Sinônimo
de período de crise no desenvolvimento humano, a adolescência tornou-se assunto
sempre presente, entre pais que se encontram, em rodas sociais.
Independentemente de credo, raça ou classe sócio-econômica, os jovens na faixa
etária de 14 a
21 anos tornaram-se motivo de preocupação para os adultos, em sua maioria
também surpresa e despreparada para lidar com todos os aspectos da crise que
envolve seus filhos, na transição de criança para adulto.
Crises
de insegurança, indefinição profissional, rebeldia, desorganização, depressão,
obesidade, síndrome de pânico e, nos casos mais sérios gravidez indesejada,
violência e uso de drogas são alguns dos problemas que podem aparecer na fase
de adolescência. Fruto da sociedade tecnológica do século vinte, a adolescência
transformou-se num dos principais focos de atenção de psicólogos e educadores, principalmente
nos últimos trinta anos.
Em
primeiro lugar, podemos definir a adolescência como a diferença entre a
capacidade reprodutiva (que surge com a puberdade) e a capacidade de produção,
a capacidade de trabalho de um indivíduo. Por esta definição, o adolescente
torna-se capaz de criar biologicamente uma família, antes que seja capaz de
sustentá-la com o seu trabalho. Em nossos dias, a própria lei mostra-se
bastante confusa em relação ao assunto: O adolescente pode se casar, mas não
pode fazer crediário; pode votar, mas não pode dirigir, como se a confusão que
caracteriza este período, espelhasse a indefinição da sociedade a respeito da
identidade de seus jovens.
Quando
buscamos, historicamente, compreender esta questão que preocupa a todos,
encontramos dados interessantes: Nas sociedades ditas primitivas, não havia
adolescência. Na cultura indígena, por exemplo, onde a estrutura de vida é mais
simples, voltada para atividades agrícolas e artesanais, mais integradas à
natureza, o jovem púbere, seja menino ou menina, passa por um ritual de
iniciação, sendo logo inserido no contexto de trabalho do adulto. Este ritual
ajuda o jovem a construir uma identidade e a situar-se na estrutura social à
qual pertence. Isto se torna possível, porque estas culturas não tecnológicas
requerem menor tempo de preparação para o desempenho das atividades
profissionais. Mesmo em nossa sociedade, no início do século XX, era comum a
figura do aprendiz de ofício. O menino que trabalhava no armazém, na oficina ou
na marcenaria, fazendo pequenos serviços de auxiliar. Com o surgimento das leis
que regulamentaram o trabalho do menor, ao mesmo tempo em que se evitou o abuso
e a exploração, impediu-se que a aprendizagem vivencial e a ocupação produtiva
funcionassem como fator educativo, para a construção de uma identidade
profissional.
Hoje,
diante de uma economia globalizada e altamente especializada, o jovem necessita
de muito mais tempo de aperfeiçoamento profissional, para que possa se inserir
no mercado de trabalho. Ao mesmo tempo, a multiplicidade de profissões (muitas
ainda pouco conhecidas) decorrentes do avanço científico, confunde os jovens
que terminaram a formação geral, sem a maturidade emocional necessária para que
se defina uma carreira. Some-se a isto a própria crise da sociedade atual,
carente de valores morais que sirvam de exemplo para as novas gerações, para
que se tenha uma idéia do que significa ser adolescente, neste mundo moderno
cheio de riscos e pressões.
Principalmente
a geração de pais pós década de 80, teve que desenvolver novos conceitos
educacionais que substituíssem o velho modelo da palavra-chave obediência, pela
palavra-chave conseqüência, para que pudesse orientar seus filhos, em meio ao
caos da cultura moderno, que os bombardeia com apelos mercadológicos, quase
sempre sem nenhuma preocupação com a preservação de valores morais ou
culturais. Se nas gerações passadas os pais mandavam e os filhos obedeciam (ou
desobedeciam, escondidos, mas ainda com muito medo), neste momento de crise
civilizatória, somente o diálogo e o questionamento permanente, quanto às
conseqüências dos próprios atos, pode funcionar como instrumento orientador
para os jovens que precisam encontrar a sua meta existencial, numa sociedade
tão confusa e desestruturada.
Sueli Meirelles: Especialista em Psicologia Clínica CRP 05/11601. (Regressão de Memória, Hipnose Ericksoniana, Reprogramação Mental - (22) 999.557.166). Consultora em Desenvolvimento Humano, Saúde Integral, Ecologia Integral, Educação para a Paz e Implementação de Projetos Sociais. Escritora e Palestrante.
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