Tradução

quinta-feira, 27 de junho de 2013

O QUE MUDOU NO BRASIL - Política



             Modelos civilizatórios nascem, crescem e morrem, transformando o mundo, principalmente na transição entre as gerações. Os mapas de realidade das gerações anteriores são questionados e atualizados pelas gerações mais novas, fazendo com que conceitos disfuncionais e preconceitos caiam por terra. São pontos de mutação; momentos em que os padrões emocionais e mentais, tidos como modelos úteis, entram em desuso; são desconstruídos, para que surjam novas posturas diante do mundo real, gerando novas estratégias de ação, para a solução dos problemas de vida diária.
            A Física Quântica, que já há alguns anos dá embasamento ao pensamento científico, nos mostra que, em qualquer grupo, existe uma resultante emocional e mental, positiva ou negativa, denominada de terceiro incluso. Esta resultante surge a partir da ampliação de consciência de todos os indivíduos envolvidos no contexto em mutação. Quando um quantitativo significativo de elementos da mesma espécie alcança um estado de consciência mais elevado, ocorre um salto quântico de todo o sistema. De modo aparentemente mágico, esta energia emocional e mental vai se acumulando no plano extra-físico, subitamente precipitando-se no mundo da matéria, transformando a realidade e os modelos convencionais de uma civilização. A partir desse momento, nada mais será como antes. Se aplicarmos estes conhecimentos básicos de psicologia transpessoal a este momento de transição brasileira, poderemos compreender as mudanças ocorridas no Brasil. Cabe ressaltarmos que, neste processo de mutação, a internet e as redes sociais tem função primordial, permitindo que milhares de brasileiros possam compartilhar seus anseios e insatisfações como cidadãos, criando uma massa crítica emocional e mental, capaz de ganhar força e promover as mudanças que ora se fazem necessárias. No quadro abaixo, fazemos uma comparação entre os velhos e novos modelos civilizatórios e políticos de nosso país, que estão presentes nessa mutação de consciência.
VELHO BRASIL
NOVO BRASIL
Sistema de liderança política patriarcal, em que o líder, visto como salvador da pátria comanda e orienta o movimento de seus liderados.
Sistema de relações em rede, em que cada indivíduo, que ocupa um ponto de intersecção, no sistema, age com auto responsabilidade livre arbítrio, defendendo seus próprios valores.
Plataformas políticas apresentadas em campanhas presenciais, através de discursos em palanques e corpo-a-corpo com os eleitores.
Plataformas políticas divulgadas pelo candidato, através da Web e analisadas por cada eleitor, segundo suas próprias expectativas em relação ao futuro governo.
Campanhas eleitorais em que os candidatos falam sobre suas capacidades e fazem promessas ao povo, através do poder de persuasão e convencimento da palavra.
Campanhas eleitorais baseadas no currículo e trajetória política de cada candidato, com comprovação daquilo que ele realmente já realizou.
Sistema social simples, que não exige qualificação profissional dos candidatos, para o exercício da função.
Sistema social complexo, que exige cada vez mais qualificação profissional e competencia dos candidatos, para o exercício do cargo pretendido.
Exclusão digital: os candidatos não precisam saber navegar no mundo informacional. Divulgam suas propostas através de entrevistas e propagandas veiculadas no Rádio e  naTV.
Inclusão digital: Torna-se imprescindível que os candidatos saibam navegar no mundo informacional, para contato interativo com cada eleitor, via e-mails, Blogs e Redes Sociais.
Candidato como figura de possível autoridade governamental.
Candidato como possível representante das reivindicações do povo, com sensibilidade para ouvir seus anseios e traduzi-los em projetos objetivos e realizáveis.
Promessas feitas em linguagem subjetiva e generalista.
Propostas de pautas governamentais claras e objetivas.
Representantes legislativos com postura de fiscal do povo.
Representantes legislativos sendo fiscalizados pelo povo.
Poder Executivo com postura de dono da casa pública, que não necessita prestar contas de suas ações.
Poder executivo como administrador da casa pública, que tem a obrigação de prestar conta de suas ações.
Eleitores como expectadores dos processos políticos.
Eleitores como participantes ativos dos processos políticos.
Decisões tomadas no terceiro estado de consciência: Conflito entre mandar e obedecer. Mudanças efetuadas no mundo tridimensional.
Decisões tomadas no quinto estado de consciência: Conflito entre certo e errado. Mudanças efetuadas no mundo informacional.
                                 
                                                                                                              SUELI MEIRELLES

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quarta-feira, 19 de junho de 2013

O DIA EM QUE O BRASIL MUDOU


                        A tarde de Domingo parecia terminar como muitas outras, mas, aos poucos o clima de tensão foi-se instalando,  trazendo um novo amanhecer. Pegou de surpresa até mesmo a grande mídia, ainda focada na previsível cobertura da Copa das Confederações. Enquanto os protestos iam tomando forma, a fisionomia tensa dos jornalistas prenunciava o que suas falas editadas não podiam expressar. O movimento pegou de surpresa também os telespectadores brasileiros, não habituados a este tipo de reação. Para quem trabalha com psicologia de massas e cenários civilizatórios, a princípio, o estopim do protesto parecia refletir as habituais estratégias de criar “bodes expiatórios” para intervenções golpistas, trazendo preocupações justificadas. Paralelamente, ações de vandalismo refletiam o oportunismo dos marginalizados sociais, que veem nas aglomerações, o álibi perfeito para o roubo e a depredação impunes, gerando temores pelo desrespeito à vida e à propriedade pública e privada.  Em sua maioria esmagadora, entretanto, o movimento foi tomando a forma de manifestação consciente e legítima da cidadania de um povo cuja paciência se esgotou, diante de tantos desatinos governamentais. Começou a expressar a indignação daqueles que saíram da apatia cidadã, herdeira histórica da escravidão colonial, que ao longo do tempo transformou-se em escravidão econômica... E o gigante, adormecido havia tanto tempo, acordou, recuperou sua voz e bradou: _Basta de tanta corrupção e mau uso do dinheiro público! Basta de tanto sofrimento e morte, em infindáveis filas dos hospitais mal estruturados e sem recursos. Basta de escolas que não preparam para a vida. Basta de tanta desigualdade econômica entre salários e profissões, e retenção de recursos, nas mãos de uma minoria privilegiada. Basta de usar o futebol como “ópio do povo” e instrumento de propaganda política para o exterior, com fachada de crescimento social, maquiado por números estatísticos duvidosos. Basta! Este modelo político se desgastou. A verdade que não pode calar alastrou-se pelas Redes Sociais, em tempo real, tornando obsoletas as fronteiras geográficas, para levar notícias reais, ao vivo e a cores, para todo o mundo. O dia 17/06/13 foi um dia histórico: Foi o dia em que o Brasil mudou; foi o primeiro dia de um Novo Tempo para aquele que sempre foi chamado de “país do futuro”. O futuro pode ser construído agora, para que as próximas gerações sejam beneficiadas por essas mudanças. Mas há que se ter cuidado! Muito cuidado na condução das reivindicações justas e necessárias, para que as metas não sejam distorcidas. A meta é o voto consciente, em 2014. Não precisamos esperar que a Ficha Limpa seja votada. A “Sala dos Espelhos” da WEB tem todas as informações que precisamos sobre a vida política dos nossos candidatos e seus e-mails de contato, para que possamos lhes comunicar o que esperamos deles, como nossos legítimos representantes. Queremos representantes dignos, honestos e confiáveis. Os meios de informação convencionais, até então utilizados como única fonte de acesso à informação  e propaganda política, e que podiam ser manipulados, tornaram-se ultrapassados, diante da velocidade com que as opiniões são postadas no Facebook (ao seu criador, a nossa gratidão) e no Whatsapp, agregando opiniões, resgatando valores, dando rumo e consistência aos focos de protesto. O Brasil nunca mais será como antes; será cada vez melhor! A informação correta desperta a consciência e tem força de mobilização social. É formadora de opinião e desenvolve o senso crítico e avaliativo, há muito esquecido sob as sandices produzidas pela TV aberta e que se infiltrara pela WEB, gastando de forma inútil e alienante, o tempo dos brasileiros. Agora, a Rede é o campo de ação de todos nós, cidadãos brasileiros. Podemos cobrar, questionar, alertar, orientar... Podemos postar “Momentos de Cidadania” resgatando valores humanos e reativando nossa auto-estima. Somos um povo amoroso, reconhecido pelo acolhimento de todas as raças, credos e culturas que aqui convivem pacificamente. Podemos expressar o orgulho pelos símbolos nacionais; nosso Hino e nossa Bandeira, para cantarmos, com renovado entusiasmo: “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas / De um povo heróico o brado retumbante/ E o sol da Liberdade, em raios fúlgidos/ Brilhou no céu da Pátria nesse instante... Do que a terra mais garrida / Teus risonhos, lindos campos têm mais flores / Nossos bosques têm mais vida / Nossa vida no teu seio mais amores. Ó Pátria amada, Idolatrada,Salve! Salve!”

                                                                                                                          Sueli Meirelles

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quinta-feira, 13 de junho de 2013

O QUE SÃO NOSSOS SONHOS

                        Desde tempos imemoriais, os sonhos despertam o interesse e a curiosidade das pessoas. Às vezes misteriosos, sofridos como os pesadelos, premonitórios, interpretados das mais diferentes maneiras, os sonhos continuam desafiando nossa compreensão. Mas, para que possamos realmente compreendê-los, é necessário termos uma idéia de como funciona o nosso psiquismo.
                        A parte que conhecemos de nós mesmos, o consciente, corresponde a apenas 14% do nosso potencial mental. Além dela situa-se uma parte muito maior, mais inteligente e mais poderosa que é o inconsciente, com 86% de capacidade mental. Entre essas duas partes, funcionando como uma barreira, um filtro, atuam os chamados mecanismos defensivos do ego, que permitem passagem somente às informações, sentimentos e sensações aceitos pelo consciente.
                        Somente o consciente dorme. Nosso inconsciente, esta poderosa parte psíquica que é o nosso sistema nervoso autônomo ou, ainda, nosso corpo eletrônico, durante o sono, ganha condições independentes de vida, livre dos limites de contenção impostos pelo corpo físico e pela percepção relativa da mente consciente, podendo vivenciar experiências incríveis fora do plano tridimensional da vida.
                        O material contido num sonho normalmente é muito maior do que podemos lembrar. Para chegar ao consciente, esse material passa por um processo de censura e elaboração, que permite que aquele conteúdo emocional seja esvaziado através de elementos simbólicos que não podem ser claramente compreensíveis para o consciente. Essa é a maneira como o inconsciente burla os mecanismos defensivos do Ego, para esvaziar as emoções e manter o equilíbrio psíquico.
                        No emaranhado de elementos que compõem o sonho, podemos encontrar:

1. RESTOS DIURNOS - As preocupações do dia-a-dia podem ser incluídas no sonho, como forma de descarga e conseqüente manutenção do equilíbrio emocional. Nesse caso, o inconsciente não se afasta do corpo físico e é comum acordarmos com uma sensação de cansaço, de noite mal dormida, onde não ocorreu um verdadeiro relaxamento.

2. IMPRESSÕES NOTURNAS - Se, durante o sono, ocorrem ruídos externos (sirene de ambulância, ruído de trem, carro, temporal, etc), é comum que essas impressões sejam incorporadas à história do sonho, numa tentativa do inconsciente de proteger a manutenção do sono necessário ao repouso. Assim se,  por exemplo, começa a chover enquanto dormimos, é provável que a chuva seja incluída em nossa experiência durante o sonho.

3. SONHOS DE ELABORAÇÃO - Se uma pessoa estiver vivenciando experiências diárias de estresse, o sonho irá funcionar como um regulador do psiquismo, promovendo o esvaziamento das emoções acumuladas, para que o organismo possa manter o estado de equilíbrio do sistema nervoso. Impedir que uma pessoa interrompa o sonho, pode ocasionar sérios danos ao sistema nervoso.

4. PESADELOS - Costumam estar relacionados à interferência mental de energia negativas, quer sejam originadas nos relacionamentos interpessoais, como também aquelas oriundas de noticiários televisivos,filmes de ação (violência), suspense ou terror, ou ainda como decorrência de conversas negativas, que colocam a pessoa em sintonia vibracional com o Plano Astral Inferior.

5. SAÍDAS DO CORPO - São os casos em que a pessoa acorda, antes de ter retornado ao corpo físico, podendo ver-se deitada na cama, antes do encaixe entre corpo energético e corpo físico. Se a pessoa sentir medo, poderá apresentar reações de terror noturno.

6. VIAGENS ASTRAIS - Durante as horas de sono, nosso inconsciente, individualidade ou parte permanente, afasta-se do corpo físico, projetando-se no plano extra-físico e deslocando-se segundo o direcionamento dado pelo pensamento nos minutos que antecedem o sono, quando estamos no chamado nível alfa. Nessa condição, a individualidade viaja através do tempo-espaço, atraída para situações positivas ou negativas, de acordo com própria qualidade da energia psíquica. Daí a importância do tipo de programa (filmes, livros, conversas, etc.) que irá qualificar a energia mental no período de tempo que precede o sono. São comuns nesse caso, os relatos de encontros com outras pessoas, quer dessa ou de outras dimensões de tempo-espaço.

7. SONHOS PREMONITÓRIOS - Baseado no conceito da Física Moderna de que o tempo é circular, hoje sabemos que o inconsciente é capaz de deslocar-se para trás (regressão) e para a frente (progressão) no tempo-espaço. Deslocando-se para a frente no tempo, o inconsciente pode captar ocorrências futuras. É importante ressaltar que, nesses casos, não devemos acreditar nessas previsões como fatos pré-determinados a acontecerem, mas como probabilidades de eventos, que ainda poderão ser modificados. Assim sendo, o conhecimento antecipado de uma situação pode representar uma possibilidade de ação diferente por parte das pessoas envolvidas, mudando-se assim o rumo dos acontecimentos.

8. SONHOS ORIENTADORES - Em decorrência do nível evolutivo de cada pessoa, cada vez mais ela poderá estar em sintonia com estados elevados de consciência, onde irá receber inspirações e insights sobre o melhor modo de lidar com situação da vida tridimensional.

9. SONHOS LÚCIDOS - São frequentes nas pessoas que, ao longo dos anos de práticas meditativas e autoconhecimento, quando no estado de sonho, sabem que estão sonhando e têm controle consciente de suas ações, durante sua permanência no estado de projeção onírica.

10. SONHOS DIRIGIDOS - Também chamados de "Visualização Criativa" são muito utilizados no processo terapêutico, já que os sonhos representam um riquíssimo material de autoconhecimento. Interpretações com base em simbolismos universais, embora tenham sido muito utilizadas no passado, com o decorrer do tempo mostraram-se ineficazes do ponto de vista pessoal, podendo levar a distorções de sentido. Solicitar à pessoa que, em estado de relaxamento, reviva as situações sonhadas, representando cada elemento ou símbolo do seu próprio sonho, é um método mais seguro de compreensão dos significados oníricos.
                        De posse dessas informações, cabe-nos, agora, concedermos mais atenção a essa função psíquica, quer no sentido de autoconhecimento, quer no sentido da possibilidade de ampliação de nossa consciência total. Anotar os sonhos e procurar compreendê-los como um simbolismo; uma linguagem metafórica do inconsciente, traz muitas informações sobre como está a dinâmica psíquica do sonhador, em relação à sua própria vida
Nossos sonhos contém preciosas informações sobre nós mesmos que, quando bem compreendidas, podem nos levar a percebermos que fazemos parte de uma totalidade bem maior na qual, muitas vezes, um sonho é apenas um aspecto diferente disso a que denominamos realidade... Você já pensou em trabalhar seus sonhos em acompanhamento psicológico?

Sueli Meirelles - Palestrante, Consultora, Professora, Pesquisadora e Especialista em Psicologia Clínica - CRP/05-11601.
Site: www.suelimeirelles.com
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quinta-feira, 6 de junho de 2013

O JARDINEIRO SOLITÁRIO - Conto



Era uma mansão em estilo neoclássico, com suas belas colunas frontais emoldurando a ampla escada, que conduzia à varanda e à porta que dava acesso ao rol de entrada.
À sua volta, árvores seculares proviam a sombra das alamedas circundantes, em meio aos jardins bem cuidados. O Jardineiro era "Seu Thimóteo. Figura miúda, frágil e antiga personagem daquele lugar. Seu pai havia sido cocheiro da ilustre família, nos velhos tempos das tílburis. Nascera e fora criado nas dependências de serviço daquele casarão. Desde cedo "menino de recados", começou, nas horas vagas, a familiarizar-se com o velho Antero, o jardineiro de então. Com o falecimento deste, o jovem Thimóteo assumiu o seu lugar, pois já havia muito tempo, ajudava-o nos cuidados daquele jardim.
Setenta anos se haviam passado. Milhares de flores haviam nascido e morrido, em suas efêmeras vidas, assistidas por Thimóteo. Milhares de vezes, ele repetira as mesmas tarefas, no seu dia-a-dia. Um capim aqui, uma broca acolá, uma lagarta teimosa e faminta ameaçando as folhas... Quanto trabalho suas mãos calejadas haviam realizado. Centenas de vezes espetara os dedos nos traiçoeiros espinhos, escondidos por detrás das folhas viçosas das lindas roseiras. Ingratas! Era assim que lhe retribuíam os incessantes cuidados!?, lamentou-se ele. E agora, então. O casarão estava fechado, aguardando o inventário e a partilha de bens entre os herdeiros. Apenas uma vez no mês aparecia um dos donos, em rápidas visitas, para ver se estava tudo em ordem. Ao jardim, nenhum elogio. Apenas as costumeiras cobranças de tarefas. Ninguém para apreciar as flores, sentir a brisa refrescante, pisar na relva macia... ninguém para caminhar pelas alamedas bem cuidadas, sentar-se nos bancos à sombra das copas das árvores... apenas a solidão. A solidão que se iniciara no casarão e que, passo-a-passo, ano-a-ano, fora-se expandindo até à sua casa, lá atrás, no quintal, espalhando-se por todo o jardim e entrando de vez no seu coração. Oh! Como doía fundo! E isso já fazia tanto tempo!... Como essa solidão pesava! Seus ombros eram testemunhas disso. Desanimado, "Seu"Thimóteo recostou-se na sombra de uma árvores, a mais frondosa, e pôs-se a olhar para o vasto jardim. Os olhos vagueando, cansados, por toda aquela beleza não usufruída, não compartilhada... Seus olhos foram ficando cada vez mais pequeninos e finalmente, o cansaço, aquele cansaço de setenta anos, selou os pequenos e límpidos olhos de "Seu Thimóteo", num sono profundo. Tão profundo, que ele mergulhou num sonho em que se via aprofundando-se mais ainda, dentro de si mesmo. Via-se minguando, diminuindo, ficando pequeno, muito pequeno, quase do tamanho de uma daquelas formigas predadoras que insistiam em atacar as "suas" plantas, as quais defendia com ardor. Tal pequenez pareceu libertá-lo daquele corpo cansado. Viu-se livre, mas, coisa esquisita, assim pequeno, parecia-lhe estar mergulhando numa outra dimensão, onde o jardim, agora um imenso universo, mostrava-se cheio de vida e atividade, como se, num passe de mágica, tivesse se tornado habitado por minúsculos e estranhos seres. Começou também a perceber sons. Estranhos sons. A voz de uma formiga! Seria isso possível? Formigas não falam! Isto certamente ele sabia. Era bem verdade que ele falava com as flores, enquanto cuidava delas. Mas ele era gente! Agora, formiga falando? Que estória era essa?...
Aos poucos, em meio ao turbilhão de pensamentos que lhe ia tomando a mente, começou a perceber que, na verdade, a formiga não parecia estar falando. Era como se a sua compreensão é que se tivesse modificado. Ele se tornara capaz de compreender "pensamentos de formiga". Ah! Devia mesmo estar caducando!... Mas caduquice ou não, sua curiosidade foi maior, levando-o a sair de onde estava e aproximar-se da humilde carregadeira. Percebeu uma luminosa trilha que lhe guiava os passinhos apressados. O cheiro da trilha era diferente ou alguma coisa parecia indicar o caminho certeiro à formiga trabalhadeira. Ele não compreendia muito bem. Percebia apenas que ela seguia o seu caminho, empenhada em realizar sua tarefa de vida, parecendo-lhe convicta de que era o seu dever. Pouco a pouco, começou a perceber toda a ordem estabelecida naquele universo reduzido, tão diferente do complicado mundo dos seres humanos.
Mais familiarizado com sua nova condição, Thimóteo decidiu ver de perto aquela roseira vermelha, sua preferida, pela qual muitas vezes espetara seus dedos já calejados. Ela estava carregada de novos botões e ele pensou que seria interessante vê-los de perto, agora. Qual não foi a surpresa quando, ao aproximar-se dela deparou com pequenos e estranhos seres que se ocupavam da modelagem das novas rosas, mostrando em suas mentes o modelo da rosa depois de pronta. Thimóteo ficou bastante confuso. Afinal, ele sempre cuidara do seu jardim sozinho. Nunca lhe ocorrera que, em seu trabalho, estivesse recebendo algum tipo de ajuda. Vencendo os seus receios, aproximou-se de um daqueles seres. Como em sua experiência anterior com a formiga, estabeleceu-se uma comunicação mental com a figurinha. A Criatura identificou-se como um ser elemental, um gnomo, um pequeno ser espiritual, construtor da forma, como ele lhe disse: _Deus tem modelos para tudo!, acrescentou o pequeno ser. Quando você planta, você faz a sua parte na Grande Obra. O que vocês humanos chamam de trabalho da natureza é a nossa parte da tarefa: Construir, dar forma e manter o modelo idealizado por Deus. Nada acontece por acaso. Aquilo que lhes parece obra do acaso é devido ao seu desconhecimento do que existe além desse mundo que vocês criaram, limitado à percepção dos olhos físicos. Para os olhos da mente, para a visão interior, a vida é muito mais complexa, bonita e organizada. Da mesma forma, temos companheiros que executam tarefas na água, no fogo e no ar. Somos os seres espirituais da natureza e trabalhamos a serviço de Deus. E sempre estivemos aqui, ajudando você no seu incessante trabalho de conservação deste lindo jardim. Você é extremamente importante e útil ao processo de criação. Todos nós juntos, elementais e humanos, mantemos essa parte da criação de Deus. Procure lembrar-se: Quantas vezes você pediu a Deus que chovesse, para aplacar a sede da terra e as ondinas, os elementais da água, entraram em ação, providenciando a chuva necessária para a umidificação da seiva, que aquecida pelos raios solares, fez brotar a vida e ajudou a desenvolver essas belas formas da natureza. A própria brisa, que muitas vezes refrescou o calor da sua pele curtida é providenciada pelos silfos e sílfides do ar, esses graciosos seres que delicadamente flutuam no éter, transportando partículas necessárias à vida e promovendo o movimento do ar, ora mais intenso na forma de vento; ora mais suave, como as brisas; ora violento como o vendaval, sempre refletindo aquilo que é produzido pela Grande Mente. Somos o espelho da mente universal e, portanto, da mente de vocês humanos, também. Quando todos os homens tiverem aprendido a respeitar e a viver em harmonia com a natureza, tratando-a com amor, esta lhe devolverá em dobro tudo aquilo de bom que deles tiver recebido. Na Grande Obra da Natureza, o homem não está só; nunca esteve e nunca estará. Apenas sua incompreensão, a sua limitada visão para as coisas verdadeiramente significativas da vida, a sua cegueira, o mantém isolado, solitário. Não porque realmente esteja só, mas porque assim se percebe, como aconteceu com você. Por isso foi necessário que você dormisse, abandonasse os limites do seu corpo físico, para que pudesse receber essa preciosa lição de vida. Ninguém está só em nenhum momento de sua existência. Apenas percebe-se só, sofrendo com a própria imagem mental que cria para si mesmo. Você criou uma imagem mental de solidão, fruto de sua limitada visão da vida. Sempre estivemos com você durante todos esses anos. Não importa que este jardim não tenha sido apreciado pelos humanos. Não é esse o objetivo de sua existência. A vida não gira em torno do homem. Isto é pura presunção, originada no orgulho e na vaidade humana. O homem deveria, acima de tudo, perceber-se como parte desse todo, como mais um obreiro da Seara Divina.
Neste jardim, muitos seres dos Reinos Elemental, Mineral e Animal cumpriram suas tarefas de aprendizagem, de evolução e especialização da vida. Aqui, nós, elementais, aprendemos a manter as formas idealizadas por Deus, concretizando-as; minerais se desenvolveram; formas vegetais foram mantidas como um treinamento para o sistema vegetativo mais complexo do Reino Humano. Entre todas as coisas existe uma ligação. A separatividade é uma percepção distorcida do homem, que se afastou de Deus...
Thimóteo estava boquiaberto, assim como seu corpo físico jazia boquiaberto, em sono profundo, sob a sombra da frondosa árvore. Nunca imaginara que o "seu" jardim fosse tão precioso. E, mais estranho ainda era receber estas informações daquela criaturinha que mais lhe parecia um pequeno inseto. Mas algo dentro dele lhe dizia que tudo aquilo era a mais pura verdade. Fazia sentido. Seu coração, pulsando firme e compassado foi tomado por uma imensa alegria, fazendo com que o seu corpo adormecido respirasse profundamente. Uma onde de orgulho preencheu o seu peito e, novamente para sua surpresa, tornou-se mais escuro. O pequeno gnomo esclareceu-lhe que não havia motivo para orgulho. Seria mais adequado perceber a perfeição da Obra Divina e sentir-se fazendo parte Dela. Realizando-a, não por si e para si, mas pelo Pai. Compreendendo a lição, a luz se fez na mente do jardineiro, tornando a sua energia novamente clara, como lhe era habitual. Thimóteo sentiu-se envergonhado e mudou novamente de cor. Percebeu que estava transparente. O que sentia mostrava-se na cor do corpo luminoso que apresentava agora. O gnomo lhe explicou que todos os seres, fora do corpo físico, ficavam assim, num corpo de luz ou de energia. Esta era mais uma informação nova para o velho jardineiro. Nunca é tarde para se aprender!, reconheceu ele, humildemente.
Continuando sua reflexão, Thimóteo lembrou-se de que, mesmo sendo um simples jardineiro diante dos senhores do casarão, imaginava que fosse mais importante do que os animais, os vegetais; mais importante do que as formiga, por exemplo. Mais importante do que aquele gnomo até então inexistente para ele e que agora lhe transmitia noções filosóficas do verdadeiro sentido da vida. Sempre acreditara que havia seres mais importantes do que outras. Crescera num mundo de senhores e servos e isto lhe parecia ser a ordem natural da vida. E agora aparecia-lhe aquela criaturinha mudando totalmente sua maneira de ver o mundo. Que coisa mais estranha! Como aquele "bichinho esquisito" podia saber tanta coisa? Indagou-se. E, mais estranho ainda, porque ele acreditava em tudo que ouvia?.. O "bichinho esquisito" explicou-lhe mais uma vez que o conhecimento não pertence a ninguém. Ele está aí. É o princípio inteligente, presente em toda a natureza, disponível para aqueles que se dispõem a entrar em contato com essa fonte inesgotável...
O jardineiro sentia-se cada vez mais maravilhado. Por sua vontade ficaria ali, indefinidamente, aprendendo mais e mais. Porém, como num sinal de alerta em sua mente consciente, sentiu que a sua hora de sono estava terminando e que precisava despertar. Além disso, se um dos patrões chegasse e o pegasse dormindo em hora de trabalho, seria despedido. Perguntou ao pequeno ser se poderia voltar outras vezes para aprender mais. O gnomo lhe disse que agora ele havia despertado para esta nova dimensão e aprendido "o caminho", o canal estava aberto para novas percepções e novas aprendizagens, até que ele não precisasse mais dormir para entrar em contato com aquele e com muitos outros universos. Mas isto levaria muitos anos ainda. Talvez em outro momento do tempo... em outra tarefa de vida...
Rapidamente, toda a cena foi se dissipando, à medida que Thimóteo despertava de seu profundo sono. Espreguiçou seu corpo velho e encarquilhado, curtido pelos longos anos de exposição ao sol. Ah! O Sol, aquele Ser que o ajudava diariamente a nutrir todas as plantas, agora se encaminhava para o horizonte onde, dentro de poucas horas, iria se esconder, prometendo, com certeza e responsabilidade, voltar no dia seguinte, ao longo dos meses, dos anos, dos séculos... infinitamente, fazendo a mesma coisa, em cumprimento da Lei Maior. Obrigado amigo Sol!, disse ele. Meu companheiro de tarefa!...
Que sonho estranho!, foi refletindo o jardineiro, enquanto se levantava do gramado. Sentia-se refeito, alegre alimentado. O sentimento de solidão havia desaparecido, substituído por uma paz interior que o mantinha em contato com a natureza ao seu redor. Agora sabia que fazia parte dela, e que, em suas tarefas diárias, recebia ajuda, da terra, da água, do sol e do ar. Não estava só. Ninguém está só, dissera o gnomo. Não existem jardineiros solitários!, repetiu para si mesmo. Esta certeza percorreu todo o seu corpo; cada célula compreendeu seu recado, registrando-lhe a informação, que se instalou certeira em seu coração.
Thimóteo recolheu as suas ferramentas de trabalho, voltando `a sua casa no fundo do quintal. Pelo caminho, foi pensando em quantos jardineiros existem no mundo, plantadores de plantas, de idéias... de sementes que irão crescer com a ajuda de todos... A grande equipe de Deus, cada um de nós, trabalhando na realização da Sua Perfeita obra...
Como o sol que já havia cumprido a sua tarefa diária, Thimóteo dormiu naquela noite, sereno e tranqüilo, com a certeza de que no dia seguinte teria uma gratificante e agora nova tarefa: CUIDAR DO JARDIM....

Em tempo: Nesta data 12/05/19, este Conto foi dedicado ao Sr. JOACYR CORREA Jardineiro e Funcionário da Prefetura Municipal de Nova Friburgo que, há 17 anos, com muito carinho e dedicação, cuida dos Jardins da PRAÇA MARCÍLIO DIAS, na Rotatória de entrada de Nova Friburgo, lindo cartão postal de nossa cidade.


Nota; Este conto é baseado no conhecimento da Teosofia, sobre o trabalho dos Seres Elementais, no Reinos da Natureza.

                                                                                            SUELI MEIRELLES 


(*) Especialista em Psicologia Clínica - CRP 05/11601. MBA em Gestão de Projetos ( UGF - 1986)(Abordagem Transdisciplinar) nas Áreas de Desenvolvimento Humano, saúde Integral, Ecologia Integral  e Educação para a Paz e Implementação de Projetos Sociais. UNIPA. Coordenadora de Organização do Pentagrama CIT – Colégio Internacional de Terapeutas, na Gestão 2016/17. Membro da ALUBRAT - Associação Luso Brasileira de Psicologia Transpessoal Fundadora e Coordenadora do Instituto Vir a Ser. Professora, Pesquisadora, Escritora e Palestrante.

Whatsapp: 55 22 999.57.166







sábado, 1 de junho de 2013

ATENDIMENTO DIGITAL - Qualidade de Serviços


            Naquela manhã de Domingo, ele acordou sentindo-se estranho, como se estivesse “fora de sintonia”. Durante o café, permaneceu calado, absorto em seus pensamentos. Havia dormido mal, preocupado com os angustiantes problemas da vida.
            Quando a esposa o chamou para a habitual ida ao supermercado, ele lhe disse que preferia permanecer em casa, lendo o jornal. Ela despediu-se com um beijo de companheira e saiu, algo preocupada, prometendo-lhe voltar a tempo de preparar o almoço. Ele pegou o jornal e sentou-se no sofá da sala. As manchetes exibiam as tragédias da vida cotidiana e ele sentiu um grande enjôo preencher-lhe o estômago. Procurou lembrar-se do que havia comido pela manhã e não identificou nenhum alimento que lhe pudesse ter feito mal, descartando a hipótese de uma indisposição alimentar. Não! Era enjôo da vida, mesmo! Tudo lhe parecia errado, naquela manhã. Sua vida e a vida daqueles que estavam nas manchetes. O mundo lhe parecia errado. O enjôo tornou-se mais forte. Sentiu frio e calor ao mesmo tempo. Uma imensa agonia tomou conta do seu corpo. Uma dor penetrante surgiu na “boca do estômago”, subindo depois em direção ao peito e ao ombro esquerdo. O mal-estar foi-se tornando insuportável, deixando-o assustado. O medo trouxe-lhe o desespero.  A dor mais intensa que veio a seguir disparou o alarme de perigo:
-Meus Deus! Preciso de ajuda!
 Tomado pelo medo, ele percebeu o telefone, na mesa lateral, junto com a agenda, ao alcance de sua mão. Sentindo-se atordoado pela dor que aumentava cada vez mais, a muito  custo  folheou a agenda, em busca do telefone do hospital e com dificuldade, conseguiu discar o número. Do outro lado da linha, uma voz impessoal, falou:
-         Você ligou para o Hospital de Pronto Atendimento. Disque 1 para o ramal que desejar, 2 para o menu de opções ou aguarde. Uma de nossas telefonistas o atenderá.
Imediatamente, ouviu a música típica de atendimentos eletrônicos. Ele sentiu-se irritado com aquela impessoalidade e uma dor lancinante atravessou-lhe o peito e a alma. A música foi ficando mais distante e um turbilhão de luzes explodiu em sua mente. No meio das luzes, abriu-se um longo caminho, igualmente luminoso. Por ele, surgiram dois padioleiros, impecavelmente vestidos de branco. Expressavam um sorriso sereno e amoroso e o atenderam com presteza. Percebeu-se sendo levado, como se flutuasse no ar.  Sequer precisava dizer o que sentia. Tudo lhe parecia etéreo e os acontecimentos se sucediam, como se manifestassem os seus pensamentos e necessidades. A dor havia passado e uma sensação de paz e conforto apossou-se dele. Sentiu-se atendido num hospital de primeiro mundo...de outro mundo...
                        Quando a esposa retornou do supermercado, chocou-se ao vê-lo caído no chão, diante do sofá da sala. Em sua mão direita, ainda segurava o telefone. Sentindo-se aturdida, automaticamente ela levou o fone ao ouvido. Do outro lado da linha, a gravação repetia a incessante música instrumental, cumprindo sua função de preencher o tempo de espera para o atendimento. Porém, não havia mais tempo para esperar. O tempo de espera havia terminado para ele...
                        Que possamos refletir até que ponto o progresso tecnológico, sem o progresso da consciência, realmente melhora a qualidade de vida do ser humano...

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          SUELI MEIRELLES - Especialista em Psicologia Clínica CRP/05/11601, Escritora e Palestrante, Consultora, Professora e Pesquisadora.  Membro do CIT/ALUBRAT/UNIPAZ/IONS.