Tradução

sábado, 19 de março de 2016

A GRANDE REFORMA


            Lingüisticamente, o termo reforma tem o sentido de modificar a forma de algo, dando-lhe uma nova feição ou feitio.
Historicamente, uma dos maiores movimentos de reforma, foi  a Reforma Religiosa, iniciada por Martinho Lutero, na Alemanha, através de 98 teses universitárias, onde ele pregava o retorno da igreja, aos princípios do Cristianismo.
Sempre que um modelo civilizatório entra num processo de cristalização, a necessidade de reforma torna-se imperativa, para que as Instituições possam se adaptar ao fluxo de transformação, mantendo-se úteis à vida.
No mundo inteiro, este é um momento propício às reformas. No Brasil, esta tendência se particulariza em algumas necessidades específicas: Reforma da Previdência, Reforma Agrária, Reforma Tributária... Precisamos de muitas reformas.
A Reforma da Previdência, em tese, visa estabelecer regras mais justas, que garantam o sustento daqueles que, durante suas vidas produtivas, contribuíram para a economia do nosso país. Criado a partir das caixas de pecúlio das classes trabalhadoras, na primeira metade do século passado, o nosso sistema previdenciário foi corroído pelas benesses das máquinas eleitoreiras, incluindo serviços de atendimento médico, de competência do Ministério da Saúde, dessa forma esgotando os recursos financeiros até então reservados, para o pagamento de benefícios, aposentadorias e pensões. Sem que fossem consultados, os segurados viram o seu dinheiro ser desviado, resultando no “achatamento” dos benefícios que constituíam um direito por eles adquirido. Desacreditado, o sistema sofre, hoje, os reveses da economia informal, que esvazia os cofres de arrecadação previdenciária.
A reforma agrária, não se encontra em melhor situação. Surgida como necessidade de corrigir a desigualdade econômica gerada pela má distribuição da posse de terras, hoje, tornou-se também um meio de ganho fácil e de desrespeito à propriedade alheia, invadida até mesmo quando produtiva. Mais uma vez, a intenção original de equidade e justiça cedeu lugar à ambição humana.
A reforma tributária, por sua vez, visaria corrigir a pesada carga que incide sobre a população trabalhadora, principalmente o assalariado, que não sabemos exatamente porque, tem seu ordenado mensal classificado como “renda”, quando, na verdade, muitas vezes, mal cobre as suas necessidades de sustento.
Por estes exemplos, vemos que ainda não conseguimos lidar muito bem com o conceito de reforma. Diante de cada proposta, surgem prós e contras que geram acaloradas discussões em torno do tema. Como vivemos num plano de dualidade, cada passo em direção às soluções provoca um retrocesso de igual força e tamanho, criando um novo impasse, que nos impede de sair do lugar. E com isso, o tempo vai passando, sem que se obtenha  resultados. Mas, por que as reformas são tão difíceis de serem concretizadas?
Porque até hoje, todas as nossas tentativas de reforma são voltadas para o mundo externo, para a reforma do outro, para que ele faça aquilo que consideramos que seja  o melhor, segundo o nosso ponto de vista, nossos conceitos, critérios e valores. Como pensamos nestas reformas sem consultar o outro e saber de sua real intenção de mudança, na quase totalidade dos casos, o outro discorda e se recusa a modificar o que acreditamos que ele deveria mudar, fazendo com que tudo permaneça do mesmo modo.
Nos bastidores de todas estas questões políticas, sociais e econômicas que se expressam no mundo concreto, o mesmo modelo de ser humano, que mudou muito pouco através da história, aguarda o momento do despertar interior para “A Grande Reforma”; a única e verdadeira reforma capaz de mudar o mundo: A reforma de si mesmo.
Como podemos pensar num mundo justo, se não praticamos a justiça no dia a dia de nossas vidas?  Como podemos pensar num mundo harmonioso e feliz, que não tenha por base o respeito ao direito do outro? Como podemos contribuir para um mundo melhor, se não conseguimos resistir ao desejo de levar vantagens sobre o outro, para acumular todos os bens e recursos que aqui iremos obrigatoriamente deixar, ao término de nossas existências?
A grande e necessária reforma é, portanto, a reforma de mentalidade do ser humano, sem a qual nenhuma outra reforma, por mais necessária que seja, poderá ser concretizada.

Compartilhe e ajude a promover a mudança de mentalidade!

Sueli Meirelles: Especialista em Psicologia Clínica. Consultora em Desenvolvimento Humano, Saúde Integral, Ecologia Integral e Educação para a PAZ e Implementação de Projetos.

Site: www.suelimeirelles.com


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