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segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

NATAL EM JANEIRO - Conto

                Hoje quero compartilhar com vocês uma linda memória de infância: Há muito tempo atrás, por esta época do ano, mamãe já havia feito as compras para a nossa ceia de Natal, quando chegou a noticia de que minha avó e tia maternas estavam gravemente doentes. Com seu espírito solidário e cuidadoso, mamãe prontamente se ofereceu para cuidar da mãe e da irmã, partindo imediatamente para a casa delas, na antiga capital do Estado da Guanabara, onde ambas moravam sozinhas, depois do falecimento de vovô.
                Ao sair, mamãe nos disse: _ As compras estão aí! Façam a Ceia de Natal com seu pai. Quando elas melhorarem, eu voltarei! Mas aquela fala não caiu bem, em nossos corações! Em conversa familiar, decidimos que iríamos aguardar o restabelecimento de nossas familiares e o retorno de mamãe, para que a nossa ceia de Natal fosse realmente comemorativa. Nesta época tão distante, nós morávamos numa casa simples de zona rural, onde não havia luz elétrica, o que nos mantinha totalmente sem meios de comparação com os parâmetros dos acontecimentos externos. Longe de nos parecer que isto representasse um problema, vivíamos num mundo próprio, onde, fora os horários de estudo e trabalho, nossas diversões se reduziam à leitura de bons livros e animadas conversas de Domingo, em torno do café da manhã. Assim decidido, deixamos que o Natal passasse em branco e, sinceramente, não tenho nenhuma lembrança de como passamos o dia 25 de Dezembro. Acredito que tenha sido um dia comum, sem que qualquer sentimento de tristeza registrado, já que as notícias que recebíamos, sobre as melhoras da saúde de vovó e titia, através das visitas semanais de papai às doentes, eram animadoras. E assim se passaram cerca de trinta dias, até que mamãe, vovó e titia chegaram a nossa casa, sendo recebidas com imensa alegria. Qual não foi a surpresa delas, quando lhes comunicamos que não havíamos feito a Ceia, para que pudéssemos ter nossa Ceia de Natal com a presença de todos.
                Assim, no dia 25 de Janeiro daquele ano tão distante no tempo e jamais esquecido, fizemos nossa Ceia de Natal, quando, para minha alegria infantil, fui designada para distribuir os presentes dos familiares, os quais eu ia retirando de dentro de um saco vermelho, até que este estivesse totalmente vazio. Com expressão interrogativa, olhei para todos, procurando o meu presente de Natal, até que meu irmão mais velho, que era muito alto, afastou-se um pouco do móvel da sala, deixando que eu visse, atrás dele, uma linda e loura boneca.
                Hoje, quando penso que, segundo alguns historiadores, o mais provável é que o Mestre Jesus não tenha nascido em Dezembro, mas no mês de Março, eu me emociono ao pensar na criatividade daquela amorosa decisão, que fez com que o nosso Natal em Janeiro viesse a se tornar uma doce lembrança da nossa união familiar. Afinal, porque não podemos ter Natal em Janeiro, Fevereiro, Março...? Será que o Espírito Natalino precisa de uma data fixa no calendário anual?

                                                   Sueli Meirelles, em Nova Friburgo, 03 de Dezembro de 2017

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