Tradução

domingo, 2 de fevereiro de 2014

PAIS DEGRADADO



            Como de costume, sempre que escrevo sobre um tema, procuro, primeiramente, o seu significado lingüístico. Compreender o sentido profundo de cada termo, abre-nos as portas da percepção para muitos significados ocultos ou esquecidos, com o empobrecimento cultural do nosso país. Ao pesquisar o verbo degradar, encontrei: “1. Privar de graus, dignidades ou encargos. 2. Aviltar. Degradação: 1. Destituição ignominiosa dum grau, qualidade etc. (dicionário Aurélio, pág. 153). Para Ignomínia, encontrei: “”Grande desonra; infâmia” (Dicionário Aurélio, pág. 273).          
            O primeiro verbo encontrado – privar - nos traz a primeira questão: Como nossa população é privada de tudo! Da segurança, da saúde e da educação tão alardeadas nos períodos eleitorais. Privada também da possibilidade de subir em graus: graus de escolaridade, de qualidade de vida. Tornamo-nos uma população sempre empurrada, degraus abaixo, pela exorbitância dos juros que enriquecem as financeiras transnacionais, que se somam aos bilhões desviados pela corrupção, tomando o rumo de terras estrangeiras. Privada das dignidades e do respeito que lhe seriam devidos por nossos governantes, para que tivesse auto-estima. Privada de poder orgulhar-se de ser brasileira, quando o país estoura nas manchetes internacionais, reforçando a imagem de povo primitivo e violento, difundida nos países de primeiro mundo. Vítima de grande desonra e profundamente ferida pela infâmia daqueles que se vendem, chafurdando-se na contagiosa lama da corrupção. Ignominiosamente destituída de sua qualidade de vida, a população brasileira permanece na alienante apatia cidadã, daqueles que estão cada vez mais distante das oportunidades que uma estrutura sócio-econômica voltada para o bem comum, lhe poderia oferecer.
            Como de costume, também gosto de recorrer à pesquisa histórica, porque somos, por tudo o que foi anteriormente referido, uma população de pouca escolaridade e curta memória.
Quando pensamos no nosso imenso Brasil, o que nos vem à mente é a sua riqueza natural (tanto em beleza como em recursos), que faz com que este país tenha o potencial de um paraíso, onde uma população saudável e alegre poderia conviver pacificamente.
            Como disse Pero Vaz de Caminha, em carta a El Rei, D. Manuel: “Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou ferro; nem lha vimos. Contudo a terra em si é de muito bons ares frescos e temperados como os de Entre-Douro-e-Minho, porque neste tempo d'agora assim os achávamos como os de lá. Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo (...)!” (site: www.cce.ufsc.br).
            Como bem sabemos, havia, e ainda há metais e pedras preciosas, que desde as primeiras expedições “exploradoras”, tomaram o caminho da Europa, abrindo um canal de esvaziamento de nossas riquezas, que ainda hoje enchem os cofres dos paraísos fiscais.
            Como tão bem reconheceu Caminha, “a terra em si é de muito bons ares, embora também sofra degradação, pela ganância daqueles que não respeitam nossas reservas ambientais. As águas são muitas; infinitas, disse ele. Até quando? Indagamos, nós: Se o mundo todo está com os olhos voltados para este recurso cada vez mais escasso?  Em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo (...)”

            O que impede que nós, brasileiros queiramos aproveitar e, verdadeiramente amar esta terra abençoada que provocou tantos elogios há mais de quinhentos anos atrás?...

                                                SUELI MEIRELLES   Site: www.suelimeirelles.com


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2 comentários:

  1. "Libertas Quae sera tamem" é o grito aprendido na minha vida escolar nas Minas Gerais à mais de 50 anos atrás... Precisamos reviver Tiradentes?

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  2. O brasileiro esqueceu a própria história...

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