Atualmente, a
violência explode em todo mundo... Na bomba caseira, no homem-bomba, na bomba
atômica... Explode também nas guerras urbanas, não menores do que as guerras
militares. Explode até mesmo na natureza, na forma de furações e enchentes, que
parecem, a todo custo, estarem tentando varrer, da superfície da terra, a
maldade humana. Por que tudo isto? Indagam todos, atônitos. De onde vem tanta
violência? O que a desencadeia? O que fazer para contê-la?
Aqueles
que têm um pouco mais de idade, ainda trazem na memória, a lembrança de dias
mais tranqüilos, quando se podia dormir com as janelas abertas; deixar o carro
na calçada, à noite; confiar nas pessoas e aceitar ajuda solidária, até mesmo
de estranhos. Para onde foi a confiabilidade humana? Como resgatá-la nos dias
de hoje?
Para
Josef Murphy, um dos mais antigos autores a abordarem as questões da
consciência humana: “Aquilo que ocupa a nossa mente, se manifesta em nossas
vidas”. Partindo desse princípio, podemos perceber que, durante os últimos
vinte anos, nossas mentes foram bombardeadas pelas imagens de violência dos
chamados “Filmes de Ação”, astuto substitutivo mercadológico para “Filmes de
Violência”. Neles, as mega-explosões estão sempre associadas à idéia de
absoluto controle das emoções (nervos de aço), como se esta fosse uma
característica essencial a ser desenvolvida pelos “corajosos” brigões.
Se
antes os Filmes de Guerra passavam a falsa ilusão de heroísmo, até que “O
Resgate do Soldado Rayan” nos mostrasse os horrores e a inutilidade da guerra
fratricida, os filmes de ação expandiram a imagem da violência, como uma
espécie de jogo de banalização da morte. Segundo as estatísticas, até os dez
anos de idade, uma criança assiste a 14.000 assassinatos na TV. Como,
geralmente, assistir TV, na falta de algo melhor, é a principal atividade dos
desocupados, os filmes funcionam como um treinamento virtual para as futuras
ações.
Atualmente,
tem aumentado, significativamente, os episódios de violência nas escolas
americanas, numa clara e evidente demonstração de que a violência virtual está,
cada vez mais, ocupando lugar na vida real.
Cabe
aos pais, numa reação pacífica a tanta sandice, exercer o seu direito de
controle e de orientação das atividades de lazer dos filhos (principalmente das
crianças e pré-adolescentes) que, pela própria idade, são mais influenciáveis
pelas informações que vêm do mundo externo. Mesmo diante de um filme horrível,
cabe lugar para a avaliação crítica de que uma vida normal não pode ser daquele
modo; de que uma pessoa saudável não volta de uma guerra, sem que sua
sensibilidade tenha sido afetada por todo o horror vivenciado; que, na verdade,
ninguém quer ir para a guerra; que, muitas vezes, os soldados “suportam” a experiência,
dopados pelas drogas a que têm acesso legal.
Esta avaliação crítica
da atual cultura de violência permite que os mais jovens façam uma reflexão
sobre as reais conseqüências dos comportamentos violentos, tanto para aqueles
que sofrem as ações, como para aqueles que as praticam. Como, principalmente os
pré-adolescentes são mais influenciáveis pelas opiniões dos grupos de colegas,
abrirmos espaço para esta discussão, pode ser um bom caminho para que os jovens
repensem as conseqüências das ações impulsivas, que muitas vezes, num breve
momento, podem mudar os rumos de toda a vida.
Outro
recurso para lidar com este problema é a utilização de DVDs, previamente
selecionados, cujo conteúdo traga uma mensagem positiva de resgate dos valores
essenciais da humanidade, e da sensibilidade necessária para que as crianças e
os jovens desenvolvam uma personalidade equilibrada e construtiva. É
importante, também, que eles percebam que a agressividade, quando polarizada
para as ações positivas, transforma-se em “garra” e força de vontade, para
ultrapassarem os obstáculos, impulsionando-os em direção aos seus objetivos e
metas de vida.
O
“bom combate” é a transformação interior dos impulsos negativos em potenciais
positivos, que expressem toda a capacidade que cada um traz dentro de si.
Afinal, todo conflito; toda guerra está presente, primeiramente, dentro do ser
humano que a desencadeia...
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