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segunda-feira, 1 de junho de 2015

EDUCAR PARA NÃO PRENDER - Reintegração Social


 Diante da explosão de violência que caracteriza este momento de transição civilizatória, vemos as autoridades na vã tentativa de combater a violência, fazendo com que se crie uma resistência, de acordo com a lei da natureza, segundo a qual “à toda ação corresponde uma reação igual e contrária”, ou seja a violência acaba gerando mais violência, num ciclo que se repete infinitamente, sem que as pessoas percebam porque não alcançam sucesso no seu empreendimento.    
 Para que se possa reverter este quadro, é preciso, primeiramente, que se compreenda a natureza humana, em sua essência.
A parte conhecida da mente é apenas a ponta de um “iceberg”, o consciente, que corresponde a 14% do potencial humano. Os 86% restantes integram o inconsciente, o qual representa um imenso potencial, uma força instintiva que pode ser utilizada de forma positiva ou negativa, dependendo da orientação que lhe tenha sido dada ou não, através do processo educacional. O inconsciente pode ser comparado a um terreno fértil, onde irá brotar toda e qualquer semente que nele seja plantada. Se a plantação for bem cuidada, o resultado será uma horta, um jardim, um pomar... Se o terreno ficar abandonado, surgirão ervas daninhas, evidenciando a falta de cultivo da terra.
Assim como o terreno abandonado, muitas crianças crescem à margem da sociedade, sem que os mínimos direitos que lhes são atribuídos pelo Estatuto da Infância e da Adolescência, sejam reconhecidos e atendidos. Feridas pelo descaso dos adultos que deveriam apoiar e orientar o desenvolvimento dos potenciais que elas trazem para a vida, essas crianças tornam-se como o terreno baldio, onde as ervas daninhas do ódio, do ressentimento, da tristeza, do medo e da desinformação crescem desordenadamente.
Em suas histórias de vida, os pais que as colocaram no mundo, na maioria das vezes, são os primeiros a descarregar sobre elas seus problemas emocionais, geralmente herdados das gerações que lhes antecederam. Se os pais não as assumem, quando elas buscam a rua como saída para o sofrimento, encontram um sofrimento ainda maior, tornando-se objeto de sevícias e maus tratos de toda espécie. As mídias e jogos eletrônicos, que invadiram todos os lares, bombardeiam suas mentes com cenas diárias de sexo e violência, sem que lhes seja dada a orientação necessária para o desenvolvimento da capacidade avaliativa e crítica, que caracteriza o indivíduo adulto, no pleno exercício de sua cidadania. Diante desse quadro de atrocidades educacionais, cabe questionarmos até que ponto esses menores são perniciosos à sociedade, ou até que ponto esta mesma sociedade foi perniciosa a eles, quando ainda seriam capazes de desenvolverem um critério de valores. Que valores morais são hoje, passados pela geração adulta às crianças e aos jovens, em todos os níveis de poder, quer seja no seio da família, na comunidade ou nos escalões governamentais do nosso país? Como esperar que esses menores respeitem a lei se a lei que eles conhecem é a “Lei de Pixote”, a lei do mais forte? Como esperar que eles respeitem a autoridade daqueles que primeiramente os desrespeitaram como seres humanos? Como esperar que eles confiem em autoridades que usam de seus cargos para os desvios da corrupção, tantas vezes lesando, com uma simples assinatura, o direito de cidadania de centenas ou milhares dessas crianças, sem que sejam punidos? Quais os programas sociais que efetivamente são desenvolvidos para a reintegração de menores infratores à sociedade? Será a prisão apenas um meio de afastarmos suas presenças feias e incomodativas, dos nossos olhos acostumados à beleza e ao conforto das classes sociais mais abastadas? Ou será que tentamos afastá-los porque, diante deles, entramos numa crise de consciência e vergonha pelos resultados educacionais que conseguimos alcançar, nos últimos vinte anos?...

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Sueli Meirelles: Professora, Pesquisadora e Especialista em Psicologia Clínica Transpessoal há 38 anos.
Whatdsapp: 55 22 99955-7166
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