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segunda-feira, 22 de julho de 2024

MUDANÇA DE PARADIGMA E PESQUISA DA CONSCIÊNCIA - Questionamentos


    Como pesquisadora graduada pela Universidade Gama Filho, há 38 anos realizo estudos independentes pelo Instituto Vir a Ser, sobre fenômenos de ampliação de consciência, com o objetivo de integrar Psicologia e Espiritualidade na prática clínica, com fundamentação na proposta de Pierre Weil, Doutor em Psicologia pela Universidade de Paris e introdutor da Psicologia Transpessoal no Brasil. Suas pesquisas datam de 1975 e, mais do que nunca, podem ser consideradas pioneiras, despertando o interesse das Universidades, em tempos atuais.

    Os casos clínicos transpessoais catalogados no Instituto, estão publicados no Blog do Carrossel de Luz e alguns já foram apresentados em Congressos promovidos por Universidades brasileiras e de Portugal. Tal desafio conduziu-me a algumas reflexões sobre os critérios científicos que estabelecem as normas e  controle de variáveis das pesquisas na área de Psicologia e, mais especificamente na área de Psicologia Transpessoal, abordagem que se propõe a pesquisar os fenômenos de expansão da consciência humana. Assim sendo, convido os colegas pesquisadores, interessados neste tema, a refletirem comigo sobre cada um desses critérios. Vejamos: 

    É científico aquilo que pode ser percebido através dos cinco sentidos (nosso griffo) ou da ampliação destes, através de aparelhos de micro ou macrovisão.”

    Até recentemente consideradas órgãos vestigiais, as glândulas Hipófise e  Pineal, merecem um aprofundamento de nossos estudos. Aproximadamente do tamanho de um grão de ervilha, a glândula Hipófise, considerada uma glândula mestra, recebe do hipotálamo (centro das emoções no cérebro), as cargas emocionais convertidas em comandos bioquímicos e os distribui para as outras glândulas. Mas segundo os estudos de Sérgio Felipe de Oliveira, Médico e Neurocientista e Pesquisador, cabe à glândula Pineal, no topo do sistema glandular (Chacra Coronário), a função de transcendência e conexão, através do Eu Superior, com as Consciências Espirituais mais elevadas.

    Diante desses fenômenos, em obediência ao antigo paradigma, o cientista deve colocar-se numa condição neutra para a observação dos fenômenos, o que é questionado por Japiassú, Nilton (1975): A priori, para o âmbito deste trabalho, a expressão "mito da neutralidade científica" diz respeito à noção dominante de que a ciência deve ser neutra (ou pura) e de que cabe ao cientista assumir uma postura nula diante dos seus pré-conceitos e condicionamentos históricos, para fins de alcançar o mais amplo conhecimento.

     Ainda sobre a neutralidade do observador, Pierre Weil resumiu, num enunciado da moderna psicologia transpessoal, a seguinte fórmula:

     VR = f (EC), significando que a Vivência da Realidade (VR) é função (f) do Estado de Consciência (EC) no qual a pessoa se encontra no momento da observação.”

    Vamos então questionar: Em que estado de consciência está o pesquisador? Será ele capaz de perceber fenômenos além de seu estado de consciência habitual?

    Outro conceito que vale questionar:

    “É científico o experimento que pode ser reaplicado nas mesmas condições, obtendo-se os mesmos resultados”

    Será este critério válido para experimentos realizados com seres humanos, quando hoje sabemos do potencial de plasticidade neuronal, que pode ser definida com uma mudança adaptativa na estrutura e nas funções do sistema nervoso, que ocorre em qualquer estágio da ontogenia, como função de interações com o ambiente interno ou externo? (Phelps, 1990). 

    O Experimento da Dupla Fenda, por sua vez, sugere que:

 “Partículas subatômicas exigem comportamentos tanto de onda quanto de partícula, dependendo do contexto experimental. Esse comportamento dual é uma característica essencial do mundo quântico.”

    Por estes aspectos, questionamos como realizar uma pesquisa científica, utilizando, por exemplo, os rigorosos critérios da análise sistemática com o objetivo de acompanhar os fenômenos de expansão de consciência, sem que possamos controlar as variáveis intervenientes que estarão atuando sobre o contexto da pesquisa? Como desconsiderar o estado de consciência em que o pesquisador se encontra, no momento em que realiza uma pesquisa? Como reaplicar um experimento e obter os mesmos resultados se o sujeito do experimento irá realizar suas adaptações neuronais para uma nova postura diante de uma situação? Aliás, isto é o que verificamos ao reaplicarmos as técnicas de Reprogramação Mental, num mesmo paciente, constatando significativas mudanças de atitude diante das mesmas situações, a partir da primeira aplicação. Como poderemos objetivar a subjetividade do psiquismo humano, para que nossas pesquisas possam atender a estes critérios? Ou teremos, primeiramente, que promover a necessária mudança paradigmática, construindo um novo modelo científico, mais compatível com as novas funções psíquicas de seres humanos despertos para novos níveis de realidade? Deixo aqui, aos colegas pesquisadores, estas indagações para as quais ainda não temos um consenso científico...

                        Sueli Meirelles, em Nova Friburgo, 22 de Julho de 2024