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segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

COISAS DE MENINO - Comportamento


                Com sua genialidade Sigmund Freud descobriu que possuímos um inconsciente, com três instâncias psíquicas: Id, Ego e Superego. Eric Berne, criador da Análise Transacional, popularizou estas instâncias, traduzindo-as pelos termos Pai, Adulto e Criança. Modernamente, a ATH – Abordagem Transdisciplinar Holística, considera quatro importantes partes psíquicas: O Pai Internalizado, constituído pelo conjunto de valores e regras adquiridos através do convívio com as figuras de autoridade (pais, familiares mais velhos professores, sacerdotes...); o adulto, a parte psíquica que avalia, pondera e decide; a parte adolescente, que questiona as regras das gerações anteriores e amplia fronteiras; a criança, que corresponde à parte emocional e pode ser livre (o que raramente acontece) ou adaptada pela obediência ou oposição, como forma de reagir às proibições do contexto familiar e social.
                Em condições ideais, todos nós passamos por estas fases: De zero a sete anos forma-se a personalidade; dos sete aos quatorze, observamos as coerências e incoerências dos comportamentos dos adultos; dos quatorze aos vinte e um, questionamos este modelos, com o objetivo de construirmos um novo mapa de mundo, condizente com os valores da nossa própria geração; dos vinte e um aos vinte e oito anos, sedimentamos nossa visão de realidade, sobre a qual nossas partes psíquicas irão fundamentar suas respostas, como ações conjuntas e integradas, para que possamos fazer nossas melhores escolhas e alcançarmos nossas metas de realização. Mas nem sempre isto acontece!... Quando nossas condições de desenvolvimento não seguem os padrões ideais acima descritos, cargas emocionais ficam retidas em fases anteriores do desenvolvimento psicossocial, trazendo para a vida adulta, padrões de comportamentos infantis de birra e voluntariedade, ou padrões adolescentes de oposição, mesmo quando a parte adulta avaliativa poderia compor e expressar decisões mais sábias e ponderadas. E aí começam as “Coisas de Menino”, que assim denominamos, porque a sociedade ainda machista facilita mais a livre expressão desses padrões nos homens, do que nas mulheres, ainda mais sujeitas a repressão e censura social. Então, vejamos!
                As seqüelas da infância mal resolvida conduzem muitos homens às chamadas dependências orais: Alcoolismo, tabagismo, drogas e irresponsabilidade, com sérios prejuízos para a função paterna, trazendo terríveis sofrimentos para a companheira e os filhos, que irão guardar tristes lembranças de possíveis brigas e espancamentos.
              As seqüelas da adolescência mal resolvida traduzem-se em baixa tolerância à frustração, conduzindo aos comportamentos inconseqüentes, conflitos sociais, infidelidade, dificuldades de manter relacionamentos e empregos estáveis. Muitas vezes aparecem associados aos aspectos infantis, tornando os relacionamentos inviáveis. Numa sociedade em que os filhos, cada vez mais, precisam de lei, limites e apoio para suas ações no mundo externo, esses são os pais que apenas geram filhos e seguem caminho, deixando de cumprir este importante papel familiar.
                Quando essas personalidades mal resolvidas alcançam posições de poder social e político, representam uma grave ameaça ao convívio pacífico entre os povos, como podemos observar no momento, nas relações internacionais. Se observarmos a configuração labial dos líderes em conflito de poder, segundo a Bioenergética desenvolvida por Alexander Lowen, perceberemos indícios de oralidade insatisfeita, cuja tendência é a manutenção do padrão de  atendimento de todas as vontades da infância. Tais pessoas mostram-se auto-referente, egoístas e voluntariosas, como se a vida fosse um jogo virtual, em que os bilhões de seres humanos, cuja subsistência depende de suas decisões econômicas, políticas e sociais, representassem apenas os números do placar da disputa inconseqüente e imatura, que coloca  em risco a paz mundial.
               Seja na dimensão dos relacionamentos familiares, sociais ou planetários, as “Coisas de Menino” sobrepõem-se à personalidade adulta(?), como pedidos de socorro, para a elaboração dos conflitos mal resolvidos de infância, geradores de polarizações e picuinhas sem fim. Fantasias de separatividade, entre os extremos, onde o discurso básico é: O meu é o melhor e o outro é o culpado de todos os erros! Com base nessas informações, faça uma reflexão e avalie: Apesar da sua idade atual, você ainda faz “Coisas de Menino”?

                                                                 Sueli Meirelles, em Nova Friburgo, 18/02/18
Especialista em Psicologia Clínica. Consultora em Desenvolvimento Humano, Saúde Integral, Ecologia Integral e Educação para a Paz. Escritora e Palestrante.
Site: www.suelimeirelles.com
Whtasapp (22) 999.557.166



Um comentário:

  1. Verdadeiramente, a forma como reagimos, diante das intempéries da vida, irá colocar em destaque, uma ou mais fases da vida! Excelente explanação!! Gostei muito 🙏🙌😘

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