Tradução

sexta-feira, 30 de março de 2012

MEDO


            Talvez nenhum outro sentimento seja tão presente no inconsciente humano quanto o medo: Medo do escuro, medo de parto, medo da morte, medo do desconhecido, medo da violência, medo de se expor... Medo de ser o que realmente é...Medo de ter medo. Até chegar ao extremo das fobias e síndromes de pânico. O medo está no ar... De onde vem tanto medo?
            Vivemos numa cultura onde o medo é um dos instrumentos de manutenção do poder. Historicamente, as execuções em praça pública, tinham a função de mostrar àqueles que alimentavam revoltas surdas, o que lhes poderia acontecer, caso se insurgissem abertamente contra o poder. Poder e lucro são dois grandes aliados do medo, no controle das massas. Desde a mais tenra infância, e até mesmo antes do nascimento, o medo pode estar presente no inconsciente humano. Em alguns casos, a etiologia das epilepsias tem como fator gerador, as surras que o pai alcoólatra infringia à mãe grávida. O próprio medo do parto pode ficar instalado no inconsciente profundo do bebê, uma vez que ele compartilha e absorve todos os sentimentos vivenciados pela mãe. Nos primeiros meses de vida, ao ser atendido durante a noite, o bebê associa a presença de alguém ao acender da luz, desenvolvendo medo do escuro. Algumas vezes este medo é condicionado pelos adultos que o utilizam como recurso para que a criança os obedeça: Tem bicho no escuro!... Outras vezes, as histórias sobrenaturais, contadas pelos adultos, impressionam a mente infantil; ou ainda pode ocorrer que a sua própria percepção extra-sensorial, leve a criança a temer o escuro, já que não encontra explicação para as coisas que vê.
            Medo de contrair doenças e medo de tomar injeção são medos culturais, inculcados desde a infância. A ameaça de aplicar injeção costuma ser instrumento de coerção em muitas famílias. O medo de doenças é construído pela dissociação entre os sentimentos bloqueados e os sintomas que eles alimentam. A idéia de que a doença é um fator externo que atinge o organismo, é largamente cultivada pelos meios de comunicação e pelos formadores de opinião, favorecendo laboratórios e planos de saúde (ou de doença?)  milionários. É o medo a serviço do lucro.
            O medo do insucesso também cerceia o desenvolvimento profissional. Ao invés de pensar na escolha profissional como uma expressão de si mesmo, o jovem é direcionado pelas influências do mercado de trabalho que apontam, através de pesquisas, as áreas de melhor resultado, como se isto fosse garantia para ser bem sucedido. Mais uma vez, inverte-se o processo de livre auto-expressão, para o processo de pressão social, levando milhares de pessoas a seguirem carreiras que as frustram a cada dia, pelo medo de se lançarem no desconhecido, em busca da realização pessoal. O próprio desconhecido, o novo, pode ser fator gerador de medo, quando a falta de fé e autoconfiança enfraquecem o impulso necessário para vencer os obstáculos e alcançar as metas pessoais.
            O medo da velhice sustenta spas e cirurgias plásticas. O medo da impotência vende viagra. O medo do sofrimento leva à busca pela pílula mágica da felicidade. O medo da frustração leva ás drogas, e as drogas levam a violência que explode através das portas abertas dos porões do inconsciente coletivo da humanidade, no qual todas as paixões humanas num extremo ou o desamor, no outro, conduzem a todo tipo de desvios de comportamento. Desde as surras, desde as pequenas ou grandes torturas de pais contra filhos, de filhos contra pais, de homem para homem, quer seja dentro da família, na sociedade ou no planeta como um todo, atestam a ignorância e a barbárie em que evolutivamente a humanidade ainda se encontra. Desnorteado, o ser humano vagueia em busca de si mesmo, como se tivesse perdido o seu próprio espírito em algum ponto da jornada e, por isto mesmo, perdendo o roteiro do caminho, não sabendo mais onde quer chegar. O medo encolhe, tolhe, limita a todos aqueles que não conseguem buscar dentro de si mesmos, através do autoconhecimento, os recursos necessários para se livrar dos grilhões culturais que acorrentam a humanidade, há milênios, consumindo quantidades incríveis de forças psíquicas que poderiam ser utilizadas de modo construtivo, a serviço da vida.
            É preciso que se reverta este quadro, através do processo educacional preventivo, ou do processo terapêutico curativo, facilitadores do retorno ao eixo de si mesmo. Desde a infância, as crianças precisam conhecer o poder construtivo do elogio sincero, que fortalece a autoconfiança e o poder que vem do verdadeiro amor. Isto dá sentido à existência e é o ponto fundamental de apoio  para a travessia dos perigos reais ou imaginários que, a todo momento, bloqueiam o fluxo vital.
                                                                                         
                                                                                          SUELI MEIRELLES



sábado, 24 de março de 2012

EU SOU A ÁGUA


Eu sou a água. No início da criação, era límpida e cristalina, correndo livremente pelos caminhos designados pelo Criador. Através da minha circulação, a seiva era transportada, a energia fluía, e a vida se tornava abundante. Eu era o útero da criação; o princípio no qual tudo teve início e, através de mim, a vida se fez presente, desenvolveu-se e realizou-se.
Durante muito tempo fui assim, límpida e translúcida, cumprindo minha função de corrente sangüínea da Terra... E aí veio o homem. É o homem bebeu de mim; e o homem começou a me utilizar nas suas plantações; e eu contribuí para a abundância das suas colheitas. Mas, o homem começou a me usar de forma indevida. Começou a represar-me e a desviar meus caminhos; começou a me utilizar segunda a sua vontade, descumprindo as Leis do Criador.
Muitos e muitos séculos se passaram e chegamos aos tempos atuais. Agora, sinto-me doente; muito, muito doente... Em muitos lugares, a minha circulação foi destruída, bloqueada e desviada do seu curso natural. Isto começou a gerar desequilíbrios. Em muitos lugares, fiz inundações; em outros, tornei-me escassa. Seres morreram afogados; seres morreram de sede. A minha liquidez foi-se tornando estagnada; sem fluxo. Resíduos e dejetos foram jogados em meu leito. Em muitos lugares, tornei-me negra e viscosa, como esses resíduos que me foram atirados. Nem me lembro mais como é ser água! Tornei-me tão imunda! Meu sofrimento é muito grande! Sinto-me agredida, desrespeitada pelo homem que se esqueceu de que faz parte dessa mesma Natureza. Que se esqueceu de que tem em si também uma circulação; que se esqueceu que essa água que existe fora, também existe dentro dele, em suas veias, e que, quando a água fora está poluída, seu próprio sangue fica contaminado.
Humanidade! Acordai para isto! Percebei que todos os elementos que existem fora de vós, existem também em vosso interior. Percebei que, quando poluís a Natureza, poluís a vós mesmos.
Humanidade! Acordai, enquanto é tempo! Despertai, hoje, para a limpeza dos elementos da Natureza. Limpai vossas mentes de toda a poluição da qual sois causadores. Limpai!
A Natureza chora e sofre, silenciosamente. Toda essa Natureza que reflete o livre arbítrio da própria mente humana, e se agonia ao perceber que está se preparando pra revidar ao homem, todo o mal que o homem lhe causou. Ainda há tempo! Socorrei a Natureza, que não possui o livre arbítrio do homem! Socorrei a Natureza que depende da ação humana. Limpai! Limpai! Limpai, tudo isso! Usai a mim mesma. Cuidai de mim, principalmente devolvendo-me o poder e a força de ser pura e cristalina. Devolvei-me a condição de ser purificadora, utilizando-me para limpar os outros elementos. Recuperai as florestas. Cuidai dos animais que nelas vivem. Respeitai as suas condições naturais, que obedecem aos Desígnios Superiores. Reintegrai-vos a esta mesma Natureza da qual fazeis parte. Limpai vossas mentes e vossos corações. Limpai vossas mãos, elevando-as aos céus e agradecendo ao Criador por tudo o que recebestes; ocupando a vossa função de co-criadores e não, de destruidores. E aí, então, à medida que cada um de vós se tornar capaz de construir, visualizai as cascatas, os rios, as lagoas e os mares retornando às suas condições naturais, geradoras de vida. A mesma vida que circula por vossos corpos. Restabelecei a saúde em vós e em todo o Planeta Terra.
                                                    EU SOU A ÁGUA, Pura e Cristalina.

Canalizado por Sueli Meirelles

segunda-feira, 5 de março de 2012

TEMPOS ESTRANHOS

            Vivemos num mundo em ebulição. Desde intensas alterações geológicas, climáticas, até as convulsões políticas, sociais, econômicas e religiosas, que transformam a vida moderna, neste caldeirão efervescente de paixões em conflito. Enquanto, na Índia, regiões alagadas, deixam famílias sem abrigo, um furacão varre o Caribe e atravessa a Ilha de Cuba, seguindo em direção à Califórnia, indiferente às divergências políticas, entre os países por onde passa. Em Londres, a população corre espavorida, surpreendida, num dia comum de trabalho, pela atividade fratricida de terroristas que, em nome de Deus, acreditam que a morte de seus semelhantes é o caminho para as reivindicações políticas que tanto desejam. Do outro lado, seus adversários, não menos causadores de terror do que eles consideram suas ações um atentado à humanidade, e ao mundo civilizado. Será que este mundo ainda é civilizado?...Em nosso país, a convulsão política ceifa cargos que pareciam estáveis, até que as sombras de suas atividades fossem iluminadas pela implacável luz da tecnologia informacional, revelando, ao vivo e a cores, o preço da moral de cada um. Para nosso espanto, a corrupção se afigura a Hidra de Lerna, o monstro mitológico de sete cabeças, cuja fome insaciável e voraz consome todos os recursos públicos. Como se tudo isto não bastasse, enquanto as instituições legais vão ruindo em meio ao ribombar dos escândalos, o governo paralelo do narcotráfico, fatura milhões de reais por mês, ceifando vidas e destruindo lares, em todas as classes sociais, até mesmo naquelas que poderiam ter o mundo a seus pés. Tontas no meio de tudo isso, sem saber como nem porque, as pessoas seguem suas vidas, fazendo as mesmas coisas de sempre, numa espécie de auto-hipnose esquizofrenizante, cujo objetivo parece ser a negação da insuportável diluição de seus valores existenciais, no imenso lamaçal em que se transformou a sociedade de hoje.
 A grande onda de transformações, trazida pelo Tsuname, parece começar a lavar o mundo de tanta podridão. Na Ásia, depois da grande tormenta, alguns sobreviventes refizeram suas vidas: Viúvos casaram-se com viúvas; pais que perderam seus filhos adotaram pequenos órfãos; estes ganharam novos pais, numa demonstração, de que o velho conceito de família consangüínea parece estar cedendo lugar à família solidária.
Nos meios televisivos, aumentam as propagandas em defesa da ecologia, mostrando-os que este jeito suicida de viver consome o equivalente a quatro planetas. Se este modo continuar, muito em breve, aqueles que lutam pelas riquezas do mundo terão muito pouco porque brigar.
Os estudiosos do assunto avisam que o tempo está acelerado, como se o planeta, mobilizado pelos seus enlouquecidos habitantes, tivesse pressa em se ver livre de tudo isso. Os estudiosos também dizem que o eixo da Terra está retornando à posição vertical, talvez numa tentativa de resgatar o equilíbrio da humanidade ensandecida, pela falta de limites, e de controle dos desejos do Ego. Enquanto isso, os arautos do Apocalipse tentam converter os pecadores, apregoando que as suas, são as melhores religiões, e que todos que estiveres fora delas, estarão, de antemão, condenados às penas do inferno. Como numa imensa feira de pregões, cada um tenta impressionar os seus semelhantes, pela força de seu grito.
 Ouvindo as conversas preocupadas dos adultos, neste mundo enlouquecido, as criancinhas reagem assustadas: Se este mundo vai acabar, qual será o futuro delas? Será que esta geração de adultos se preocupa com isto?... Que recordações este futuros adultos levarão dos adultos de hoje? Como, no decorrer do tempo, seus descendentes reagirão às memórias destes que hoje escrevem a história da humanidade? Talvez  no futuro eles possam aprender o que não fazer, com os erros de seus ancestrais.
Para aqueles que já percorreram algumas décadas da estrada do tempo, é fácil perceber a velocidade com que as mudanças estão acontecendo. Embora, a primeira vista, tudo pareça ter mudado para pior, também é verdadeiro que, nunca, em nenhum outro momento da história da humanidade, as pessoas tiveram tanta liberdade de escolha, para ser aquilo que realmente são. A cada um está sendo dado, de foro íntimo, o direito de ser tão honesto ou desonesto quanto seus princípios lhes podem permitir. Nunca a Lei do Livre Arbítrio foi exercida com tanta autonomia, indicando que a próxima civilização que irá se desenvolver será muito ética, como conseqüência do movimento pendular da própria evolução, que oscila de um extremo ao outro, até encontrar o seu ponto de equilíbrio...

                                                                                      SUELI MEIRELLES

sábado, 3 de março de 2012

CONVERSANDO COM OS LEITORES

Caros Leitores:

            Um profissional de psicologia tem por tarefa respeitar e resgatar a sabedoria interna de seus clientes, ajudando-os a se tornarem agentes de transformação de suas próprias histórias. Nesse contexto, não há espaço para a opinião pessoal do terapeuta. Seus valores, pensamentos e sentimentos ficam guardados, para ceder espaço  à reconstrução da identidade do cliente.
            Quando comecei a escrever como colunista semanal para o JORNAL DE HOJE, há cerca de vinte anos, a convite de seu Diretor, Walceyr de Almeida, ganhei o espaço e a oportunidade de poder me colocar como pessoa e como cidadã, para dizer o que penso e o que sinto, sobre este mundo em que vivemos. Meu principal objetivo, ao escrever, sempre foi provocar uma reflexão sobre este momento de transição civilizatória. Um momento único, em que o sofrimento traz o crescimento e o desejo de construção de uma vida melhor. No decorrer desse tempo, tive a grata satisfação de encontrar nas ruas da cidade, leitores que vinham me falar sobre os artigos que eu havia publicado, dando-me um feedback positivo do meu trabalho. Cada vez que isso ocorreu, senti-me incentivada a continuar escrevendo, mesmo que fosse num pequeno espaço de tempo, nos primeiros minutos da madrugada, resistindo ao cansaço de um longo dia de trabalho.
            Quando fiz palestra no Café Literário da I BIENAL DO LIVRO DE NOVA IGUAÇU, sobre o tema “Desvendando os Mistérios da Mente Humana”, mais uma vez tive a oportunidade de me colocar como pessoa, através da livre expressão do que penso e do que sinto. Ali, encontrei uma platéia atenta e participativa, muitos, leitores de minha  coluna, fazendo-me perguntas inteligentes que somente serviram para valorizar o meu trabalho. O tempo da palestra fluiu, numa interação constante, chegando ao final com “gostinho de quero mais”, por parte de todos, ouvintes e palestrante.
            A qualidade do trabalho de uma terapeuta é construída pelos resultados positivos, alcançados pelos clientes; a qualidade do trabalho de uma colunista de jornal é construída pelos comentários tecidos pelos leitores; a qualidade do trabalho de uma palestrante é construída com a participação ativa das pessoas presentes.
            Quero aqui agradecer a todos os clientes que me ajudaram a criar uma imagem séria de trabalho; a todos os leitores que compartilham de meus ideais de mundo, e também àqueles que têm opiniões contrárias, a quem respeito profundamente, por contribuírem para a minha reflexão e crescimento interior. Quero agradecer aos amigos Walceyr de Almeida e Cristina Merath, do Jornal de Hoje, pelo convite feito há tantos anos atrás, abrindo-me a oportunidade de trabalho, na área de comunicação;  quero agradecer a todos os que que me acompanharam durante anos, fazendo a minha coluna crescer e ganhar qualidade. Quero dizer que esta participação de todos é um exercício pleno de cidadania, que resgata a voz do povo, o direito de falar de seus anseios e  opinar sobre os destinos da sua cidade ou do seu país, contribuindo para a construção de melhores metas governamentais.
            Esta sinergia contagiante que vem se fazendo com o público, em relação a este trabalho, trouxe-me a ideia de que este blog pode ser bastante interativo. Que possamos utilizar este espaço, eu e vocês, leitores, para conversarmos sobre o que nos mobiliza o coração e a mente; sobre o que acontece no mundo; sobre sonhos e limites; sobre o que podemos e o que não podemos fazer e, principalmente, sobre o que uma comunidade unida pode fazer por si mesma e pela sua terra. Por isso, venho propor que todos vocês, que semanalmente me ajudem a construir esta página. Tenham uma participação mais ativa, através da sugestão de temas, através de perguntas e comentários, que possam traduzir as expectativas daqueles que estão do outro lado do trabalho solitário de quem escreve. Por favor, façam-me companhia!

                                                                                                SUELI MEIRELLES

Site: www.suelimeirelles.com
Email: suelimeirelles@gmail.com


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sexta-feira, 2 de março de 2012

MUDANÇA DE MENTALIDADE

Em 1986, a UNESCO reuniu, em Veneza, um seleto grupo de cientistas, filósofos, artistas e líderes religiosos, com o objetivo de estudar os rumos seguidos pela nossa civilização. O resultado desses estudos mostrou que a humanidade, ao privilegiar o desenvolvimento de seu lado racional (o pensamento lógico e a busca de sensações, voltada para os estímulos externos) havia tomado o caminho da auto destruição. Estes estudos mostraram também, que a nossa civilização negligenciou aspectos importantes de seu psiquismo, tais como o sentimento e a intuição, perdendo contato com estes referenciais internos de orientação da vida.    Hoje, as classes mais favorecidas estão cercadas por uma grande quantidade de bens de consumo, sem que isto tenha efetivamente contribuído para a melhoria da qualidade de suas vidas. É comum encontramos pessoas com carros importados, sofrendo de hipertensão arterial e stress; têm celular e gastrite; têm sucesso econômico e gota ou artrite. Sem  consciência do significado do pedido de socorro traduzido por seus sintomas físicos, estas pessoas pagam um alto  preço emocional  para manter o padrão de suas vidas, submetendo-se aos critérios que a nossa cultura consumista impõe: Força física, beleza física, status social e econômico. Neste processo, a humanidade afastou-se da natureza a qual pertence, perdendo a inteireza e o equilíbrio necessários a manutenção harmoniosa da saúde e da vida.
O caminho de retorno ao equilíbrio exige uma mudança de mentalidade, com o resgate da consciência em relação aos verdadeiros valores humanitários de simplicidade, honestidade, solidariedade, humildade, espontaneidade etc. (esta lista pode chegar a dois mil valores), sem os quais jamais se conseguirá alcançar a serenidade necessária para uma vida plena e feliz, por mais que se  acumule bens materiais. Ao resgatar valores existenciais, cada pessoa poderá perceber a necessidade da mudança de sentido em sua vida. Ao invés de se deixar dominar pelas pressões externas (pressões do poder econômico, de cima para baixo e pressões sociais, de fora para dentro), ela irá realizar o desabrochar  de si mesma (de baixo para cima e de dentro para fora), até alcançar a plenitude da própria existência. Ao permitir que este movimento natural ocorra, cada pessoa poderá descobrir que veio ao mundo para realizar um potencial que será medido pela sua capacidade de ser autêntica e espontânea.
A maioria das pessoas sequer tem consciência do quanto está distanciada de sua verdadeira natureza, forçando-se a cumprir modelos culturais pré-estabelecidos, em detrimento de sua própria felicidade. Interromper a caminhada da vida por alguns instantes, para refletir sobre tudo isto, pode ser o primeiro passo para o retorno ao eixo de si mesmo (a). Esta avaliação pode ser feita de forma bem simples. Cada pessoa somente pode ser o que realmente é. Quando ela se esforça para alcançar padrões que não condizem com suas tendências naturais, acaba se adulterando (mesmo radical lingüístico do adjetivo adulto) e, conseqüentemente perdendo sua capacidade de ser criativa (mesmo radical lingüístico de criança) e espontânea na expressão de si mesma.
  De posse destas informações, pare um instante, para avaliar: _Você está sendo você mesmo (a) ou está tentando encaixar-se nos modelos e padrões de sucesso que a sociedade estabelece?
Se você respondeu afirmativamente à segunda parte desta questão, está na hora de realizar uma mudança de mentalidade. Está na hora de sair do desvio de si mesmo (a) e procurar o seu próprio caminho existencial, porque você não veio ao mundo para atender as expectativas dos outros, mas para cumprir o seu contrato existencial e realizar um conjunto de potenciais que só você mesmo pode realizar, lembra-se?
Pecado é um termo latino, originado de pecus, que significa pés. Pecado é desviar-se do próprio caminho existencial...