"O 8 de março deve ser visto como momento
de mobilização para a conquista de direitos e para discutir as discriminações e
violências morais, físicas e sexuais ainda sofridas pelas mulheres, impedindo
que retrocessos ameacem o que já foi alcançado em diversos países" (Maria
Célia Orlato Selem, Mestre em Estudos Feministas pela Universidade de Brasília
e doutoranda em História Cultural pela Universidade de Campinas (Unicamp).
Fonte: https://novaescola.org.br )
Tendo como
marco um incêndio em uma fábrica têxtil de Nova York
em Março de 1911, quando cerca de 130 operárias morreram carbonizadas, o Dia
Internacional da Mulher simboliza as perenes reivindicações femininas por igualdade
de direitos, em relação aos homens. Mas, depois de mais de 3000 anos de
patriarcado, será que, realmente esses direitos foram alcançados ou ainda temos
resquícios de vantagens masculinas, nas relações familiares, profissionais e
sociais? Se aprofundarmos um pouco mais estas reflexões, fundamentando-as em 30
anos de prática em clínica psicológica, percebemos que, embora a nossa
sociedade tenha sofrido intensas transformações e atenuado muitas
desigualdades, também observamos que estas mesmas transformações deram origem a
novos desequilíbrios sociais que pesam para o lado feminino, independentemente
da classe sócio-econômica ou cultural à qual pertençam. Exemplo gritante é a
grande quantidade de mulheres que se tornaram provedoras do lar, em
relacionamentos em que o homem não exerce o seu antigo papel de provedor, nem
assume as funções de cuidador. Vantagem para quem?... Em decorrência dessas mudanças, nossa moderna sociedade vive
uma intensa crise de responsabilidade paterna, facilitada pelo fato de que o
filho gerado no encontro fortuito de fim de semana, irá se desenvolver no útero
materno, estreitando os vínculos materno-filiais, enquanto os vínculos de
paternidade, na maioria das vezes, irão se perder no pó da estrada, por onde o
pai anônimo segue em busca de novas aventuras sexuais e, muitas vezes, sequer
amorosas, apenas satisfazendo seus instintos de macho reprodutor.
No decorrer desta longa história, as conseqüências
da maternidade, muitas vezes precoce, corta sonhos adolescentes, possíveis
carreiras e melhorias profissionais que iriam decorrer do aprimoramento da
formação educacional da jovem mulher. Sob o peso do custo das fraldas, do
trabalho improvisado ou do subemprego, surpreendidas pela maternidade, carregam
seus filhos em duplas jornadas de trabalho, com o auxílio de parentes e
vizinhos que tentam suprir, por sentimento de obrigação ou solidariedade, a
falta de estrutura que seria proporcionada pelo inexistente planejamento
familiar. Na maioria das vezes, também em tempo precoce, serão avós e bisavós,
mantendo-se a triste tradição de uma vida de amarguras diárias, onde estas
heroínas, mulheres guerreiras e aguerridas, sofridas, teimosamente sustentam
filhas e netos, com suas magras pensões previdenciárias ameaçadas de falência.
Triste quadro descritivo da sociedade brasileira, onde o estado também não
oferece estruturas adequadas de creches para a mãe que trabalha.
E vamos nós, automaticamente, comemorar mais um Dia
Internacional da Mulher! Comemorar o que?... Será que realmente temos o que
comemorar?... Deixo aqui a indagação. Mas por isso mesmo, por todas as
dificuldades atravessadas, parabéns a essas mães falíveis e possíveis, que
fazem o impossível para levar adiante a criação de seus filhos e filhas, doando
de si mesmas, aquilo que muitas vezes nem receberam. A elas, lembro a fala do
Mestre Jesus, às mulheres do mercado ao redor do Templo Judaico: “Mulheres! Guardai vossos corpos!Não no sentido
da desnecessária repressão sexual, mas no sentido do cuidado, valorização e proteção de seus corpos e de
seus sentimentos, para que saiam da condição de objeto de desejo masculino,
estabelecendo limites necessários no mapa de aproximação. Criando critérios de
compromisso de parte a parte, para que seja restabelecido o meio termo entre o
prover e o cuidar; entre o papel masculino e o feminino.
Pierre Weil, em O Fim da Guerra das Sexos[1] propõe que a humanidade caminhe em direção ao ponto de equilíbrio entre estes dois extremos, dentro de cada ser humano, seja homem ou mulher. Isto possibilita a redução das diferenças culturais na criação de cada sexo, o que permite a aproximação da visão de mundo de ambos e facilita as relações. E, para finalizarmos este pequeno ensaio reflexivo, peço atenção às mães de futuros maridos: Somos nós que mantemos o machismo, quando educamos de forma permissiva,os nossos filhos. Vamos oferecer bons pais de família à sociedade do futuro? Feliz Dia Internacional da Mulher!!!
Pierre Weil, em O Fim da Guerra das Sexos[1] propõe que a humanidade caminhe em direção ao ponto de equilíbrio entre estes dois extremos, dentro de cada ser humano, seja homem ou mulher. Isto possibilita a redução das diferenças culturais na criação de cada sexo, o que permite a aproximação da visão de mundo de ambos e facilita as relações. E, para finalizarmos este pequeno ensaio reflexivo, peço atenção às mães de futuros maridos: Somos nós que mantemos o machismo, quando educamos de forma permissiva,os nossos filhos. Vamos oferecer bons pais de família à sociedade do futuro? Feliz Dia Internacional da Mulher!!!
Sueli Meirelles, em Nova
Friburgo, 08 de Março de 2017
Whatsapp: (22) 999.557.166
[1]
Estante Virtual: https://www.estantevirtual.com.br/b/pierre-weil/o-fim-da-guerra-dos-sexos/2112478651?qctc_solr=4&q=O%20Fim%20da%20Guerra%20dos%20Sexos%20Pierre%20Weil
Outros Artigos da autora, sobre o Tema:
Blog Sueli Meirelles:
Blog Carrossel de Luz: É Tempo de Feminino: http://carrosseldeluz.blogspot.com.br/2016/03/e-tempo-de-feminino.html