É incontestável o estado de decadência em que se
encontra a nossa atual civilização: Violência, morte, destruição, corrupção e
desrespeito pelo próprio ser humano e pela natureza como um todo, atestam o
limite de insanidade a que a humanidade chegou.
Preocupado
com os rumos autodestrutivos deste estilo de vida, um grupo de pioneiros,
integrando cientistas, filósofos, artistas e líderes religiosos, reuniu-se em
Veneza, em 1986, para estudar e discutir este tema de vital relevância: Um novo
caminho civilizatório; um novo rumo para a humanidade, que permitisse o resgate
dos valores morais essenciais para a sobrevivência de toda forma de vida no
planeta e a recuperação da inteireza do ser humano, que se perdeu com a fragmentação
do conhecimento.
Nestes estudos observou-se que,
embora o ser humano tenha quatro funções psíquicas (pensamento, sensação,
sentimento e intuição), utiliza, predominantemente, os dois primeiros
(pensamento e sensação) priorizando o raciocínio lógico e os sentidos voltados
para o mundo externo, em detrimento das outras duas funções, mais subjetivas
(sentimento e intuição) perdendo sua capacidade de integração e inteireza.
Estes estudiosos também observaram
que, embora o ser humano possa acessar quatro estados de consciência (vigília,
sono, sonho e transpessoal), privilegia os dois primeiros estados (vigília e
sono), considerando-os como funções complementares de atividade mental e
repouso, perdendo contado com níveis mais elevados de expressão de sua
sabedoria interior. Muitos sonhos apresentam conteúdo orientador da vida e, nos
estados superiores de consciência do nível transpessoal, ocorrem muitas
revelações, que mostram o caminho existencial a seguir.
O terceiro aspecto, evidenciado por
estes estudos, diz respeito à fragmentação do conhecimento humano em conteúdos
especializados, levando à perda da compreensão do grande todo universal e da
interligação entre aspectos da vida, aparentemente isolados.
Como
solução para esta visão reducionista, estes pioneiros de uma nova visão de
mundo propõem que se dê um fim à fragmentação destrutiva do conhecimento,
resgatando-se a integração entre os seus quatro pilares básicos: Filosofia,
Ciência, Arte e Religiosidade. Em decorrência deste novo modelo científico,
surge o conceito de transdisciplinaridade, ou seja: A proposta de que os
especialistas atuem de maneira integrada às outras áreas do conhecimento
científico e que, os cientistas compreendam que a ciência não é a única fonte
de sabedoria sobre a vida e que, desde as mais antigas civilizações, muitas
outras formas de saber eram utilizadas na orientação da vida como um todo.
O
fato de que a humanidade tenha seguido o caminho do predomínio da racionalidade
sobre as outras funções psíquicas, gerou uma visão distorcida, pela atrofia das
outras funções, as quais, se utilizadas de forma complementar ao raciocínio
lógico, fazem surgir a sabedoria e o equilíbrio de quem utiliza a razão e o
sentimento nas decisões diárias de vida.
Atualmente a Abordagem transdisciplinar Holística
vem se impondo nos meios científicos como uma proposta de resgate da visão
integral do ser humano (Holos – totalidade), o qual passa a ser compreendido
como um ser dotado de corpo-mente-espírito.
As
últimas pesquisas realizadas pela Física Quântica vêm demonstrando que os neutrinos,
elementos de anti-matéria que dão origem a toda manifestação física do
mundo material, estão presentes em todo o universo, desde os seres vivos até os
grandes corpos celestes, mostrando-nos a unidade imaterial que permeia todas as
formas de manifestação de formas físicas.
A
visão reducionista que serviu de base para o desenvolvimento da vida humana nos
últimos trezentos anos conduziu-a
às graves manifestações de sectarismo,
radicalismo, padrões mentais obsessivos de controle do medo, consumismo e
desejo de poder, capazes de destruir a própria espécie humana sobre a terra.
A
visão científica ora emergente reintegra o ser humano à natureza da qual ele
faz parte, possibilitando o reequilíbrio de sua saúde física, emocional, mental
e espiritual, contribuindo para o desenvolvimento de uma cultura de paz em todo o planeta.
Sueli Meirelles: Psicóloga
Clínica e Consultora em Desenvolvimento Humano, Saúde Integral, Ecologia
Integral e Educação para a Paz.
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