Minha
relação amorosa com os gatos data de muitos anos, desde que meus filhos, ainda
pequenos, pediram-me um bichinho de estimação. Primeiramente adotamos a Melody[1],
depois Pipo[2],
Tequinho[3]
, Cristal[4],
Meguy[5]...
E assim foi também com Nick.
Na manhã fria
de segunda feira, dia 14 de Novembro, embora fosse período de verão, ao acompanhar
um querido casal amigo, até o estacionamento, encontramos um gatinho de
agarrado à roda do carro deles, que certamente seria esmagado, caso não o tivéssemos visto a tempo. Sempre solícito, o zelador do nosso
condomínio veio nos ajudar, pegando o gatinho que, como eu havia feito a mais
de 30 anos com Pipo, acolhi junto ao meu peito, transmitindo-lhe afeto e
acolhimento. Seu olho esquerdo estava praticamente fechado por uma forte
infecção, motivo pelo qual agendamos uma consulta com a veterinária. Por
sugestão do filhinho de uma amiga, ele recebeu o nome de Nick. Na consulta,
ficamos sabendo que Nickinho estava desnutrido, desidratado, pesava apenas 250 gramas
e, além disso, estava com conjuntivite. Segundo ela, se não tivesse sido
acolhido, morreria em dois ou três dias. Segundo as orientações médicas,
iniciamos o seu tratamento por cerca de quarenta dias, com colírios, nutrientes
e um leite especial, já que ele praticamente não havia sido amamentado. Na
consulta da semana seguinte, ele já havia aumentado para cerca de 500 gramas e
depois, para 800. Crescia e engordava a olhos vistos. Rapidamente, aprendeu a
usar a caixa de areia, subir escadas, depois aprendeu a descer os degraus,
subir no sofá, na cama, para aninhar-se em nosso colo e coração. Nossa gata
Cristal, a princípio arredia com o bichano, foi-se afeiçoando a ele,
permitindo, inclusiva que ele a mordesse, com seus quatro dentes caninos afiados,
pois os outros ainda nem haviam nascido. Aliás, por essa carência de amamentação,
Nickinho mordia a todos nós, tendo que ser repreendido dezenas de vezes, por
seu comportamento inconveniente. Mas ele é um bom aluno na Escola da Vida:
Inteligente, ágil, forte e de temperamento dominador, rapidamente ocupou a
liderança do contexto, como se nós fizéssemos parte da sua ninhada. Nossa
Cristal, que não chegou a ter filhotes, pacientemente foi-se acostumando com
ele, chegando a compartilhar o sono, em aconchego mútuo, em algumas ocasiões.
Mas a verdade é que meu marido e eu não temos mais idade para adotar bichinhos
e, após a nossa partida, deixá-los entregues a própria sorte. Com esta
compreensão, durante cerca de quarenta
dias, dedicamo-nos à recuperação do seu olhinho esquerdo, pedindo a Deus que
ele voltasse a enxergar, normalmente e ficamos muito felizes com a sua plena
recuperação. Enquanto isso, nós entramos em contato com familiares e amigos
mais jovens, que pudessem adotá-lo com carinho, até que, realmente encontramos
a família ideal para o pequeno Nick.
Logo na
primeira semana de 2023, recebemos a notícia de que a nova família, Mãe e uma
filhinha de nove anos, estavam prontas para receber o gatinho. Como já havíamos
nos apegado a ele, o coração doeu ao anteciparmos a saudade, mas sabíamos que
seria melhor para ele. Mesmo assim chorei enquanto meu marido enaltecia suas peripécias
de macho ativo. Assim sendo, ao sairmos de casa para o almoço, aconcheguei
Nickinho ao meu peito, para não ter que me despedir dele, na hora da separação,
enquanto, mais uma vez, as lágrimas molhavam o meu rosto. Depois, coloquei-o dentro
da casinha de transporte para entregá-lo aos cuidados de uma jovem, simpática e
amorosa mãe, que nos agradeceu pelo presente recebido.
No dia
seguinte, ainda preocupada com sua adaptação à nova família, entrei em contato
com ela, para saber como ele havia passado a noite, sendo surpreendida pela a
boa notícia de que ele havia-se instalado entre as cobertas, como costumava
fazer em nossa casa, na companhia das bonecas da menina. Ficamos felizes por
ele! A passagem de Nick por nossa casa, no breve espaço de quase dois meses,
ensinou-nos a amar livremente, treinando o desapego e libertando-nos do
sentimento de posse que poderia aprisioná-lo a nós. Como podemos ver na foto
que recebemos da jovem mãe, Nick já ocupou o seu lugar de liderança, junto a
sua nova família, que cuida dele com todo carinho e desvelo. Gratidão a elas, por
este acolhimento tão amoroso, proporcinando-nos um final tão feliz à história de
Nick.
Sueli Meirelles, em Nova Friburgo, 14 de Janeiro de 2023.
Especialista em Psicologia Clínica Transpessoal e autora do
Método Meirelles de Reprogramação Mental. Escritora e Palestrante
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[1] https://sueli-meirelles.blogspot.com/search?q=tributo+a+gata+melody