso, cumpridor de seus deveres e um excelente chefe de família. Não tenho motivos para queixas e isto me deu suporte para lhe falar sobre o assunto. Nós estávamos na varanda de nossa casa, sozinhos, quando lhe contei os detalhes da regressão. Comecei a chorar, ele me abraçou e nós ficamos assim, juntos, conscientes de que não nos importava o mal que tivéssemos feito um ao outro, em prováveis existências passadas. O que realmente importa para nós é o sentimento que nos liga no presente, e tudo o que construímos juntos. Nossa vida, hoje, vale à pena e isto é o mais importante. Se houve desafetos, certamente conseguimos resolvê-los. O Amor e o Perdão foram os grandes vencedores, nessa triste página de nossas vidas evolutivas!
Há uma coisa, entretanto, que ainda precisa ser esclarecida. Se esta história realmente é verdadeira, nosso filho, João Vicente deve ter os mesmos registros. Você falou que a regressão é contra-indicada para menores de idade. O que poderia lhe acontecer? Existe alguma outra técnica que possa ser utilizada, para libertá-lo desse registro?
_Vamos por partes. A técnica de Regressão de Memória é contra indicada para aplicação em crianças, em função da intensa carga emocional que é mobilizada por essa técnica, salvo nos casos de regressão espontânea, em que o psiquismo, em função de seu próprio suporte, libera a memória contida no inconsciente. Aí ela pode ser trabalhada. E até muito comum que as crianças, até os sete anos, se lembrem de suas memórias transpessoais, e o que venho percebendo, é que elas estão cada vez mais prontas para isso.

Quando a técnica é induzida, pode ocorrer que o jovem tome conhecimento de relacionamentos conflituosos com pessoas que fazem parte do seu convívio, no presente, como tudo indica que tenha acontecido com seu filho e seu marido. Como você acha que ele reagiria se descobrisse que o pai mandou tortura-lo numa existência anterior? Além disso, nós não temos, até a presente data, uma metodologia científica que comprove que este tenha sido um acontecimento real. Seria irresponsabilidade considerarmos esta experiência como uma verdade absoluta. É extremamente importante que ela seja percebida dentro de um contexto de relatividade, considerando-se os resultados terapêuticos mais importantes do que a possível comprovação histórica. Na verdade, pesquisadores como engenheiro Ney Prieto Peres, que junto com seu filho, o psicólogo Júlio Peres, há longos anos também estudam as memórias transpessoais de crianças, têm demonstrado que não faltam evidências para a aceitação do conceito de pré-existência. Gradualmente, este consenso vem surgindo, alavancado por algumas mentes pioneiras dos meios acadêmicos, pois as pesquisas neste campo são inumeráveis, constantemente apresentadas em vários congressos, no Brasil e no exterior.

(*) Continue lendo em "DO DIVÃ À ESPIRITUALIDADE: ATH - Abordagem Transdisciplinar holística em Psicoterapia.

Site: www.suelimeirelles.com


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