Sobre o Monte Sagrado, as colunas brancas do templo destacavam-se contra o azul do céu. Em frente ao prédio, uma escadaria recortava a colina, até alcançar o vale. Este se estendia até o mar intensamente verde , que cercava todo o arquipélago.
O povo das ilhas! Assim eram conhecidos os Atlantes. Homens e mulheres altos e fortes, de pele avermelhada e postura altiva e orgulhosa. Viviam em pequenas casas brancas distribuídas pelas encostas, por onde as ruas desciam em direção ao grande prédio central, em que se realizavam as pesquisas científicas. Este era o grande orgulho desse povo: O seu conhecimento. Obtido diretamente da Fonte Universal, através do oráculo, o conhecimento dos Atlantes alcançava níveis fantásticos de desenvolvimento, levando-os a crer que haviam se tornado deuses. Ignorando qualquer força acima de si próprios, dirigiam-se inexoravalmente e sem o saber, para a destruição total, que os aniquilaria de tal forma que, nas eras posteriores, muitos duvidariam de sua real existência. Mas naqueles tempos, a vida aparentemente seguia seu curso, enquanto nos corações e nas mentes naqueles seres, a tremenda catástrofe tomava forma. Em princípio, formas-pensamento. As formas-pensamento que eles tão bem sabiam criar. Idéias que iam sendo energizadas psiquicamente, até que se precipitavam no plano da matéria. Eles conheciam todas as formas de energia e todas as suas maneiras de utilização. Que poder incomensurável! Sentiam-se realmente deuses!
Nos cerimoniais religiosos de culto ao saber, Smirna, a sacerdotisa do templo profetizava e orientava as pesquisas. A ciência e a religião caminhavam juntas, criando um tipo de poder sem limites: A onipotência. A ignorância em relação as Leis Supremas levava a utilização do conhecimento sem amor. Como o Oráculo respondia apenas ao que era perguntado, deixando ao livre arbítrio dos homens a escolha dos seus caminhos, o imenso orgulho conduzia ao desenvolvimento do intelecto e a atrofia do coração.
Smirna usava vestes leves, de um azul diafáno, que sopradas pelo vento, conferiam-lhe um ar de irrealidade. Com o rosto de linhas perfeitas, emoldurado pelos cabelos negros e encaracolados, erguia-se majestosa como uma estátua, no alto da escadaria do templo. A cada pergunta que lhe era dirigida, elevava os longos braços, formando o Cálice Sagrado, onde recolhia o conhecimento, trazendo-o ao peito, com a palma da mão esquerda, voltada para cima, sobrepondo-a à direita. Todo esse ritual instintivo e não compreendido, significava que deveria haver humildade e reconhecimento pela Graça Divina; pelo fruto colhido da Àrvore do Saber, o qual seria guardado com amor e utilizado com sabedoria. Mas, não havia sabedoria.
Drágon, Chefe Supremo de todo o Império, detentor do poder político das ilhas, media forças com Smirna. Parecia-lhe que, por direito masculino, cabia-lhe o reconhecimento do povo, que Smirna pouco a pouco amealhava para si, com as artes e mistérios da alma feminina. Formas-pensamento terríveis e destrutivas iam se criando em suas mentes, como negras nuvens de uma tempestade avassaladora.
Pérsia, com sua inteligência privilegiada, dirigia o Centro de Pesquisas das ilhas, propondo-se a criar novos seres. O desejo de alcançar a perfeição tornara-se mórbido e obsessivo, levando-a a sacrificar o reino animal ao culto do conhecimento, no qual inúmeras cobaias sucumbiam dolorosamente, em cada experimento. A energia saída daqueles corpos sem vida elevava-se ao Éter carregada de ódio pelo ser humano, que desrespeitava o direito a vida, tornando-se a semente geradora de várias psicopatias, no porvir da humanidade.
Eleusis, jovem discípula de Pérsia, observava com encantamento aquele reservatório de fantásticos conhecimentos, antecipando em formas-pensamento incríveis, todo o progresso científico que dali poderia advir. Assim como as mentes destes quatro pilares da estrutura social de Atlântida, centenas de mentes distorcidas e centenas de corações endurecidos contribuíam, dia a dia, noite após noite, incessantemente, para a terrível catástrofe. Atendendo á Grande Lei, essa não demorou a chegar: Certa noite, a calmaria das ilhas sucumbiu à força ensandecida de gigantescas ondas que vingaram a tortura e morte de tantos seres inocentes, imolados ao culto do saber. Smirna, ainda com suas artes e mistérios de mulher, conseguiu sair a tempo, levando consigo alguns escolhidos. Entre eles, Pérsia e Eleusis. Chegaram ao leste de um continente, a Europa, onde os seus conhecimentos deram origem a outras civilizações. Drágon, o Chefe Supremo, sucumbiu ao peso do poder, com todo o seu império, descendo às profundezas do mar revolto.
Às primeiras luzes do novo alvorecer, milhares de destroços documentaram a grande perda sofrida pela humanidade, até encontrarem seus destinos pela natural lei da destruição. Outros, alcançando os continentes, levavam consigo os horríveis insetos que haviam escapado dos laboratórios para infernizarem a vida da humanidade, através dos tempos. A tremenda notícia, levada pelos poucos que se salvaram, acabou tornando-se uma lenda dos povos antigos e, com o passar do tempo, nada mais restou. Um ciclo evolutivo havia se fechado e outro se iniciava. Milênios se passaram. Novas experiências de vida se fizeram. Como o diamante bruto que precisa ser lapidado, aqueles seres antigos rolaram pelos tempos, polindo suas faces imperfeitas.
Num obscuro ponto do planeta Terra, quatro pessoas estão reunidas. São pessoas simples, num país pobre, que em dia e horário programados, encontram-se numa pequena sala, de um pequeno prédio, para orar e meditar. Sem saber como nem porque, ligam-se por um intenso desejo de acertar; de ajudar ao próximo. São movidos por uma imensa culpa e por uma saudade indefinida de um lugar que não mais existe. Novamente um ciclo evolutivo termina e outro tem início. É tempo de despertar velhas mentes e velhos corações adormecidos pelo misericordioso véu do esquecimento, o véu de Maia, a ilusão do mundo material. Na reunião, a mais velha das quatro pessoas, diz:
_ Tenho a sensação de que vou sair do corpo, mas uma emoção me segura!
_Posso ajudá-la a fazer isto! diz a outra mulher de meia idade, enquanto o homem e a jovem acompanham, fornecendo energia para o experimento. A senhora, em estado de transe, descreve suas visões, enquanto a outra dirige o processo. A senhora continua:
_Estou subindo, subindo... Estou sobre o mar... Vejo uma cidade lá em baixo...Sinto-me emocionada... Meu peito dói!
_Solte o peito e deixe a emoção sair!
Com o coração aos saltos, a mulher fala, ansiosa:
_ Esta cidade tem um nome. Qual o nome desta cidade sob o mar? Indaga, adivinhando o nome, antecipadamente, no mais íntimo do seu ser.
_ Atlântida!, Diz a senhora com grande emoção.
_ Desça até ela. O que você vê? indaga ansiosamente a mulher.
_Vejo um grande prédio, onde se fazem experiências científicas. Sinto medo! Meus olhos doem !
_Medo de que?
_ Medo das baratas! Elas invadem tudo. Foi um erro de laboratório. Elas me perseguem!... Voam em minha direção! ...É horrível!
_ Solte o corpo e deixe o medo sair. Não tem nenhuma utilidade guardar este medo. O que quer que tenha acontecido anteriormente, não precisa repetir-se outra vez. Agora é outro momento do tempo e tudo pode ser feito de maneira diferente. Nós três também estamos aí, nessa cena?
_Sim! Ele é o chefe de todos! diz a senhora referindo-se ao homem. Ela está no laboratório comigo!, acrescenta, dirigindo-se à jovem.
_E eu! O que eu faço? Indaga a mulher temerosa.
_ Você ensina. Você dá aulas!
Mudando de assunto, a mulher indaga:
_Em que ponto do planeta está, agora, Atlântida?
_Sob o Triângulo das Bermudas forma-se uma grande espiral de energia, como um redemoinho que suga o que estiver na superfície. A atração da energia magnética de Atlântida faz com que desapareçam. Muitas coisas já desapareceram: Navios, aviões e pessoas. Tudo está sendo sugado.
_Há mais alguma coisa para você perceber na cena?
_ Não! ...Eu posso voltar!
Logo que a senhora volta ao estado de vigília, a jovem, que se mantivera silenciosa até então, ainda em estado de transe, fala:
_ Há uma mensagem: _ É necessário transmutar toda a negatividade que ficou presa na tragédia de Atlântida. Vocês, que estiveram lá, querem fazer isto?
_ Sim! Nós o faremos! compromete-se a mulher.
Dando as mãos aos outros, ela inicia, com voz firme, uma oração pela libertação de Atlântida, no que é seguida pelos companheiros. Depois a jovem retorna ao estado de vigília e eles permanecem pensativos, magnetizados pela fantástica experiência.
Na reunião seguinte, a jovem diz ao grupo:
_ Eu quero falar sobre Atlântida. Sinto-me feliz ao falar sobre isto! Sinto que precisamos estudar sobre Atlântida. E dirigindo-se à mulher, diz:
_ Você já imaginou o grande salto científico que poderemos dar, ao recuperarmos o conhecimento de Atlântida?
Como que movida por um irresistível impulso, a mulher senta-se em posição de Lótus e, presa de grande emoção, eleva os pequenos e frágeis braços para o alto, formando o Cálice Sagrado:
_ Oh!, Grande Fraternidade Cósmica! Oh!, Mestres Ascencionados e toda Hierarquia Planetária!... Mestres! Com humildade e em obediência às Leis Supremas, aqui estou novamente, como instrumento de canalização do conhecimento.
Descendo os braços em direção ao peito, ela coloca a mão esquerda, com a palma voltada para cima, apoiando-a sobre a direita. Novamente Smirna, a Sacerdotisa do Oráculo de Atlântida, em estado de transe, diz:
_ Perguntai e a resposta vos será dada!
Durante alguns minutos, um respeitoso silêncio impera no pequeno aposento, até que Drágon, agora simples e humilde, indaga:
_ Mestre, por que estou aqui, se não tenho o conhecimento?
_ Não tens o conhecimento? Todos os que estiveram em Atlântida possuem o conhecimento. Por que recusas o conhecimento? Volta a tua atenção para o teu interior e indaga o motivo pelo qual te afastas do saber, não o reconhecendo dentro de ti. Qual o risco que o conhecimento representa para ti?
Novo silêncio meditativo se faz entre eles. Depois, a jovem Eleusis, muito emocionada, pergunta:
_ Como fazer para não repetirmos os erros do passado? Como agir?
_ Não se pode tomar banho no mesmo rio duas vezes. A vida flui como um grande rio, cujas águas se renovam a cada instante. A vida não se repete. Ela cria. O universo se expande incessantemente. O universo cresce e, com ele crescem todas as criaturas. Oh!, criança! Deixa sair o medo do teu coração e aprende! Não precisas te agarrar às margens do rio da vida, prejudicando o teu crescimento. Segue o teu caminho e tem fé!
A jovem se recolhe com os seus sentimentos e o silêncio retorna, até que Pérsia, esposa e mãe dedicada, indaga:
_ Por que a AIDS e o Câncer não são curáveis agora, se já tiveram cura antes?
_ O Câncer da humanidade é o desrespeito à vida. Este é o câncer da humanidade. A AIDS da humanidade é o desamor. Amai e respeitai a vida e o Câncer e a AIDS desaparecerão. Antes, quando os homens estiveram próximos de Deus e da perfeição, as doenças não existiam. As doenças são criações do próprio homem, para o seu próprio sofrimento. São o desequilíbrio da mente humana, ao produzir formas-pensamento negativas, geradoras de doenças. O uso da força mental, de forma desordenada e inconseqüente, cria as doenças. Todo o planeta está doente, porque a mente da humanidade está doente. Limpai e transmutai toda a produção mental negativa e a saúde de todo o planeta será restabelecida, em respeito às Leis Naturais de Equilibração.
O Mestre Instrutor se afasta e Smirna retorna ao estado de vigília. Os quatro permanecem em silêncio, até que Pérsia adverte:
_ Existem outras pessoas aqui. Muitas outras. Todas elas estiveram em Atlântida. Seus inconscientes foram atraídos pelas nossas mentalizações.
Novamente os quatro elevam seus pensamentos ao Criador e aos Mestres, pedindo humildemente toda ajuda necessária para a transmutação da terrível catástrofe. Smirna fala:
_ Mestres! Que venha lá do alto toda a luz para a libertação de cada Ser prisioneiro. Que a energia dourada da Sabedoria Universal desperte cada consciência; que a energia rosa do amor incondicional flua em cada coração!
Gradativamente, eles criam formas-pensamento, expandindo aquela preciosa energia, daquele pequeno ponto para toda a cidade, para o estado, o país, o continente, finalmente envolvendo todo o planeta na vibrante energia canalizada através de suas telas mentais, como milhares de outros grupos, que reunidos em outros lugares, participam da tarefa de preparar o Órbe para a grande transformação que se aproxima.
Novo encontro acontece. Mais uma vez Smirna eleva os braços aos céus, formando o cálice sagrado e invocando o contato com a Fonte:
_ Mestres! Humildemente aqui estou, como instrumento de canalização dos infinitos conhecimento do Pai, com a consciência de que eles vêm através do meu Eu, porém não me pertencem. Durante alguns minutos, o silêncio impera no pequeno aposento. Depois, Pérsia indaga:
_ Com relação as epidemias que assolam o mundo, o que acontecerá no Brasil?
_ Quem estiver no telhado não desça: quem estiver no campo não volte à casa. Haverá um tempo em que um não poderá pedir pelo outro. Os países têm as suas missões em relação ao processo evolutivo do planeta. Este país tem a função da síntese das raças, dos credos e das ideologias, mas não existem privilégio e a Grande Lei é igual para todos. O que chamais de salvação está dentro de cada Ser.
Depois do habitual silêncio meditativo, Eleusis pergunta:
_ As questões de Atlântida deverão ser limpas individualmente ou no todo?
_ O todo e a parte são uma só coisa. O raio de sol é, ao mesmo tempo, o sol e não é o sol. A onda do mar, ao mesmo tempo, é o mar e não é o mar. Vossas mentes e vossos corações formam o Plano Mental e o Plano Emocional da Terra. Quando uma única mente vibra, toda a Terra vibra; quando um coração pulsa, toda a Terra pulsa. Assim, a parte e o todo são unos e apenas a vossa visão limitada pelo plano da matéria, vê a separatividade onde ela não existe.
Por sua vez, Drágon pergunta:
_ Dentro deste milênio, ainda serão recuperados os conhecimentos de Atlântida?
_ O que é o tempo? Onde ele começa e onde ele termina? Mais uma vez vos confundis com a relatividade da vossa percepção ilusória. Não há como se perder o conhecimento. Toda a história da Terra foi vivida pelos homens e está registrada em suas mentes. Cada Ser humano possui uma parte da história de todo o Planeta. À medida que a consciência do homem se amplia, porções da história da humanidade vêm à consciência, como um imenso quebra-cabeças que vai se completando pouco a pouco.
Novamente Eleusis indaga:
_ Smirna precisa que nós façamos estas perguntas, para resgatar as informações?
_ Enquanto ela assim acreditar!...
Compreendendo a mensagem, Eleusis acrescenta, ainda em dúvida:_ Então o Oráculo está dentro de cada um!? Então o que existe não é o Oráculo de Atlântida, mas o oráculo de cada um!?
_ Esta foi a única pergunta que não foi feita no tempo de Atlântida!...
Rio de Janeiro, 07 de junho de 1995.
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