Regulamentada como profissão em 1964, a psicologia, com raízes na
medicina e na filosofia, cresceu sem uma identidade própria e, hoje, é uma
jovem profissão ainda relativamente desconhecida do público, o que gera
distorções e incompreensões sobre seus conceitos fundamentais.
No dia a dia das conversas, é comum
ouvirmos as pessoas usarem frases, como: “Eu usei a minha psicologia” (como
sinônimo de bom senso); “Vou levar o meu filho para conversar com você”( com
base na idéia de que o psicoterapeuta conversa, aconselha e “faz a cabeça”,
direcionando o cliente). “Depois que surgiu o medo de traumatizar, as crianças
podem fazer tudo o que querem”( traduzindo uma idéia de permissividade que está
longe de ser psicologia). Esta associação da psicologia com a permissividade
tem origem no fato de que as primeiras teorias psicológicas, surgidas no início
deste século, reagiam a uma sociedade altamente repressiva, que privilegiava o
desenvolvimento intelectual, em detrimento do que hoje chamamos de inteligência
emocional, contribuindo para o desenvolvimento de estruturas de personalidade
neuróticas e desequilibradas. Outra distorção bastante comum ocorre quando o
cliente indaga sobre características de personalidade do terapeuta, como se
este representasse um exemplo a ser seguido, ao invés de compreender a
psicologia como um procedimento técnico que visa resgatar potenciais internos
do indivíduo, recolocando-o em movimento diante da vida. Algumas pessoas ainda
dizem:_ “Eu não acredito em psicologia”, como se esta ciência dependesse de
algum tipo de crença. Mesmo por parte de profissionais de outras áreas, a psicologia
ainda é desconhecida em sua especificidade, exigindo que os psicólogos ajam
como pioneiros, a todo momento retificando conceitos e esclarecendo a sua
função de profissionais de saúde mental e agentes de transformações sociais.
Além do trabalho clínico, em consultório particular, que hoje dispõe de
recursos técnicos objetivos e eficazes diante de muitos dos problemas que
atingem à sociedade, o psicólogo tem importantes funções nos vários segmentos
da vida humana, quer seja na escola, na empresa, na área jurídica, hospitalar e
onde quer que haja convívio humano capaz de gerar conflitos.
Ainda há muito que se informar sobre
a função do psicólogo dentro da sociedade, porém o mais importante é que, de
imediato, se estabeleça a diferença entre psicologismo, (as distorções
decorrentes da falta de informação sobre o assunto) e a psicologia como um conjunto de
recursos técnicos e científicos sobre o comportamento humano; um recurso que
pode contribuir grandemente, através de um trabalho preventivo (além da atuação
curativa), para a compreensão do ser humano na sua complexidade e inteireza e
para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa e humana. Acima de tudo, que
se questione a psicologia, sim. Que os profissionais da área estejam
disponíveis e acessíveis à comunidade, sempre no sentido do esclarecer e
contribuir, com a sua participação ativa, para a construção de um mundo melhor.
Sueli Meirelles - Especialista em Psicologia Clínica Transpessoal CRP 04/11601
Whatsapp: 55 22 99955-7166
Email: suelimeirelles@gmail.com
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