No
Livro Tibetano dos Mortos (Bardo todol), texto da milenar sabedoria oriental, são
descritos seis Reinos ou Estados de Consciência, que mantêm os seres humanos
presos à roda das existências.
O
Sexto Reino, o mais inferior, é o Reino dos Infernos, onde o sentimento de
raiva por tudo o que não é compreendido, leva o indivíduo a querer as coisas do
seu próprio jeito, agindo sobre elas de maneira agressiva (raiva quente), ou
afastando-se, ignorando e desprezando o que não compreende (raiva fria). Este é
o campo da vingança ou da justiça pelas próprias mãos, ainda tão comum em
nossos dias. Neste nível, o ser humano vive o conflito entre a auto-proibição
de ter o que deseja, e o apego ao que tem.
O
Quinto Reino é o reino dos seres insaciáveis, voltados para o consumismo
compulsivo que os leva a desprezarem, depois de algum tempo, tudo o que
adquiriram, partindo em busca de novas aquisições, que por sua vez, também
serão deixadas para trás. É o estado de consciência que pode nos fazer
compreender porque alguns, embora já tenham o bastante para viverem
confortavelmente, ainda continuam desejando novos bens de consumo. Neste nível,
a vida é regida pelo princípio do prazer, gerando o conflito entre a
auto-proibição e o apego ao prazer.
O
Quarto Reino, o da estupidez, expressa a luta pela sobrevivência mais
primitiva, semelhante ao comportamento animal, onde os primeiros ou os mais
fortes disputam o que desejam, com os retardatários ou mais fracos. É a disputa
pela comida nas regiões onde há fome; é a disputa pelo táxi, num dia de chuva;
é o assalto; é o roubo. É a disputa entre aqueles que só podem mandar e aqueles
que só se permitem obedecer. É a disputa pelo poder.
O
Terceiro Reino, o do Orgulho é o reino da fama, das aparências; é o estado de
consciência em que os seres humanos alimentam o seu ego com os elogios e o
reconhecimento da sociedade, mesmo que seja passageiro. É como se suas
existências dependessem disso; como se não percebessem qualquer qualidade dentro
de si. Não têm auto-estima, embora, aparentemente ajam com prepotência a
arrogância em relação aos seus semelhantes, colocando-se acima deles, pelo que
imaginam que têm de melhor.
O
Segundo Reino é o reino do Ciúme, onde os seres humanos permanecem aprisionados
pelos sentimentos de inveja em relação aos seus semelhantes, necessitando denegri-los
através de maledicências, tentando, com isso, diminuir os outros,
aproximando-os da condição em que, inconscientemente se encontram em sua
baixa-estima. Neste nível, está o eterno conflito entre o certo e o errado,
fruto do julgamento dos outros, segundo uma verdade que é sempre pessoal e
relativa aos conceitos do julgador.
O
Primeiro Reino, o do Egoísmo, é aquele em que as pessoas vivem para curtir a
vida, tendo à sua volta, tudo aquilo que lhes dá satisfação e alegria, sem se
importarem com o que ocorre no mundo. Curtem a vida, até que o medo de perderem
o que têem, os leve a desenvolverem uma síndrome de pânico, como num aviso
inconsciente, de que esta sociedade egoísta não pode ter vida longa. Até que
chega um momento em que a natureza nos mostra que fazemos parte dela, num
sistema ecológico e interdependente, onde tudo está ligado a tudo. Neste último
nível antes do despertar de uma nova consciência, os seres humanos vivenciam o
conflito originado na fantasia da separatividade, por não compreenderem que, em
outros níveis de consciência mais elevados, existe uma unidade que a tudo
permeia, e que se manifesta no mundo material, de múltiplas formas. Vivenciam o
conflito entre o material e o espiritual; entre a forma e a essência, até que
possam compreender que a parte se integra num todo espiritual, do qual cada Ser
é a própria representação no mundo material.
À
medida que a humanidade vai alcançando níveis mais elevados de consciência,
começa a despertar para a compreensão da essência, por trás das aparências,
libertando-se, gradualmente, destes estados de consciência inferiores, que
tanto sofrimento causam àqueles que os vivenciam. Este processo de libertação
interior beneficia não somente aos indivíduos que vivenciam o conflito, mas também
àqueles que com eles convivem, seja a família, a comunidade, um país ou mesmo
todo o planeta.
Na
realidade, todos os conflitos que vemos no mundo atual, somente poderão
terminar, quando estes conflitos, dentro de cada ser humano, tiverem sido
solucionados.
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Sueli Meirelles: Especialista em Psicologia Clínica,
Regressão de Memória, Hipnose Ericksoniana, Reprogramação Mental. Consultora em
Desenvolvimento Humano. Pesquisadora de fenômenos Psicoespirituais. Escritora e
Palestrante.
Site: www.suelimeirelles.com
Email: suelimeirelles@gmail.com
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