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segunda-feira, 21 de maio de 2012

A PEDOFILIA EM QUESTÃO



Ao contrário da tão propagada “inocência” da criança, esta já nasce com sexualidade, buscando o prazer nas diferentes experiências de vida. A princípio, esta necessidade de prazer é satisfeita através do olhar, que busca as formas e as cores do mundo à sua volta. Ainda no primeiro ano de vida, a criança desfruta do prazer de sugar os objetos ao seu alcance, passando depois pela fase de controle e retenção de objetos e pessoas. Depois, ela descobre as diferenças sexuais e, satisfeita a curiosidade, ela se volta para o conhecimento do mundo externo. Somente na puberdade, a sua sexualidade tornar-se-á emergente, direcionando-se para um outro ser humano. Quando estas etapas do desenvolvimeno psicosexual não são atendidas em suas necessidades, ocorre uma fixação da libido, que impede que a pessoa se torne emocionalmente amadurecida. Sua personalidade fica retida na fase de desenvolvimento em que tenha ocorrido o maior número de bloqueios emocionais, determinando o tipo de sintoma que se tornará emergente na vida adulta.
 O pedófilo e um indivíduo cronológicamente adulto e emocionalmente infantilizado, sexualmente atraído por uma criança. Esta fixação na sexualidade infantil é um distúrbio de formação da sua personalidade, cujas causas se encontram na fase mais precoce do desenvolvimento humano.
 Quando trabalhamos com regressão de memória aos primeiros anos da infância, encontramos os registros inconscientes que produzem tais comportamentos. Embora o ser humano tenha memória consciente, em média, a partir do terceiro ano de vida, tudo o que tenha ocorrido com o seu Ser, sempre, fica arquivado a nível inconsciente, influenciando o seu comportamento. Experiências significativas, vividas pela família, são percebidas pelo feto ainda na vida intra-uterina, podendo afetar seriamente o seu psiquismo. Da mesma forma, tudo que ocorre nos três primeiros anos de vida, fica registrado no inconsciente profundo, com intensas cargas emocionais que afetam a personalidade, sem que o indivíduo tenha controle consciente sobre estes comportamentos indesejados.
 Em relação à pedofilia, mais especificamente, temos encontrado memórias de inconsciente profundo, em que o menino, por exemplo, ainda com meses de vida, partilha da mesma cama em que os pais estão tendo relações sexuais. Como para a criança o ato sexual é percebido como agressão e violência, associadas a prazer, este padrão mental se fixa como modelo de comportamento, levando o indivíduo, na vida adulta, à repetição do mesmo comportamento. Mesmo que ele queira, conscientemente, impedir o procedimento aberrante, chegará um momento em que este se concretizará, porque o consciente, com seu potencial de 14% de poder mental é inferior ao inconsciente com os seus poderosos 86% (isto, aliás explica porque é tão difícil modificar um comportamento indesejado). Movido pelo desejo inconsciente de repetir aquela fixação sexual, o indivíduo busca o seu próprio prazer, como uma criança o faria, sem importar-se com as conseqüências lesivas para o outro, que se torna o seu objeto de desejo e sem medir os comprometimentos legais de seus atos. Depois de descoberto, ele tentará eximir-se das conseqüências, agindo ainda como a criança que mente e se esconde, sem assumir o mal feito. Caso ele consiga, de alguma forma escapar da punição, voltará a repetir a pulsão inconsciente, até que infalivelmente acabará enredado nas malhas da lei. Somente através de um trabalho profundo de Reprogramação Mental dessas memórias, através do qual a parte psíquica adulta ajude a parte psíquica criança a livrar-se desses conteúdos emocionais e retomar o seu crescimento psico-sexual, o indivíduo conseguirá livrar-se desta tendência destrutiva. Mais uma vez, o auto conhecimento é a chave que abre as portas para uma vida autêntica e produtiva, livre dos sofrimentos que muitas vezes foram arquivados nas memórias inconscientes da infância.

SUELI MEIRELLES - Especialista em Psicologia Clínica. Consultora em Desenvolvimento Humano, Saúde Integral, Ecologia Integral e Educação para a Paz. Hpa 30 anos cuidando do Ser Humano Integral.
Site: www.suelimeirelles.com



quinta-feira, 17 de maio de 2012

OS OITO ESTADOS DE CONSCIÊNCIA DA MATERNIDADE

 No segundo domingo de Maio, comemorou-se o dia das mães. Reuniões familiares, almoços, presentes... Sinais externos de amor. Mas, o que significa realmente ser mãe? Depende do estado de consciência em que ela se encontra. Damos, abaixo, oito definições do que é ser mãe, de acordo com cada estado de consciência:
 A mãe materialista acredita que ser boa mãe é dar ao filho todos os bens materiais que estejam ao seu alcance, ou até mesmo acima disso. Como mãe, não mede esforços para ajudá-lo a alcançar o cume da pirâmide social, e sente-se realizada, quando fala sobre os sucessos alcançados pelo filho, seja na carreira ou nos negócios, ou, melhor ainda: Nos dois. Cumprindo este papel, ela não deixa que nada lhe falte. Ele é bem alimentado, bem vestido e desfruta de todo o conforto que ela tem condições de lhe oferecer. Seu amor pode ser quantificado por tudo aquilo que ela lhe dá, materialmente falando.
 A mãe hedonista é aquela que acredita que o prazer é o bem maior da vida, e que ser boa mãe é satisfazer todas as vontades do se  filho, sem contrariá-lo no menor dos seus desejos. Para ela, ele merece todos os privilégios do mundo, e ela não hesita em ajuda-lo a usufruir de tudo de bom que o mundo tem a lhe oferecer. Ele é mimado, mesmo quando isto o ajuda a desenvolver uma tirania e uma arrogância que o tornam presença indesejável, na maioria dos lugares.
 A mãe dominadora é aquela que acredita que tem o direito de direcionar o filho para o caminho que, segundo os seus próprios conceitos, é o melhor para ele. Aliás, ela também acredita que sabe o que é melhor para ele, e que ele somente será feliz, quando seguir à risca os seus conselhos. Ele é o filho obediente, que vai tendo a sua personalidade anulada e que talvez jamais venha a se expressar como ser humano. E que, certamente, ficará totalmente confuso, quando sua mãe não mais estiver ao seu lado, para ajuda-lo, diante das difíceis escolhas da vida.
 A mãe apegada é aquela que acredita que amar é ter seu filho sempre ao seu lado, impedindo-o de viver suas próprias experiências de vida, porque, para ela, o melhor lugar para o seu filho é junto dela mesma, onde ele estará protegido de todos os perigos reais ou imaginários que, para ela, o aguardam no mundo externo. Ele é o filho que recebe tudo nas mãos, que é cuidado vinte e quatro horas por dia, e que dentro dos limites do cerco amoroso da mãe, tem tanto carinho que talvez não queira crescer, porque ali está bom demais.
 A mãe criativa é aquela que acredita que o filho deve seguir a sua vocação; que ele deve se expressar em todos os seus potenciais e que o incentiva a buscar o próprio caminho. Ela é como o jardineiro que cuida da pequena semente, para que ela desabroche naquilo que veio ser. Seu filho tem curiosidade de conhecer o mundo e de lançar-se em novas situações, sabendo que os erros e acertos são igualmente diferentes formas de aprender o que fazer e o que não fazer na vida.
 A mãe intuitiva é aquela que acredita que seu filho é um ser humano único, que precisa ser respeitado em suas características de personalidade, e incentivado a realizar o que veio realizar na vida. Seu filho, desde bem cedo, aprende a usar este foco interno de orientação existencial, buscando suas próprias metas, independentemente das opiniões externas, pois sabe que não veio ao mundo para atender as expectativas alheias, nem para se deixar levar pelos modelos e pressões que a sociedade  lhe impõe.
 A mãe espiritualizada é aquela que acredita que seu filho veio ao mundo, trazendo qualidades positivas e negativas, para um processo de aperfeiçoamento evolutivo, e que sua meta existencial é se tornar um ser humano melhor. Acredita, também, que sua tarefa, como mãe, é auxilia-lo neste processo de auto-descobrimento, ajudando-o a transformar defeitos em qualidades; a transpor obstáculos e a alcançar metas, segundo uma programação inconsciente para a vida, que ele já  traz dentro de si mesmo. Seu filho, desde cedo, aprende que sua vida tem um propósito evolutivo, e que ele é totalmente responsável pelas escolhas que faz. Ele também sabe que, acima de tudo, é filho de Deus, e que nem tudo o que acontece com os outros, tem que, obrigatoriamente, acontecer com ele também. Sente-se mais seguro e confiante diante da vida.
 O oitavo estado de consciência da maternidade, nenhuma mulher humana até hoje alcançou. Ele é representado por Maria, Mãe de Jesus, que veio ao mundo para sustentar o Plano Divino de Seu Filho, em sua missão de resgatar os pecados do mundo. Ela é o exemplo de Mãe Maior, capaz de amar e de se doar sem apegos, confiante na eternidade da vida e nos propósitos estabelecidos por Deus, para todos os seus filhos e filhas. Neste mês de maio, a Ela, as nossas homenagens, pedindo-lhe que abençõe todas as mães deste sofrido Planeta Terra.

SUELI MEIRELLES
(*) Psicóloga Clínica, Escritora e Palestrante.
Site: http://www.suelimeirelles.com
E-mail: suelimeirelles@gmail.com

sábado, 12 de maio de 2012

FIBROMIALGIA

 Cresce cada vez mais, o número de pacientes, na área de psicossomática, que buscam compreender a relação entre seus sintomas e a maneira como reagem às diferentes situações de vida, como meio de manter-se saudável. Agora mais conscientes em relação aos seus potenciais internos de auto-cura, estes pacientes decidiram transformar-se em agentes da própria saúde, a partir da reprogramação mental (técnicas de Neurolingüística e Hipnose), dos padrões geradores de doenças, instalados em suas mentes inconscientes.
 Quando o cliente portador de fibromialgia chega ao consultório decidido a participar, efetivamente, do processo de restabelecimento de uma dinâmica mais saudável com a vida, os resultados têm sido animadores.
 A fibromialgia é um sintoma que se caracteriza por dores reumáticas difusas, freqüentemente associadas à ansiedade e depressão. Também diagnosticado como reumatismo psicogênico (de origem psicológica),está diretamente relacionado à tensão emocional. Quando trabalhamos com clientes que desenvolveram a fibromialgia, descobrimos um aspecto semelhante, em seus históricos de vida: Todos trazem uma história de padrão permanente de preocupação, em relação aos familiares, às vezes desde a tenra infância, até a idade mais avançada. Estes clientes reagem como se a segurança de sua família dependesse única e exclusivamente deles, num estado permanente de vigilância, que os impede de relaxar. Como conseqüência, apresentam dificuldades para conciliar o sono, sono interrompido, ou extremamente leve; sentimentos de culpa, como se nunca fossem suficientemente bons, ou não estivessem fazendo tudo aquilo que determinaram para si mesmos, ou que lhes tenha sido cobrado. Apresentam ainda padrões de fala e respiração rápidos e curtos, característicos dos estados de ansiedade, como se estivessem sempre na expectativa de resultados futuros. A depressão, nestes casos, decorre dos sentimentos de impotência diante de todas as situações sobre as quais não têm controle. É comum também que tragam um padrão educacional que os impede de expressar raiva, gerando altas tensões musculares. Por detrás de tudo isto, estão os sentimentos de baixa-estima e o medo inconsciente de que algo de ruim possa acontecer com aqueles a quem ama.
 É bastante comum que estes clientes tenham sido crianças que desde pequenas tiveram que assumir responsabilidades excessivas para suas tenras idades, como ajudar a cuidar de irmãos menores, em relação aos quais eram culpabilizados pelos pais, se algo lhes acontecesse. Também encontramos casos em que estes clientes cuidaram de doentes terminais por longo tempo, mantendo o mesmo estado de expectativa de perigo iminente.
 Estas situações vivenciadas diariamente, por muito tempo, instalam na mente inconsciente este padrão de reação, como se a pessoa estivesse permanentemente num “estado de guerra”. Mesmo quando a situação real chega ao fim (porque os irmãos menores cresceram ou porque o doente veio a falecer etc.), o programa mental de alerta permanece ativado, impedindo que a pessoa relaxe.
 Em psicoterapia, buscamos identificar e ressignificar (programar novos significados mais positivos) estes padrões negativos de reação, promovendo a atualização da mente inconsciente em relação ao tempo presente, cuja qualidade vida tende a ser resgatada. Com o decorrer da psicoterapia, observamos a mudança positiva, que facilita a compreensão, por parte do cliente, de que a recuperação da saúde depende de sua participação ativa na transformação de seus modos habituais de reagir às situações diárias da vida, desvencilhando-se dos antigos padrões mentais, sempre traduzidos na forma de preocupação excessiva com tudo e com todos.
 Como em todas as doenças de fundo psicossomático, a cura efetiva depende de que o cliente entenda “como” contribui para o desenvolvimento do seu sintoma e esteja realmente empenhado em realizar uma profunda transformação interior. Ao adotar novos padrões mentais que contribuam para a reconstrução da saúde, o cliente deixa de ver o mundo como uma eterna ameaça, para si mesmo ou para aqueles a quem ama, resgatando possibilidades de vida própria, anteriormente esquecidas e redirecionando suas forças psíquicas para metas de vida mais construtivas.
(*) Psicóloga Clínica do CIT = Colégio Internacional de Terapeutas. Membro da ALUBRAT – Associação Luso Brasileira de Psicologia Transpessoal.
Site: http://www.institutoviraser.com/

FILHOS DO CORAÇÃO - Comportamento


Chamou-nos a atenção, no noticiário, há alguns anos atrás, o olhar perdido de um jovem chamado Osvaldo (ou seria Pedrinho?), ao descobrir, vinte dias após a morte do pai adotivo, que sua família biológica vivia em Brasília, e o procurava já há 17 anos, após o seqüestro de que fora vítima, ainda com 14 horas de vida.
 Viver simultaneamente, a perda do pai, o encontro com uma nova família e descobrir todas as circunstâncias que cercaram o seu nascimento pode ser demais para um jovem adolescente, que está trocando a segurança da infância pelos desafios e incertezas da juventude.
 Se desde a primeira infância ele tivesse sido informado de sua condição de adotivo, cresceria amando os pais da mesma forma e, ao mesmo tempo, o que é bastante natural nestes casos, desenvolveria uma curiosidade em relação aos pais biológicos que o deixaria mais preparado para o impacto emocional do encontro com a sua família de origem.
 Assim como aconteceu com Osvaldo (que assim prefere ser chamado), muitas crianças que poderiam ser amadas e respeitadas em sua condição de adotivas, sofrem a tortura da dúvida em relação às suas origens (o inconsciente sempre sabe a verdade). Sua autoconfiança acaba sendo minada pelo despreparo de pais adotivos, que teimam em sustentar uma fantasia, que  se transforma num grande pesadelo para o jovem que se sente enganado, ao descobrir a verdadeira história de seu nascimento.
 Cabe lembrarmos que, quando uma mulher engravida, por mais que a maternidade seja socialmente valorizada, nem sempre ela deseja realmente o filho que carrega no ventre. Isto se evidencia pela imensa quantidade de crianças que diariamente são abandonadas e entregues à própria sorte, por  quem deveriam servir-lhes de apoio e orientação na travessia da vida.
 Aqueles que se dispõe a adotar uma criança, no entanto, evidenciam disponibilidade e capacidade de doação porque, ao tomar esta atitude, fazem-no efetivamente por escolha, já que nada os obriga a isto. Este ato de amor, por sua essência, deveria ser motivo de realização para os novos pais, formando a base para um relacionamento verdadeiro, no qual a função paterna e materna, diferentemente da função biológica de gerar um filho, se expressa através de dedicação e cuidados efetivos.
 Para os pais, os filhos significam o seu “produto” e, muitas vezes, movidos por sentimentos de impotência e baixa-estima, diante da infertilidade, os pais adotivos decidem não revelar ao filho esta sua condição, enganando a si mesmos e àquele que teria todas as condições de amá-los e respeitá-los por sua imensa capacidade de doação. Ao agirem assim, transformam a possibilidade de uma relação verdadeira, numa relação enganosa, que deixa fortes seqüelas emocionais, quando, mais tarde, o jovem descobre suas reais condições de nascimento. O ideal seria que, a partir do terceiro ano de vida, quando a criança já possui um vocabulário expressivo e começa a se interessar por saber como os bebês vêem ao mundo, que ela começasse a ser informada sobre a verdade; Que ela nasceu da “barriguinha” de outra mãe, que não pode criá-la e que agora, ela “é filha do coração” porque foi muito desejada e é amada por seus pais adotivos, como se deles tivesse nascido.

Sueli Meirelles - Especialista em Psicologia Clínica (Hipnose Ericksoniana, Regressão de Memória, Reprogramação Mental). Escritora e Palestrante
Contatos:
Whtasapp: 55 22 99955-7166
Email: suelimeirelles@gmail.com

terça-feira, 8 de maio de 2012

DE ONDE VEM O MAL?


“As coisas más que são feitas sobre a Terra,
 são praticadas por seres humanos.
Nós não podemos por a culpa disso nas plantas
Ou nos animais... Mas, se você
 e eu não somos maus, quem é mau?”
(Donovan Thesenga)

 Embora nossa cultura nos imprima uma visão dualista, segundo a qual as pessoas são totalmente boas ou más, não é isto o que ocorre dentro dos seres humanos. O bem e o mal coabitam em nosso interior, ocupando três camadas distintas: O Eu Idealizado (aquilo que queremos que os outros saibam que nos somos), o Eu Inferior (aquilo que não queremos que os outros saibam que nos somos) e o Eu Superior (aquilo que muitas vezes nem sabemos que nós somos).
 O Eu Idealizado corresponde à nossa personalidade, à máscara que utilizamos na vida em sociedade, na tentativa de sermos amados e aprovados por aqueles com quem convivemos, como se não pudéssemos existir, independentemente da opinião alheia, espelho através do qual buscamos a nossa auto-imagem idealizada.  Nosso Eu Idealizado luta, mente e esconde tenazmente os nossos defeitos, temendo a crítica e a desvalorização social, que imaginamos que irá nos atingir e nos abater, se nossos erros forem descobertos. Na tentativa de sustentar esta máscara, muitos de nós acabamos por conseguir justamente o efeito contrário, já que, em situações de alta pressão social, esta casca tende a se romper, colocando à mostra os defeitos, a tanto custo escondidos.
 O Eu Inferior corresponde a todos os aspectos de nossas personalidades que tememos que os outros venham a descobrir: Nele estão a inveja, a infidelidade, o orgulho, a vaidade, a negligência, a ganância, e todas as demais imperfeições humanas, sustentadas por sentimentos de raiva, medo, tristeza, dor, ódio, e que tanto mal fazem a própria humanidade. Apesar de estarem polarizados negativamente, e realmente causarem mal, estes defeitos constituem potenciais de energia psíquica igualmente úteis para o desenvolvimento humano. O grande segredo da transformação interior consiste exatamente em aceitarmos, dentro de nós mesmos estes sentimentos, conhecê-los nos contextos em que foram criados, para que possamos exercer sobre eles a força de vontade necessária para transformá-los em motivações para o nosso crescimento interior. O que dificulta este processo é justamente a idéia de que teremos que anular nossos desejos, para nos transformarmos em seres humanos insípidos, destituídos do prazer de viver e de usufruir tudo aquilo que a vida pode nos oferecer de bom. Esta é uma idéia distorcida sobre a evolução humana, que faz com que a transformação interior seja sentida como morte ou aniquilação de si mesmo. Na luta por combater estes fantasmas internos, acabamos percebendo-os em nossos semelhantes, o que origina as crises de relacionamento, nos diferentes níveis em que elas ocorrem, sejam no contexto familiar, profissional, social, nacional ou internacional.
 Quando nos abrimos corajosamente para o autoconhecimento, nossos fantasmas internos tornam-se menos ameaçadores, e podemos começar a não combate-los – o que seria simplesmente inútil - mas a compreendê-los em suas necessidades e a atender a essas necessidades, através de comportamentos mais construtivos, gradualmente desenvolvendo novos valores de vida.
 Quando descobrimos a coragem de empreender a travessia dos pântanos da nossa alma, descobrimos o caminho para o Eu Superior, onde o melhor de nós mesmos nos aguarda, como um prêmio pelo esforço empreendido. A descoberta dessas qualidades já desenvolvidas funciona como estímulo e apoio para a decisão de continuarmos o processo de transformação do Eu Inferior, pouco a pouco somando estes potenciais recém-transformados àqueles recém-descobertos, até que todo este potencial positivo recém-agregado impulsione cada um de nós para a manifestação exterior daquilo que realmente viemos ser. Encontrar a missão existencial traz-nos o prazer da realização pessoal, sem a qual todas as conquistas tornam-se satisfações passageiras, que o ego deixa para trás, em busca de novas metas ilusórias. Ao contrário do que pensávamos antes, a descoberta do Eu Superior nos religa com a verdadeira paz interior e com o verdadeiro prazer de viver, agora livre das ameaças inconscientes de sermos descobertos, a qualquer  momento, em nossas fantasias de sermos perfeitos, segundo os modelos culturais que nos foram transmitidos.
 Quando descobrimos que não somos nem maiores nem menores do que aquilo que realmente somos, do ponto de vista evolutivo, podemos objetivamente, combater o mal, não no mundo à nossa volta ou nos nossos semelhantes, mas naquela parcela de mal pela qual somos responsáveis, através de nossos próprios comportamentos. Ao mesmo tempo em que desistimos de mudar o mundo a nossa volta, percebemos que podemos mudar o nosso mundo interior, reativando uma força amorosa e contagiante de acolhimento àqueles que se dispõem a esta difícil travessia para o mundo melhor que todos nós desejamos.

(*) SUELI MEIRELLES = Psicóloga Clínica do CIT – Colégio Internacional de Terapeutas
Site: http://www.institutoviraser.com/

segunda-feira, 7 de maio de 2012

SORTE X AZAR


 Quantas vezes, diante das experiências bem ou mal-sucedidas da vida, dizemos que alguém teve sorte ou azar, naquela situação. Será que a sorte ou o azar, efetivamente, existem?
 Segundo os modernos estudos sobre a consciência, realizados pelos físicos quânticos, o acaso não existe; existe a sincronicidade, ou seja: A simultaneidade de eventos, no tempo, inter-relacionados pela Lei de Causa e Efeito. Além disso, matematicamente, os sinais de positivo (+), quando somados, resultam em positivo, assim como os sinais de negativo (-), quando somados, também resultam em positivo. Quando estes conhecimentos são associados aos conhecimentos metafísicos, relativos aos princípios da manifestação no mundo material, entendemos que uma boa forma-pensamento; uma idéia positiva e bem delineada, quando preenchida por sentimentos positivos irá se concretizar, assim como uma idéia negativa igualmente bem definida, preenchida por sentimentos negativos, também irá se concretizar, o que é de total responsabilidade de quem gera estes padrões mentais e emocionais. Em contrapartida, uma boa idéia, quando associada a sentimentos negativos, não terá resultados, assim como os sentimentos positivos, quando associados a uma má idéia, também não irão se concretizar, já que, mais uma vez, matematicamente, os sinais diferentes de (+) e (-), resultam em diminuição, um anulando o outro. Esta conjugação dos padrões mentais e emocionais, na medida exata, parece conter as regras básicas para tudo aquilo que se manifesta no mundo material, onde tudo (tudo mesmo) tem nome e medida. O nome designa a forma, o modelo a ser concretizado. Quando nomeamos alguém ou alguma coisa, este nome é escolhido segundo o critério de melhor representatividade para aquela pessoa ou objeto. Neste sentido, o nome de uma pessoa, ou de um objeto é sempre representativo de sua função existencial. Para os povos mais primitivos, que ainda detinham este conhecimento oculto, o nome de batismo de uma criança trazia o significado de “sopro assentado”, ou seja: Representava a presença do espírito, mergulhando na matéria, para lhe dar sentido à existência. Com o passar dos séculos, este conhecimento se perdeu, e os nomes passaram a ser escolhidos por simples modismo, sem que se desse muita atenção ao seu significado. Da mesma forma, o conhecimento metafísico dos números, estudado desde os tempos antigos, esclarece que a medida é representativa da quantidade de energia contida num objeto ou pessoa. Estamos tão habituados a lidar com estes aspectos no dia-a-dia de nossas vidas, que já não prestamos mais atenção a estes importantes significados, perdendo a conexão com este potencial de concretização, que ainda permanece oculto no mais profundo de nossas mentes. Desconectando-nos de nossos potenciais internos de realização continuamos atribuindo à sorte ou ao azar, o sucesso ou o insucesso de nossos empreendimentos, deste os mais simples e corriqueiros, até aqueles que consideramos mais importantes em nossas vidas.
Alguns de nós temos excelentes idéias, mas não nos sentimos motivados para agir com persistência, até que nossas metas se realizem, desistindo no meio do caminho, e atribuindo à pouca sorte, os objetivos não alcançados. Outros agem por impulso, mergulhando de cabeça na primeira idéia que lhes surge na mente, sem que o modelo esteja bem delineado ou suficientemente planejado, para que os resultados desejados sejam alcançados. Como, na maioria das vezes, não estamos atentos às regras que regem estes fenômenos, não conseguimos realizar nossos desejos, ou os realizamos de maneira desordenada e incompleta, julgando que os resultados obtidos são apenas efeito da sorte ou do azar que nos atingiu.
O principal problema das crenças em sorte ou azar está no fato de que, quando acreditamos que fatores alheatórios à nossa vontade e à nossa ação podem influenciar nossas vidas, deixamos de perceber quantas vezes sabotamos nossos ideais, com pensamentos de fracasso ou com sentimentos de desânimo, deixando de alimentar o modelo mental e emocional que havíamos criado, até que ele se manifestasse no mundo material. Muitas vezes deixamos de colocar nossa sabedoria interior em ação, com todo o seu potencial de criatividade, para permanecermos à espera que algo maravilhoso venha a ocorrer em nossas vidas, quando, na maioria das vezes, o recurso maravilhoso está dentro de nós mesmos, aguardando que o coloquemos em ação.
Site: http://www.institutoviraser.com/