Com
sua genialidade Sigmund Freud descobriu que possuímos um inconsciente, com três
instâncias psíquicas: Id, Ego e Superego. Eric Berne, criador da Análise
Transacional, popularizou estas instâncias, traduzindo-as pelos termos Pai,
Adulto e Criança. Modernamente, a ATH – Abordagem Transdisciplinar Holística,
considera quatro importantes partes psíquicas: O Pai Internalizado, constituído
pelo conjunto de valores e regras adquiridos através do convívio com as figuras
de autoridade (pais, familiares mais velhos professores, sacerdotes...); o
adulto, a parte psíquica que avalia, pondera e decide; a parte adolescente, que
questiona as regras das gerações anteriores e amplia fronteiras; a criança, que
corresponde à parte emocional e pode ser livre (o que raramente acontece) ou
adaptada pela obediência ou oposição, como forma de reagir às proibições do
contexto familiar e social.
Em
condições ideais, todos nós passamos por estas fases: De zero a sete anos
forma-se a personalidade; dos sete aos quatorze, observamos as coerências e
incoerências dos comportamentos dos adultos; dos quatorze aos vinte e um,
questionamos este modelos, com o objetivo de construirmos um novo mapa de
mundo, condizente com os valores da nossa própria geração; dos vinte e um aos
vinte e oito anos, sedimentamos nossa visão de realidade, sobre a qual nossas
partes psíquicas irão fundamentar suas respostas, como ações conjuntas e
integradas, para que possamos fazer nossas melhores escolhas e alcançarmos
nossas metas de realização. Mas nem sempre isto acontece!... Quando nossas
condições de desenvolvimento não seguem os padrões ideais acima descritos,
cargas emocionais ficam retidas em fases anteriores do desenvolvimento
psicossocial, trazendo para a vida adulta, padrões de comportamentos infantis
de birra e voluntariedade, ou padrões adolescentes de oposição, mesmo quando a
parte adulta avaliativa poderia compor e expressar decisões mais sábias e
ponderadas. E aí começam as “Coisas de Menino”, que assim denominamos, porque a
sociedade ainda machista facilita mais a livre expressão desses padrões nos
homens, do que nas mulheres, ainda mais sujeitas a repressão e censura social.
Então, vejamos!
As
seqüelas da infância mal resolvida conduzem muitos homens às chamadas
dependências orais: Alcoolismo, tabagismo, drogas e irresponsabilidade, com
sérios prejuízos para a função paterna, trazendo terríveis sofrimentos para a
companheira e os filhos, que irão guardar tristes lembranças de possíveis
brigas e espancamentos.
As
seqüelas da adolescência mal resolvida traduzem-se em baixa tolerância à
frustração, conduzindo aos comportamentos inconseqüentes, conflitos sociais,
infidelidade, dificuldades de manter relacionamentos e empregos estáveis.
Muitas vezes aparecem associados aos aspectos infantis, tornando os
relacionamentos inviáveis. Numa sociedade em que os filhos, cada vez mais, precisam
de lei, limites e apoio para suas ações no mundo externo, esses são os pais que
apenas geram filhos e seguem caminho, deixando de cumprir este importante papel
familiar.
Quando
essas personalidades mal resolvidas alcançam posições de poder social e
político, representam uma grave ameaça ao convívio pacífico entre os povos,
como podemos observar no momento, nas relações internacionais. Se observarmos a
configuração labial dos líderes em conflito de poder, segundo a Bioenergética
desenvolvida por Alexander Lowen, perceberemos indícios de oralidade insatisfeita,
cuja tendência é a manutenção do padrão de atendimento de todas as vontades da infância.
Tais pessoas mostram-se auto-referentes, egoístas e voluntariosas, como se a
vida fosse um jogo virtual, em que os bilhões de seres humanos, cuja
subsistência depende de suas decisões econômicas, políticas e sociais,
representassem apenas os números do placar da disputa inconseqüente e imatura,
que coloca em risco a paz mundial.
Seja
na dimensão dos relacionamentos familiares, sociais ou planetários, as “Coisas
de Menino” sobrepõem-se à personalidade adulta(?), como pedidos de socorro,
para a elaboração dos conflitos mal resolvidos de infância, geradores de
polarizações e picuinhas sem fim. Fantasias de separatividade, entre os
extremos, onde o discurso básico é: O meu é o melhor e o outro é o culpado de
todos os erros! Com base nessas informações, faça uma reflexão e avalie: Apesar
da sua idade atual, você ainda faz “Coisas de Menino”?
Sueli Meirelles, em Nova
Friburgo, 18/02/18
Especialista em Psicologia Clínica. Consultora em Desenvolvimento Humano, Saúde Integral, Ecologia Integral e Educação para a Paz. Escritora e Palestrante.
Especialista em Psicologia Clínica. Consultora em Desenvolvimento Humano, Saúde Integral, Ecologia Integral e Educação para a Paz. Escritora e Palestrante.
Site: www.institutoviraser.com
Whtasapp (22) 99955-7166
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