Foi com tristeza e desalento que vi a polêmica em torno da homossexualidade voltar às redes sociais, embora considere uma excelente oportunidade de esclarecimento. Também me entristeceu a quantidade de sandices fantasiadas de pseudo-ciência, alimentadas pelos conceitos e preconceitos de parte a parte, que tanto prejudicam as crianças nascidas com tendências homossexuais, quanto as heterosexuais, que ficarão confusas com a distorcida possibilidade de "escolha". Como
Especialista em Psicologia Clínica, em exercício profissional há mais de três
décadas, vejo, subliminarmente, o objetivo político-ideológico de, mais uma
vez, exacerbar os ânimos do povo brasileiro e alimentar a fantasia da
separatividade que divide a nação, neste momento.
Também não por acaso, atualmente, os templos
de Tradições Religiosas de origem africana têm sido destruídos, em nome do
Divino. Tais comportamentos evidenciam o mergulho da nossa decadente sociedade,
em pântanos retrógrados de ignorância medieval.
Alienadas
em relação aos fundamentos históricos e aos profundos conhecimentos científicos
necessários para a compreensão dos fenômenos de expansão de consciência e para
a compreensão do significado inconsciente das tendências homo e hetero sexuais,
as pessoas se ofendem mutuamente, encerram amizades e dividem famílias, sem ao
menos buscarem embasamento para suas afirmações, na mesma web em que navegam nos
mares do desconhecimento. Agem pelo impulso e exacerbação emocional que sempre
caracterizaram as discussões em torno de ambos os temas: Sexualidade e Religião.
E quando estes dois temas se interligam, as polêmicas fervilham e extrapolam a
lógica conceitual dos necessários esclarecimentos científicos que hora se
iniciam.
Segundo
a Psicologia Transpessoal, Abordagem que acolhe o ser humano em sua totalidade
corpo-mente-espírito, com fundamentação teórica nos brilhantes textos de Carl
Gustav Jung, Pierre Weil, Jean-Yves Leloup, Stanley Kripnner, Stanislav Grof e tantos
outros pioneiros internacionais e brasileiros, tais como Júlio Peres, Vera Saldanha, Sérgio
Felipe de Oliveira, Roberto Crema, somos muito mais do que a simples
personalidade que se manifesta no mundo tridimensional.
Em
nossas pesquisas de fenômenos psicoespirituais, identificamos que todos nós
temos uma parte permanente (Individualidade) e uma parte perecível (Personalidade),
que existe entre nascimento e morte. Enquanto nossa Individualidade contém as
representações inconscientes do masculino (animus) e do feminino (anima),
nossas personalidades, através do nascimento, salvo os casos de trans-sexualidade,
primeiramente irão expressar uma polaridade fisiológica masculina ou feminina,
através dos caracteres sexuais externos. Com base em sua tendência inata, a
criança irá revelar seu sexo psicológico homo ou hétero sexual, até o terceiro
ano de vida, sem que isto possa ser revertido, através de intervenções
psicológicas. Quando sob o amplo enfoque da Psicologia Transpessoal,
identificamos que as pessoas que apresentam tendências homossexuais, podem estar em
transição entre muitas existências masculinas para uma existência feminina ou
vice-versa, como se estivessem desconfortáveis dentro da nova “vestimenta
física”. Uma outra possibilidade, é que tragam registradas em seus
inconscientes profundos, experiências traumáticas com o sexo oposto, geralmente
seguidas de morte violenta, o que as leva a comportamentos aversivos ou de
evitação, em sua maioria, em relação ao agressor masculino. Nestes casos, trabalhamos, através de técnicas de Regressão de
Memória, o esvaziamento do intenso sofrimento, muitas vezes causa de profundas
depressões.
Também
são comuns os casos de heterossexuais que sofreram abusos na infância e
desenvolveram dúvidas em relação à sua tendência sexual, o que
pode ser esclarecido através de técnicas de regressão à infância. Podemos ainda
citar os casos de bloqueios do desejo sexual por repressão ou, mais
modernamente, os casos de crianças com tendência heterossexual, que ficam
confusas diante da ideologia atual, que defende, sem fundamentos científicos, a
idéia de que é possível “escolher” a tendência sexual. Nossa proposta é no
sentido de que os psicólogos exerçam sua função primordial de “espelhos”, no
qual, com total acolhimento e compreensão, o cliente, agente da própria
história,irá sentir-se à vontade para compreender a
complexa dinâmica da sexualidade humana, alcançando a sua total integridade e
auto-estima, necessárias para ocupar o seu lugar, na sociedade em que vive.
Ainda
muito longe da possibilidade de esgotarmos tão complexo assunto, deixamos este
pequeno texto para reflexão dos leitores, com a expectativa de que ele possa
trazer o cuidado necessário para não cairmos no extremo das polarizações de
meras e insensatas opiniões pessoais.
Sueli Meirelles, Nova Friburgo,
21 de Setembro de 2017.
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Site: www.suelimeirelles.com