Tradução

sábado, 31 de março de 2018

PÁSCOA - Poema de Sueli Meirelles



Afinal, o que é a Páscoa?
Páscoa é Paixão,
E Gratidão,
É Ressurreição.
Na sexta-feira,
O enterro dos pecados teus,
Pelo desrespeito às Leis de Deus.
No Sábado,
O despertar da gratidão,
Por tudo que recebestes,
E nem sequer percebestes.
Aleluia, irmão!
No Domingo
A Ressurreição de Cristo em teu coração.
O renascimento para uma nova vida,
Em plena comunhão.
E assim acordado,
Poderás seguir a vida,
Antes tão sofrida, Com amor no coração.
Este foi o ensinamento
Que o Mestre te confiou.
Transforma-o em ofício,
Para que o seu sacrifício,
Não tenha sido em vão.

Sueli Meirelles, em Nova Friburgo, 02/04/15, às 03:00

terça-feira, 6 de março de 2018

O QUE A PSICOLOGIA NÃO É


            Regulamentada como profissão em 1964, a Psicologia ainda convive com as conseqüências decorrentes de ser uma profissão nova. Sua imagem varia do descrédito ao místico, poucas vezes sendo compreendida em sua dimensão técnico-científica.
            Procurar um Psicólogo, para muitas pessoas significa “não estar bom da cabeça”; procurar alguém para “conversar”; ter um “amigo pago”, disponível para ouvi-lo. Outros, não procuram um Psicólogo por acreditar que o profissional irá tentar “fazer a sua cabeça”, tentar convencê-lo de que está “errado” e “corrigi-lo” em suas “imperfeições”. Outros, ainda, projetam na figura do Psicólogo a expectativa de que ele vá fazer com que a criança ou adolescente por ele atendido, se submeta às expectativas das figuras de autoridade com quem convive, desconhecendo e desconsiderando a Sabedoria Maior que habita o interior de cada Ser Humano. O mesmo acontece com os maridos e com as esposas de clientes em terapia. É como se todos acreditassem que o mundo seria bem melhor se fosse do seu próprio jeito, e que o Psicólogo é o profissional qualificado para promover esta reforma interior, no outro.
            O que efetivamente poucas pessoas sabem, é que o Psicólogo não fará nada disso, pois a psicoterapia é um processo de auto-descobrimento, iniciado por alguém que está insatisfeito com o próprio modo de ser, com a própria vida, e tem a coragem de realizar este trabalho de Reprogramação Mental, orientado segundo seus próprios valores e objetivos de vida. Nesta viagem interior, o psicólogo irá atuar como um facilitador do autoconhecimento do cliente, algumas vezes funcionando como um espelho onde ele poderá se ver, sem censuras ou julgamentos desnecessários, justamente para que possa promover algum tipo de mudança interna. Como companheiro evolutivo, o Psicólogo é o ponto de apoio para o mergulho, descoberta, esvaziamento emocional e retorno das profundezas do inconsciente, possibilitando um novo modo de ser e de estar no mundo. Ao contrário do que muitos pensam o objetivo da psicoterapia não é corrigir o comportamento; ela objetiva identificar potenciais negativos, aceitá-los como sendo seus, dissolvê-los à luz de uma nova compreensão, liberando este potencial psíquico, antes negativo, para novas ações, mais positivas, no tempo presente. Significa também, muitas vezes, encontrar potenciais positivos, até então desconhecidos.
O cliente que procura a psicoterapia está aprisionado por suas próprias memórias, quer sejam conscientes ou inconscientes, a outros momentos do tempo existencial. Quando ele se prende ao passado, sofre com o fato de que o mundo não seja mais o mesmo do tempo de sua infância ou juventude, tornando-se depressivo e angustiado; quando ele se prende ao futuro, entra em estado de ansiedade, temendo que os seus desejos mais íntimos não se realizem. De uma ou de outra forma, ele deixa de viver o presente, dádiva evolutiva que a vida oferece ao Ser Humano, para o seu próprio aperfeiçoamento.
Nos pontos de bloqueio, provocados pelo medo que a mente consciente tem diante do desconhecido, o psicólogo pode utilizar técnicas específicas que facilitem a travessia do bloqueio, até o seu foco de conflito, para que ele seja esvaziado, e transformado em recursos psíquicos positivos, para o atual momento de vida.
            Partindo do princípio de que todo Ser Humano tem, dentro de si mesmo, uma Essência positiva, o Psicólogo tem a tarefa de ajudar o seu cliente a desvelar estes potenciais de auto-realização, que na maioria das vezes, estão soterrados por séculos ou milênios de condicionamentos culturais e educacionais, que sempre disseram que o indivíduo não é bom o bastante; que não nasceu para dar certo; que nasceu para sofrer; que não pode errar; que tem que ser castigado, e tantas outras crenças auto-limitantes, que impedem o desabrochar do próprio Ser.
            Hoje, decorridos cerca de cem anos da descoberta realizada por Sigmund Freud, o pai da Psicanálise, de que o Ser Humano possui um inconsciente (representado no cérebro pelo sistema nervoso autônomo) que influencia o comportamento, independente de sua vontade consciente, uma nova e importante descoberta ocorreu: Na década de 70, Bandler e Grinder, desenvolveram a Psiconeurolíngüistica, o conhecimento de como o inconsciente se comunica, através de uma linguagem simbólica – a metáfora. De posse deste fantástico instrumento de compreensão de como são registradas todas as experiências de vida, através de sons, imagens e sensações, tornou-se possível transformar os símbolos inconscientes negativos, em símbolos positivos, facilitando-se a libertação do cliente, em relação a padrões inconscientes auto-limitantes, que o impediam de realizar todo o seu potencial humano, sem que se interfira na escolha de seus valores e objetivos de vida .
            Estes novos recursos técnico-científicos oferecem ao Psicólogo, instrumentos efetivos de atuação terapêutica, para acompanhar a viagem interior do cliente, sem direcioná-lo segundo os critérios do profissional ou da sociedade, para que a verdadeira natureza daquele Ser Humano possa se expressar em sua totalidade. Dentro deste novo enquadre, o espaço terapêutico transforma-se num momento único de encontro, de interior para interior, despertando o cliente para o sentido essencial de sua vida.

Sueli Meirelles: Professora, Pesquisadora e Especialista em Psicologia Clínica.Escritora e Palestrante. Consultora em Desenvolvimento Humano. Site: www.suelimeirelles.com
Whatsapp: 55 (22) 999.557.166

segunda-feira, 5 de março de 2018

A ORIGEM DOS MEDOS INFANTÍS - Desenvolvimento Infantil


         Geralmente os adultos acreditam que as crianças não se lembram ou não entendem a maior parte das coisas que ocorrem ao seu redor. Isto os leva a dar pouca ou nenhuma importância às interpretações que as crianças possam dar aos acontecimentos.
                Trabalhando com regressão de memória, observamos justamente o contrário. Se é verdade que a memória consciente surge a partir do terceiro ano de vida, a memória inconsciente registra tudo o que ocorre desde a fase da concepção e muito além... Por esse motivo, muitos distúrbios de comportamento, depressões, medos, fobias e até mesmo síndromes de pânico podem ter origens na fase da primeira infância (de 0 a 7 anos), quando a estrutura de personalidade está sendo formada. Neste importante processo, a função do adulto seria atuar como um cicerone para o imigrante que chega ao planeta, com o objetivo de viver sua experiência de aperfeiçoamento. Como, em sua maioria, os adultos desconhecem esta função, agem sem nenhuma consciência das futuras conseqüências, geradas pela maneira como lidam com as crianças. Comumente observamos adultos incutindo todo tipo de medo às crianças, com o único intuito de conseguir-lhes a obediência. Orientar a criança com relação aos limites do que lhe é permitido ou não, explicando-lhes os motivos do impedimento, ajuda-a a desenvolver a capacidade avaliativa necessária para a construção de um código de comportamento, em termos de certo e errado. Dizer simplesmente para a criança: _”Não vá para a escada porque o bicho vai lhe pegar”, é uma proposição, no mínimo, desrespeitosa para com um ser humano em formação, pois a criança acredita fielmente em tudo o que os adultos lhes dizem. Além disso, perde-se a oportunidade de orientar a criança sobre os possíveis riscos ao brincar numa escada, o que seria útil que ela aprendesse. Nestas situações observamos ainda, que os adultos, muitas vezes, estão simplesmente reproduzindo comportamentos que foram utilizados com eles mesmos, na infância, num ciclo infindável de repetições inúteis e perniciosas, que se perdem na sucessão das gerações. Se quisermos eliminar esta triste fonte geradora de tantos conflitos psicológicos, faz-se urgente que se reavalie a função do adulto como educador e formador da personalidade de um novo ser humano. Se utilizarmos um critério de honestidade para com as crianças, orientando-as quanto aos riscos reais da vida e sobre a melhor maneira de enfrentá-los, estaremos desenvolvendo-lhes  a autonomia necessária para que se tornem adultos conscientes.
         Neste sentido, tudo aquilo que não seja verdadeiro ou que represente uma distorção da realidade deve ser evitado no relacionamento com as crianças: usar palavras com pronúncia errada (para depois ter o trabalho de corrigí-las) ou incutir na criança medo de escuro, temporal, ladrão, fantasmas, bichos “velhos que pegam” etc, numa idade em que a criança acredita em tudo que lhe é dito, pois ainda não tem uma capacidade avaliativa para compreender que adultos mentem, é fator gerador de neurose. Se realmente queremos uma sociedade melhor, precisamos começar pela reformulação da nossa maneira de lidar com aqueles que constituirão o mundo de amanhã; precisamos fazer uma séria reflexão sobre a visão de mundo que estamos transmitindo e, sobretudo, qual a utilidade dos comportamentos que temos com as crianças, pois a maioria dos medos infantis têm origem no comportamento aprendido com os adultos.

Sueli Meirelles: Professora, Pesquisadora e Especialista em Psicologia Clínica. Consultora em Desenvolvimento Humano, Saúde Integral, Ecologia Integral e Educação para a Paz. Escritora e Palestrante. Site: www.suelimeirelles.com. Whatsapp: 55 22 999.557.166