A memória
da humanidade se preserva, no decorrer dos tempos, através dos arquétipos ou
símbolos que, quando decifrados, nos permitem a compreensão dos sentidos mais
profundos da vida. Tanto na cultura egípcia, quanto na cultura grega, o mito da
esfinge está presente. Na mitologia grega, a esfinge propõe enigmas que devem
ser decifrados pelo ser humano, e quando este não o consegue, ela o devora.
Com cabeça de leão, asas de águia e
corpo de boi, a esfinge representa o próprio homem diante dos desafios da vida.
As asas de águia simbolizam o voo de seus ideais, a sua visão ampla, voltada para o futuro e para
as metas a serem alcançadas. Mas a mesma águia que voa está distante da terra,
onde o ser humano, como mamífero terrestre, está destinado à concretização.
Precisa ter os pés no chão, para que possa seguir o seu caminho existencial. O
leão representa o Ego, o orgulho, a vontade consciente, o amor pela tarefa
exigido para que a realização possa acontecer. O boi representa o instinto, o
desejo e a força da terra, sem o que, torna-se impossível concretizar alguma
coisa. As diferentes partes constituintes da esfinge, aparentemente sem nenhuma
relação entre si, representam as sub-personalidades humanas, o feixe de “eus”
que compõem o psiquismo. São partes psíquicas que muitas vezes se encontram em
conflito, impedindo a plena realização. Quando a águia predomina, o ser humano
perde o contato com a realidade. É capaz de produzir grandes idéias, sem jamais
chegar a concretizá-las. Quando predomina o leão, o orgulho excessivo pode
impedir que o indivíduo se adapte à realidade. Quando predomina o boi, os
instintos podem levar à perda do domínio sobre si mesmo e a entrega aos vícios
de toda espécie, que conduzem à degradação pessoal.
O enigma proposto pela esfinge
simboliza o autoconhecimento que o homem deverá alcançar, para que possa
entender o sentido de sua própria existência na terra. E o primeiro enigma
talvez seja a compreensão de como lidar com suas diferentes partes psíquicas,
como integrá-las a serviço da evolução, tirando de cada uma delas, seus
melhores potenciais.
No sentido positivo, a águia
representa a capacidade de transcendência do ser humano, seu contato com a
Fonte Superior, inspiradora do sentido de vida que, quando aliado aos
sentimentos positivos, à garra do leão, pode trazer a motivação necessária à
realização dos ideais. O boi oferece o apoio concreto do instinto primário, da
força de subsistência necessária ao caminhar. Ele é também o desejo voltado
para o atendimento das necessidades básicas de segurança, moradia, alimento e
prazer, que trazem satisfação à vida.
Quando qualquer uma dessas partes
psíquicas se encontra bloqueada ou em desarmonia com as outras, a energia gasta
internamente na repressão das emoções de medo, raiva, tristeza ou dor emocional
geradas, diminui a capacidade produtiva do indivíduo, conduzindo-o a estados de
angústia e depressão. Esta última surge como resultado do sentimento de
impotência diante da situação que se deseja modificar, e cuja solução não é
percebida. Neste sentido, a neurose (a distorção da percepção de realidade
causada pela confusão emocional) pode ser entendida como um processo de
estagnação da energia vital, pelo aprisionamento do indivíduo a um modo de ver
o mundo, a conceitos, preconceitos ou sentimentos que o impedem de atravessar
os problemas da vida diária, rumo a realização de si mesmo. Na maioria dos
casos, o que ocorre é que a solução para o problema vivido exige uma
transformação interior que a pessoa não está disposta a fazer, por medo,
orgulho, vaidade ou qualquer outro estado de Ego. Esta resistência à mudança é
justamente o fator que alimenta o conflito interno e aumenta a sensação de
sofrimento, expressa pelo coquetel de emoções que ficam aprisionadas no peito,
sentidas na forma de aperto ou angústia.
Quando
na situação terapêutica, estas partes psíquicas são identificadas,
compreendidas e atendidas em suas necessidades específicas, o estado de
equilíbrio emocional pode ser restabelecido e o organismo como um todo recupera
sua força de ação. A partir daí, torna-se mais fácil entender-se as motivações
inconscientes que regem as reações de cada ser humano diante da vida, e o
melhor caminho em direção às soluções que, seguramente, não podem ser
encontrados em nenhum outro lugar, senão dentro de cada um. Como disse o
filósofo grego Sócrates: “Conhece a ti mesmo, para conheceres o mundo”.
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Sueli Meirelles: Especialista em Psicologia Clínica Transpessoal e Terapeuta de Regressão. Autora do Método Meirelles de Reprogramação Mental.
Site: www.institutoviraser.com