Em primeiro
lugar devo esclarecer que não estamos falando do Português, cidadão nascido em
terras lusitanas, mas sobre a língua que falamos em nossa Terra de Santa Cruz,
que não é o brasileiro, como alguns pensam, mas a língua trazida pelos
portugueses que vieram para o Brasil e que aqui foi sendo enriquecida por
palavras indígenas e dos diferentes dialetos africanos, do francês, italiano,
inglês... E outras palavras trazidas
pelos imigrantes europeus, para o enriquecimento da nossa cultura. Este é o
lado bom! Mas sabemos que a linguagem é um sistema vivo, que vai-se modificando
com o tempo, com os costumes sociais e com as inovações tecnológicas, já que as
palavras são signos aleatórios, criados para nomear eventos, objetos,
qualidades e outros aspectos das experiências que vivenciamos. A Linguística[1]
nos ensina que “A linguagem determina a visão de mundo”. Um exemplo bem simples
disso está contido no ditado “Esculpido em Carrara”, mármore italiano,
significando algo bem trabalhado que, ao
longo do tempo, acabou sendo traduzido com “Cuspido e Escarrado”, com o
significado de algo bem semelhante ao original.Assim é a língua viva!
No decorrer
dos anos, dado o empobrecimento cultural do nosso povo, seduzido pelos apelos
midiáticos que substituíram os bons livros que ampliam o vocabulário e
exercitam a análise crítica do texto[2],
chegamos ao momento atual, em que o desconhecimento da linguagem abre espaço
para a tentativa de sexualização das palavras, com fundamentos na ignorância
das regras gramaticais e busca de neologismos[3]
para designar os gêneros e criar polêmicas ideológicas. Partindo dessa
premissa, vamos refletir: Quando dizemos “Parabéns a toda a equipe pelos
resultados alcançados” essa equipe é obrigatoriamente constituída apenas por
mulheres ou pode também integrar participantes masculinos? Pense nisso! Outro
exemplo: O termo todo, todos tem o sentido neutro de coletivo e pode designar
“todo o povo brasileiro”, incluindo cidadãos e cidadãs de nossas terras. Alguns
poderão argumentar a importância dos movimentos de inclusão social de minorias,
o que é elogiável e bem intencionado, mas é preciso que estas alterações sejam
realizadas pelos lingüistas e fundamentadas com o profundo conhecimento da
etimologia[4]
de cada palavra. Enquanto eles não opinam sobre o assunto, vamos aproveitar a
oportunidade para aprofundarmos os nossos conhecimentos da língua pátria, com o
estudo do E-Book “Linguística para Mediação de Conflitos: Como pescar os
peixinhos da comunicação no rio do discurso”, disponível no site da Amazon.
Você vai descobrir muitas coisas!...
Sueli Meirelles, em Nova Friburgo, 15 de Fevereiro de 2023
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[1] LINGUÍSTICA - disciplina que trata da descrição de uma
palavra em diferentes estados de língua anteriores, até remontar ao termo
original.
[2] Inteligência tem origem no termo latino inter legere
(ler entre linhas).
[3] Neologismo: Emprego de palavras novas, derivadas ou
formadas de outras já existentes, na mesma língua ou não; atribuição de novos
sentidos a palavras já existentes na língua.
[4] Etimologia - estudo da origem e da evolução das
palavras.
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